ROGEL SAMUEL

Somente hoje soube da morte do meu amigo Warat. Um susto. Eu o conheci em casa de uma amiga comum, há muitos anos, no Rio e estive em muitas reuniões em que ele era o líder, a estrela maior. Participei de um congresso no Paraná que ele organizou sobre qual o papel do amor na ciência do Direito. O tema é inédito, mas “Só os apaixonados contestam, protestam, procuram a transformação. As paixões não cegam; elas iluminam, utopicamente, o destino do ser apaixonado. A paixão é o alimento da liberdade. Não pode, portanto, existir pragmática da singularidade humana, sem seres apaixonados que a realizem. A paixão é o que nos diferencia dos seres inanimados, que simulam viver olhando, indiferentemente, o mundo à espera da morte. Só os seres apaixonados têm condições de procurar viver em liberdade, de procurar vencer as tiranias culturais”, diz ele.

No excelente livro “O amor tomado pelo amor”, que se tornou Territórios desconhecidos (Fundação BOITEUX, 2004.Volume 1), diz Warat que há um Direito ao Amor:

“(...) O direito ao amor é um valor existencial que mais preocupação deve despertar numa futura prática política dos direitos humanos. Eles, como suporte simbólico da democracia, têm que assumir “meu desejo do outro” como instância realizativa da solidariedade. A eficácia vital dos direitos do homem são indissociáveis de uma dimensão ética, que é da ordem da ligação amorosa do desenvolvimento da palavra”. P. 324.

“ (...) Amar é fazer representação do irrepresentável. Não é possível amar se não se conta com a possibilidade de reelaboração da fantasia. Não se pode esquecer de Freud que vê a fantasia como transformadora da realidade, a ponte que permite o passo do desejo à realidade. Por isso, o amor demanda uma intricada alquimia que não deixa a fantasia perder-se em seu secreto sonho de perfeição.” P. 327.

(Citado de http://luisalbertowarat.blogspot.com.br/2008/02/amor-tomado-pelo-amor-crnicas-de-uma.html)

Eu fiquei abalado com a morte desse grande amigo e pensador original. Warat gostou de meu livro “Crítica da escrita” e das ideias de minha tese de doutorado “A reconstrução da subjetividade rebelde” de 1983, cuja pesquisa nunca cheguei a terminar e que persigo até hoje.  


 Warat tinha mais de quarenta anos de docência, pesquisador e escritor com mais de quarenta livros publicados.
    Doutor em Direito pela Universidade de Buenos Aires, Argentina; Pós-Doutor pela Universidade de Brasília, Brasil. Professor do Mestrado e Doutorado em Direito na Universidade de Brasília. Foi professor titular de Filosofia do Direito, Introdução ao Direito, Lógica e Metodologia das Ciências na Universidade de Morón e na Universidade de Belgrano em Buenos Aires; professor titular de Lógica e Metodologia de Ciências na Faculdade de Arquitetura e Engenharias da Universidade de Morón. No Brasil, foi professor titular da Universidade Federal de Santa Maria (RS); coordenador e professor de Direito da UNISUL-Tubarão (SC); professor titular de pós-graduação em Direito da UFSC; professor do Mestrado e do Doutorado em Direito na UNISINOS; professor titular de Metodologia e Arbitragem da Faculdade de Direito do Centro de Mediação da Universidade Tuiuti do Paraná; professor titular do curso de Direito,mestrado e doutorado da UnB, prpfessor hemerito da Sesuc Florianopolis; Professor titular do mestrado de UFRJ;Doutor honoris causa da Universidade Federal da Paraiba. Professor do mestrado em Direito da URI Santo Angelo Presidente da Associação Latino-americana de Mediação, Metodologia e Ensino no Direito-ALMMED.
    Áreas de atuação: Filosofia, Filosofia do direito Epistemologia, Linguistica e Teoria da argumentaçao juridica Mediação e Arbitragem, Relações Humanas e Humanização dos Operadores do Direito, Educacion juridica, Educaçao e Direitos humanos
   
    Inspirador da Cátedra Luís Alberto Warat.


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