[Maria do Rosário Pedreira]

Os nossos jornalistas da área da Cultura gostam de apanhar os políticos, especialmente os que desempenham funções governamentais, em falso. Lembro-me de que um dia perguntaram a Santana Lopes, quando era Secretário de Estado da Cultura, se lera Proust e de ele ter respondido com uma evasiva que lhe saiu muito mal, afirmando que lera mas já não se lembrava de quase nada. Proust é tido como autor difícil – e é quase sempre Em busca do Tempo Perdido que os jornalistas vão buscar para tramar os entrevistados. Mas há um outro livro dos ditos difíceis que também anda na boca de toda a gente quando se trata de entalar alguém (confesso que também nunca o consegui ler de fio a pavio). Trata-se deUlisses, de James Joyce, e há muito boa gente que acha que o autor deveria ter ganho o Prémio Nobel da Literatura por causa dele. Para espantar os papões, Gonçalo M. Tavares falará hoje mesmo dessa obra maior da literatura na Casa Fernando Pessoa, às 18h30. Quiçá não desfaz alguns mitos sobre a sua extrema dificuldade e nos convence a tomar coragem para lhe pegar pela primeira ou segunda vez...