[Maria do Rosário Pedreira]

Há livros que chamam por nós, apesar de não serem para a nossa idade. Foi o que se passou comigo recentemente com A Cantora Deitada, de Sandro William Junqueira (autor de um romance de que já aqui falei, Um Piano para Cavalos Altos); mas não por conhecer o nome do escritor de outras literaturas, antes porque a capa, que abaixo reproduzo, da grande Maria João Lima, é um assobio todo virado para quem a olha. Gosto de meias às riscas e os sapatinhos de presilha transportam-me logo para festas de infância, mas a ilustração, acredito, tem o mesmo efeito sobre quem já cresceu a usar ténis ou alpergatas. E, aberto o livro, ele está deitado, como, aliás, a protagonista, Alice, que se deita na esquina de uma cidade e desata a cantar, crente de que, se o fizer de pé, como a maioria das outras pessoas, a canção que lhe sai da garganta cairá ao chão, não podendo chegar aos ouvidos dos pássaros. O resto não posso contar, que o livro é mais ilustração do que história, mas há aqui um casamento muito feliz entre imagem e texto, qualquer coisa que, enfim, sabe chamar por nós, obrigar-nos a parar um instante e... ler. E isso, num livro para crianças, é fundamental. E, se é para crianças e os adultos gostam, cinco estrelas! Parabéns aos autores.

 

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