Tese de doutorado na Unicamp pesquisa livros de Chico Xavier:

O Caso Humberto de Campos: Autoria Literária e Mediunidade. 

Alexandre Caroli Rocha defendeu, em 4 de junho de 2008, tese de doutorado no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, em Campinas (SP). Trata-se dos livros que Chico Xavier atribuiu a Humberto de Campos e a Irmão X, passando também pelo famoso processo que a família do escritor moveu contra o médium mineiro e a Federação Espírita Brasileira para requerer direitos autorais. Abaixo (trechos) da entrevista com o autor, que já defendeu tese de mestrado em Literatura sobre a obra Parnaso de Além-Túmulo, o primeiro livro de Chico Xavier:

Folha Espírita – O que você pesquisou na tese de doutorado? 

Alexandre Caroli da Rocha – Estudei a obra de Humberto de Campos (1886-1934) e os livros que Chico Xavier (1910-2002) atribuiu a ele e a Irmão X. O objetivo foi pesquisar o problema autoral desse conjunto de livros do médium mineiro. Na tese, entre outros temas, apresentei um histórico dessa atribuição de autoria e analisei as estratégias textuais utilizadas pelo autor dos livros psicografados para se representar como Humberto de Campos após sua morte.

FE – Os especialistas chegaram a fazer uma comparação entre as obras de Humberto de Campos, escritas quando encarnado, com as que escreveu através de Chico Xavier? 

Rocha – Alguns escritores e intelectuais, especialmente em 1944, publicaram artigos a respeito de suas impressões de leitura, relacionando as duas obras. Na tese, analiso boa parte desse material. Em síntese, há duas questões envolvidas: uma é textual e outra é teórica. Uma grande parte dos comentadores achou que os textos psicografados apresentavam muitas afinidades com o que Humberto de Campos costumava escrever (fator textual). A partir desse dado, alguns arriscavam uma explicação (fator teórico) e outros diziam não saber como explicar o fenômeno. Entre as tentativas de explicação havia a kardecista (o espírito do escritor comunicou-se através do médium); a do pastiche, consciente ou inconsciente (o médium imitou Humberto de Campos); a demonista (o verdadeiro autor é o diabo); a sobrenatural (houve um milagre e o milagre não pode ser explicado). Um bom exemplo é o que passou com Agrippino Grieco, em 1939. O crítico acompanhou uma sessão espírita na qual Chico Xavier psicografou uma carta a ele dirigida e assinada por Humberto de Campos. A respeito do texto, ele declarou que parecia mesmo ser um escrito inédito do autor de Memórias, mas não sabia como explicar o fenômeno.

FE – Como ter acesso à tese? 

Rocha – Na internet, ela já está disponível na Biblioteca Digital da Unicamp, no endereço: http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000443434.

(texto acima conforme a Folha Espírita, novembro de 2008, www.folhaespirita.com.br  ).