Ler romancistas negras brasileiras

Sob quais parâmetros, sob quais reveses, podemos pensar o narrador no mundo de hoje? Este mundo, em que a História pulou da torre, rompeu a cúpula das capitanias hereditárias, desterrou os barões assinalados, olhou bem ao redor, e foi lavar acúmulos de roupa suja escondida nas camadas do subsolo? Este mundo mesmo, em que todos formulamos nossa própria dose de autoficção e metanarrativa em status e stories de redes virtuais que se propõe comunidade, arregimentando novos sentidos para o verbo compartilhar? Qual o lugar da ficção no mundo atual? No qual fake news derrubam, aprisionam e elegem chefes de Estado, e os discursos dos chefes das instituições recorrem cada vez mais a fábulas e vocabulários controlados, enquanto a ficção scricta, a ficção científica, os romances, são cada vez mais requeridos e necessários para o entendimento do tempo-espaço em que nos movemos? Quais histórias hoje nos instigam, nos explicam, quais nos conectam, nos desorganizam? Quais nos removem do lugar e nos permitem experiências de outros centros, outras sensibilidades? Qual é o lugar do romance em um mundo em que, acima de (quase) tudo, disputamos narrativas, significados?

Leia na íntegra artigo de Fernanda Fernanda Miranda, publicado no Suplemento Pernambuco de junho de 2019.