[Fávio Bittencourt]
Lançamento de dois livros póstumos do Professor Elmo da Silva Amador
Na Fundição Progresso, Lapa, Rio: 2.9.2013, próxima segunda-feira, às 18 horas.
"(...) Na Mitologia Grega, os Gigantes são os filhos dos Titãs, e aparecem como vilões e também ajudantes, alguns provocavam desastres quando se enfiavam de baixo da terra, causando terremotos ou erupções de vulcões.
No folclore de toda a Europa, os Gigantes são tidos como a civilização anterior aos humanos, por que nada mais poderia explicar as grandes construções de monumentos enormes como Stonehenge ou os Moais da Ilha de Páscoa.
Contos de fadas como João e o Pé de Feijão formaram a percepção moderna sobre os Gigantes.
Lenda do Gigante de Pedra:
No Brasil, existe a lenda do Gigante de Pedra do Rio de Janeiro. Quem chega no Rio de Janeiro, pelo mar, vê que as serras que cercam a baía de Guanabara, tem a impressão que elas formam um enorme vulto de um homem deitado, percebendo-se perfeitamente a cabeça, peito e pernas.
A lenda diz que o corpo do gigante de pedra que guardava a Guanabara e por ter assassinado uma mulher foi transformado em pedra por Deus. Os pescadores contavam que o Gigante de Pedra, às vezes se levanta para passear e para isso, chama as nuvens e cobre os morros para ninguém notar sua ausência."
(http://misteriosfantasticos.blogspot.com.br/2010/12/gigantes.html)
(http://misteriosfantasticos.blogspot.com.br/2010/12/gigantes.html)
"O Gigante de Pedra é uma imagem que se observa na entrada da Baía de Guanabara, com o conjunto de monumentos naturais, que lembra uma enorme criatura hunana em decúbito dorsal"
(ELMO DA SILVA AMADOR, Baía de Guanabara e Ecossistemas Periféricos: Homem e Natureza
Rio de Janeiro/RJ: E. S. Amador, 1997, p. 5)
O GIGANTE DE PEDRA
Gonçalves Dias
I
Gigante orgulhoso, de fero semblante,
Num leito de pedra lá jaz a dormir!
Em duro granito repousa o gigante,
Que os raios somente puderam fundir.
Dormido atalaia no serro empinado
Devera cuidoso, sanhudo velar;
O raio passando o deixou fulminado,
E à aurora, que surge, não há de acordar!
Co'os braços no peito cruzados nervosos,
Mais alto que as nuvens, os céus a encarar,
Seu corpo se estende por montes fragosos,
Seus pés sobranceiros se elevam do mar!
De lavas ardentes seus membros fundidos
Avultam imensos: só Deus poderá
Rebelde lançá-lo dos montes erguidos,
Curvados ao peso, que sobre lhe 'stá.
E o céu, e as estrelas e os astros fulgentes
São velas, são tochas, são vivos brandões,
E o branco sudário são névoas algentes,
E o crepe, que o cobre, são negros bulcões.
Da noite, que surge, no manto fagueiro
Quis Deus que se erguesse, de junto a seus pés,
A cruz sempre viva do sol no cruzeiro,
Deitada nos braços do eterno Moisés.
Perfumam-no odores que as flores exalam,
Bafejam-no carmes de um hino de amor
Dos homens, dos brutos, das nuvens que estalam,
Dos ventos que rugem, do mar em furor.
E lá na montanha, deitado dormido
Campeia o gigante, — nem pode acordar!
Cruzados os braços de ferro fundido,
A fronte nas nuvens, os pés sobre o mar!
II
Banha o sol os horizontes,
Trepa os castelos dos céus,
Aclara serras e fontes,
Vigia os domínios seus:
Já descai p'ra o ocidente,
E em globo de fogo ardente
Vai-se no mar esconder;
E lá campeia o gigante,
Sem destorcer o semblante,
Imóvel, mudo, a jazer!
Vem a noite após o dia,
Vem o silêncio, o frescor,
E a brisa leve e macia,
Que lhe suspira ao redor;
E da noite entre os negrores,
Das estrelas os fulgores
Brilham na face do mar:
Brilha a lua cintilante,
E sempre mudo o gigante,
Imóvel, sem acordar!
Depois outro sol desponta,
E outra noite também,
Outra lua que aos céus monta,
Outro sol que após lhe vem:
Após um dia outro dia,
Noite após noite sombria,
Após a luz o bulcão,
E sempre o duro gigante,
Imóvel, mudo, constante
Na calma e na cerração!
Corre o tempo fugidio,
Vem das águas a estação,
Após ela o quente estio;
E na calma do verão
Crescem folhas, vingam flores,
Entre galas e verdores
Sazonam-se frutos mil;
Cobrem-se os prados de relva,
Murmura o vento na selva,
Azulam-se os céus de anil!
Tornam prados a despir-se,
Tornam flores a murchar,
Tornam de novo a vestir-se,
Tornam depois a secar;
E como gota filtrada
De uma abóbada escavada
Sempre, incessante a cair,
Tombam as horas e os dias,
Como fantasmas, sombrias,
Nos abismos do porvir!
E no féretro de montes
Inconcusso, imóvel, fito,
Escurece os horizontes
O gigante de granito.
Com soberba indiferença
Sente extinta a antiga crença
Dos Tamoios, dos Pajés;
Nem vê que duras desgraças,
Que lutas de novas raças
Se lhe atropelam aos pés!
III
E lá na montanha deitado dormido
Campeia o gigante! — nem pode acordar!
Cruzados os braços de ferro fundido,
A fronte nas nuvens, e os pés sobre o mar!...
IV
Viu primeiro os íncolas
Robustos, das florestas,
Batendo os arcos rígidos,
Traçando homéreas festas,
À luz dos fogos rútilos,
Aos sons do murmuré!
E em Guanabara esplêndida
As danças dos guerreiros,
E o guau cadente e vário
Dos moços prazenteiros,
E os cantos da vitória
Tangidos no boré.
E das igaras côncavas
A frota aparelhada,
Vistosa e formosíssima
Cortando a undosa estrada,
Sabendo, mas que frágeis,
Os ventos contrastar:
E a caça leda e rápida
Por serras, por devesas,
E os cantos da janúbia
Junto às lenhas acesas,
Quando o tapuia mísero
Seus feitos vai narrar!
E o germe da discórdia
Crescendo em duras brigas,
Ceifando os brios rústicos
Das tribos sempre amigas,
— Tamoi a raça antígua,
Feroz Tupinambá.
Lá vai a gente impróvida,
Nação vencida, imbele,
Buscando as matas ínvias,
Donde outra tribo a expele;
Jaz o pajé sem glória,
Sem glória o maracá.
Depois em naus flamívomas
Um troço ardido e forte,
Cobrindo os campos úmidos
De fumo, e sangue, e morte,
Traz dos reparos hórridos
D'altíssimo pavês:
E do sangrento pélago
Em míseras ruínas
Surgir galhardas, límpidas
As portuguesas quinas,
Murchos os lises cândidos
Do impróvido gaulês!
V
Mudaram-se os tempos e a face da terra,
Cidades alastram o antigo paul;
Mas inda o gigante, que dorme na serra,
Se abraça ao imenso cruzeiro do sul.
Nas duras montanhas os membros gelados,
Talhados a golpes de ignoto buril,
Descansa, ó gigante, que encerras os fados,
Que os términos guardas do vasto Brasil.
Porém se algum dia fortuna inconstante
Puder-nos a crença e a pátria acabar,
Arroja-te às ondas, o duro gigante,
Inunda estes montes, desloca este mar!
(http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/goncalves-dias/gigante-e-a-pedra.php)
Foto divulgação Ministério do Turismo
Baía recebe 80 toneladas de lixo flutuante por dia
[19.6.2008] As cinco ecobarreiras e os três barcos usados para tentar conter o lixo flutuante da Baía de Guanabara (RJ) retiram da água, com esforço, cerca de sete toneladas de resíduos por dia.
Mas, diante da imensidão de plásticos, garrafas PET, sofás e geladeiras velhas, as iniciativas da Secretaria estadual do Ambiente se comparam a pano que enxuga gelo.
De acordo com o geógrafo Elmo Amador, o volume médio de lixo flutuante expelido pelos rios que desembocam na Baía é de 80 toneladas por dia.
O geógrafo alerta sobre os resíduos que já afundaram e, atualmente, cobrem o fundo da baía: "São pelo menos 20 quilômetros quadrados de fundo completamente perdido, revestido com plástico e outros materiais, a ponto de não existir mais peixe" - O Globo, 19/8, Rio, p.17. Fonte: Manchetes Sociambientais -ISA".
(http://projectointeligencia.blogspot.com/)
"(...) [- Elmo,] Toma conta de nós, meu amigo... (...)"
(SHEILA MOURA, no blog O GRITO DO BICHO,
http://ogritodobicho.blogspot.com/2010/07/elmo-amador-um-ambientalista-que-tive_02.html;
a mensagem completa encontra-se transcrita, também,
no fim do seguinte link:
http://www.portalentretextos.com.br/colunas/recontando-estorias-do-dominio-publico/obituario-elmo-da-silva-amador-aos-66-anos-defensor-da-baia-de-guanabara,236,4326.html)
BRASÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, com
dois golfinhos [tursiops truncatus, cetáceos
pertencentes à família Delphinidae], que fazem
evocar um tempo maravilhoso em que esses
mamíferos aquáticos inteligentes, alegres e
brincalhões viviam em paz, na infelizmente hoje
muito poluída Baía de Guanabara
(http://rafaeloliveira-rj.blogspot.com/)
(http://www.imagensporfavor.com/tag/1/baleia+e+nome+cientifico.htm)
29.8.2013 - F.
"Lançamento de livros sobre símbolo do Rio de Janeiro: a Baía de Guanabara.
O Mercado Fundição se orgulha em abrigar uma legião de amigos
talentosos que, unidos à família do querido Professor Elmo Amador,
irão prestar uma homenagem póstuma ao Mestre e ativista ambiental que
nos deixou um legado de realizações fundamentais para conservação e
preservação naturais, incluindo o ecossistema da Baía de Guanabara,
com a criação da Área de Proteção Ambiental de Guapimirim e a Estação
Ecológica Guanabara, onde a Baía é original.
Inspirados pela firmeza, delicadeza e ética com as quais Elmo conduzia
seu trabalho, almejamos ser esta uma semente trazida para a Fundição,
na interação e difusão de ações ambientais.
A programação é leve e de surpreendente qualidade artística, toda
integrada e sintonizada à homenagem, à Baía e ao ativismo. E prá
finalizar tem o lançamento da banda BOM DE CÂMARA, pop e regional.
Garantia de alegria e festa!
Compartilhe e compareça !!!"
"Editora Interciência lança, em dois volumes, livro sobre símbolo do Rio de Janeiro: a Baía de Guanabara.
Dezesseis anos após a publicação do livro original “Baía de Guanabara e Ecossistemas periféricos – Homem e Natureza” estão sendo lançados, em dois volumes, em versão revisada, ampliada e atualizada os livros: “Bacia da Baía de Guanabara: Características Geoambientais, Formação e Ecossistemas” e “Baía de Guanabara: ocupação histórica e avaliação ambiental”.
Memória viva de Elmo Amador, os livros são um grande legado deixado pelo ponto de vista geológico-ambiental sobre a sua grande paixão: a Baía de Guanabara. Retomando estudos pioneiros de Hartt (1870), Backheuser (1918), Ruellan (1944) e Lamego (1948), o autor construiu a obra baseada em pesquisas realizadas desde o final da década de 1960. No início da década de 1970, as praias fósseis da Baía de Guanabara foram objetos de análise por Elmo Amador. No ano de 1975, o autor realizou estudos sobre os sedimentos no fundo da bacia, revelando uma relação nas taxas de assoreamentos com ações antrópicas. Devido a essa descoberta, tornou-se impossível entender o quadro ambiental sem uma pesquisa da ocupação histórica. Em 1997 o autor defendeu sua tese de doutorado sobre a Baía de Guanabara na Geografia da UFRJ.
Os livros objetivam a integração, a sistematização e a atualização desses estudos que vêm sendo produzidos na Bacia contribuinte da Baía de Guanabara. Visam retomar a visão holística em um esforço de horizontalização e a tentativa de resgate da abordagem geográfica global. A Baía de Guanabara foi escolhida como objeto de estudos por ser emblemática e uma genuína representante dos frágeis e produtivos ecossistemas costeiros tropicais que foram submetidos a uma rápida degradação ambiental e social.
Autor:
Elmo da Silva Amador nasceu em 22/08/1943 em Itajaí-SC, e morou no Rio de Janeiro desde 1950. Geógrafo, Mestre e Doutor em Ciências pela UFRJ. Professor do IGEO - UFRJ, onde atuou na graduação e pós-graduação dos cursos de Geografia e Geologia. Ocupou diversos cargos públicos, entre os quais: Diretor do Instituto de Geociências da UFRJ; Diretor da FEEMA, Vice-Diretor da ADUFRJ; e Vice-Presidente da AGB-RJ. Também chefiou o Laboratório de Sedimentologia da Geologia UFRJ onde desenvolveu pesquisas desde 70, relacionadas à Geologia do Quaternário, Baía de Guanabara, ambientes costeiros e meio ambiente.
Como resultado de suas pesquisas e militância política-ambiental foram obtidas importantes vitórias para a Baía de Guanabara, entre as quais: a Criação da APA de Guapimirim; inclusão da Baía de Guanabara na Constituição Estadual como APP de Relevante Interesse Ecológico; declaração da Baía de Guanabara como Patrimônio da Humanidade na Rio-92; tombamento da orla de Botafogo e inclusão do assoreamento como problema ambiental da baía. Elmo Amador faleceu em 30 de junho de 2010 no Rio de Janeiro."
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(http://rafaeloliveira-rj.blogspot.com/)