"Quando Karl Marx disse que tudo o que é sólido desmancha no ar não se referia a aviões. Foi a metáfora mais feliz para definir ideologias, formas de governos e modos de produção que nasceram, vingaram e ruíram, como num ciclo de vida e morte quase natural. Imaginava que o capitalismo teria o mesmo fim, não derrotado por outro modelo – um antagonista econômico, mas findado por ele próprio.
Há subsídios, atualmente, indicando que o capitalismo tem forças não só para derrotar a si mesmo, como ao planeta inteiro. Como isso vai se suceder não tenho a mínima idéia, pode ser que o desmanche venha muito mais tarde do que se pensa. A minha falta de convicção na aposta marxista ainda para o século XXI me impede de fincar conjeturas às cegas. Facilitando: não tem fome na África, aquecimento global, cataclismas que me deixem minimamente desconfiada do fim do time is money social club. A moda, por exemplo, está lançando maneiras politicamente corretas de consumo, que não passam de desculpas para o consumo em si – é o caso daquele colar de fiapo de algodão biodegradável fabricado pelas rendeiras do Suriname que custa uma fortuna ou da bolsa de couro de milho ambientalmente certificado por apenas trinta e quatro instituições de proteção ao frio polar – tudo muito chique. (...)"
"NO OFICINA, NO OPINIÃO E EM VÁRIAS OUTRAS COMPANHIAS
DE TEATRO DO BRASIL SÓ TRABALHARAM PESSOAS HONESTAS,
FELIZMENTE (a associação de ideias aqui tornada pública deve-se
exclusivamente à coincidência do termo 'PEQUENOS' em
'PEQUENOS BURGUESES' e 'PEQUENOS LARÁPIOS', sendo que,
como é do conhecimento geral, há milhões - talvez bilhões, hoje
(se o significado do termo PEQUENO BURGUÊS foi ampliado de
PEQUENO COMERCIANTE a PESSOA DA ASSIM CHAMADA
CLASSE MÉDIA) - de PEQUENOS BURGUESES QUE NÃO SÃO
BANDIDOS,nem pequenos, nem médios, nem grandes, nem
imensos (os megabandidos)!"
(COLUNA "Recontando...", acrescentando-se que uma explicação
como essa é um tanto acaciana [REDUNDANTE, OCIOSA, PERNÓSTICA ATÉ]
para quem conhece o formato deste espaço democrático de discussões culturais
não-fundamentalistas, mas muitas pessoas - dos continentes da Terra - que acessam
pela primeira vez o portal Entretextos poderiam pensar que aqui se entende
que PEQUENOS BURGUESES são PEQUENOS LARÁPIOS, quando uma porcentagem
pequena (também pequena...) de PEQUENOS BURGUESES é amiga dos bens alheios,
porque a maioria desses trabalhadores honestos produz muito - com retidão de caráter,
competência profissional e até mesmo lhaneza no trato com os seus bilhões
de compradores-clientes e grandes, médios ou pequenos empreendedores que
são os seus fornecedores e eventuais prestadores de serviços.)
"Em 4 de abril de 1964, ‘Pequenos burgueses’ de Maximo Goki estava em cartaz no teatro Oficina, em São Paulo. O anúncio trazia os elogios dos críticos à peça que ganhou os prêmios Saci e Governador do Estado de melhor espetáculo paulista do ano de 1963."
24.8.2012 - Brasília: para furtar o dinheiro do caixa do restaurante da Casa do Povo, ladrões invadiram, em 23.8.2012, o prédio do Congresso Nacional - Assim como existem burgueses pequenos, existem pequenos larápios (*risos*). F. A. L. Bittencourt ([email protected])
Grupo carioca que centraliza, nos anos 1960, o teatro de protesto e de resistência, núcleo de estudos e difusão da dramaturgia nacional e popular.
Imediatamente após o golpe militar de 1964, um grupo de artistas ligados ao Centro Popular de Cultura da UNE - CPC (posto na ilegalidade) reúne-se com o intuito de criar um foco de resistência à situação. É então produzido o show musical Opinião, com Zé Kéti, João do Vale e Nara Leão (depois substituída por Maria Bethânia), cabendo a direção a Augusto Boal, do Teatro de Arena paulistano. A iniciativa conhece o sucesso instantâneo, que contagia diversos outros setores artísticos (uma exposição de artes plásticas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, denominada Opinião 65, surge em decorrência), e aglutina artistas dispersos ligados aos movimentos de arte popular. O show se apresenta no Rio de Janeiro, estreando em 11 de dezembro de 1964, e marca o nascimento do grupo, que virá a se chamar Opinião.
Oficialmente estruturado como empresa em 1966 por Ferreira Gullar, Oduvaldo Vianna Filho, Teresa Aragão, Paulo Pontes, Pichin Plá, João das Neves, Armando Costa e Denoy de Oliveira, o Opinião lança Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come, de Ferreira Gullar e Oduvaldo Vianna Filho. Espetáculo farsesco e irreverente, baseado na tradicional cultura nordestina, tem direção de Gianni Ratto e conta no elenco, entre outros, com Agildo Ribeiro, Odete Lara, Oswaldo Loureiro, Jofre Soares e Marieta Severo. Enfoca a luta de classes enfatizando a fraqueza ética de todas elas.
Desde sua fundação, o Opinião privilegia a arte popular e abre espaço para shows com compositores das escolas de samba cariocas, influindo não apenas na a mudança de gosto do público como, facilitando a disseminação da cultura periférica nos grandes centros de divulgação cultural. Assembléias, reuniões e demais manifestações de protesto da categoria teatral faziam do Opinião seu epicentro, nos primeiros anos após o golpe militar.
A montagem seguinte, A Saída? Onde Fica a Saída?, uma adaptação de Frederick Cock, em 1967, trata da guerra do Vietnã. O diretor João das Neves emprega o esquema Sistema Coringa, criado pelo Teatro de Arena, para colocar em cena as perplexidades e expectativas criadas frente ao conflito no Extremo Oriente. Célia Helena e Oduvaldo Vianna Filho destacam-se no elenco.
Entre 1966 e 1967, o grupo dedica-se a um seminário interno de dramaturgia, na tentativa de encontrar novos modelos dramatúrgicos para flagrar a nova realidade instaurada pelo regime militar. Nele, são discutidas obras como Moço em Estado de Sítio, de Oduvaldo Vianna Filho, Dr. Getúlio, Sua Vida e Sua Glória, de Ferreira Gullar e Dias Gomes e O Último Carro, de João das Neves, montadas posteriormente em contextos diversos.
Em 1967, ocorrem desentendimentos internos e Vianinha e Paulo Pontes desligam-se do grupo, para fundar o Teatro do Autor; aos poucos outros integrantes vão igualmente se afastando.
Os quatro anos de fundação são comemorados, em 1968, com uma discreta montagem de Antígone, de Sófocles, por iniciativa de João das Neves.
Com o esfacelamento do coletivo de artistas, em 1969, resta a sala de espetáculos, que passa a ser alugada para produções independentes e shows musicais. Em 1970, ocorre um Concurso de Dramaturgia, vencido por Aldomar Conrado com O Sol sob o Pântano, montada no ano seguinte. Leituras dramáticas e novos shows musicais, com destaque para Milton Nascimento e MPB-4, ocupam a sala, para arrecadar fundos e mantê-la em funcionamento. Se Eu Tivesse Meu Mundo, um show-espetáculo de Sérgio Ricardo, é montado por João das Neves, em 1973.
Essa precária sobrevivência mantém-se até 1976, quando novamente João das Neves, com uma surpreendente cenografia de Germano Blum e trilha sonora de Rufo Herrera, monta seu texto O Último Carro.
Após grande sucesso no Rio de Janeiro, a montagem é levada para a 14ª Bienal Internacional de São Paulo, onde repete o êxito carioca e recebe o Grande Prêmio da Bienal, em 1977. Para a encenação são construídas réplicas de quatro vagões de trens, colocadas uma em cada parede, a platéia é acomodada no espaço vazio formado no centro. É possível assim acompanhar a ação, muitas vezes simultânea nos quatro vagões, que reúne uma grande quantidade de personagens pobres, anônimos, sofridos, embarcados na composição que perde o maquinista e ruma, sem esperança, para algum incógnito destino.
João das Neves viaja para a Alemanha, onde desenvolve projetos ligados a peças radiofônicas e novos formatos dramatúrgicos. Já no Brasil, após uma ampla pesquisa junto a populações carentes reúne o material e dá-lhe forma cênica, em Mural Mulher, em 1979. As atividades tornam-se, nos anos seguintes, cada vez mais esporádicas. O diretor, último remanescente dos fundadores do Opinião, desfaz-se do teatro em 1983.
Em seus melhores momentos, o Opinião não apenas centraliza a generalizada indignação da classe artística contra a Censura e a ditadura mas também luta, com os meios disponíveis, para implantar uma nova consciência cênica brasileira, apoiando a dramaturgia que enfoca as classes populares e suas condições de existência.
O Teatro Oficina distinguiu-se por ter sido local de grande parte da experiência cênica internacional, que reuniu de Brecht, Sartre ao Living Theatre. Foi neste lugar que foi lançado um dos importantes manifestos da cultura brasileira, o Tropicalismo, versão na década de sessenta do movimento antropofágico de Oswald de Andrade. Este influenciou músicos, poetas e outros artistas. O Rei da Vela, em 1967, atuada por outro importante elemento desta companhia, Oficina, Renato Borghi, junto com Itala Nandi e Fernando Peixoto. Segundo Renato Borghi "A dramaturgia bombástica me fazia sentir atuando dentro da raiz e da alma brasileira; nesta peça, o Oswald falava do Brasil de uma forma antropofágica, devorando o que gente tinha de bom e de péssimo. O Oswald pegou o Brasil por todos os lados, devorou-o e depois o cuspiu no palco. E eu assinei em baixo, com sangue, suor e lágrimas...".
Incêndio
Houve um incêndio no Teatro Oficina, em 31 de maio de 1966. Depois desse episódio o espaço cênico mudou. Antes era chamado de sanduíche: um palco, com platéia de um lado e do outro. Depois torna-se um palco italiano, com uma roda giratória grande. O Rei da Vela foi o primeiro espetáculo que estreou no novo espaço (Balbi, Marilia. Depoimento: Fernando Peixoto: Em Cena Aberta]. Onde a o palco giratório desempenhou um grande papel na encenação. Seu formato foi finalmente transformado na decada de 1990 onde foi transformado em um espaço passagem, como se fosse uma rua com a platéia dos dois lados, em duas fileiras de cadeiras, em andares.
Este novo Oficina foi tombado pelo Condephaat em 1982, e foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, italiana radicada brasileira, transformando-o em um teatro-pista, com parede de vidro em um dos lados, teto (retratil), sendo sua arquitetura vencedora da Bienal de Praga em 1999. A mesma arquiteta desenhou dois edifícios emblemáticos na cidade de São Paulo. O famoso prédio do MASP - Museu de Arte de São Paulo, um edifício que parece flutuar no ar, devido seu imenso vão livre e o SESC Fábrica da Pompéia, onde buracos nas paredes nos andares superiores, e passarelas interligando andares, tentam amenizar qualquer sensação de claustrofobia que um edifício numa cidade como São Paulo pode causar.
Atualmente, o maior projeto de Zé Celso é construir um Teatro de Estádio no Bairro do Bixiga em São Paulo, onde também estaria funcionando uma escola para as crianças e moradores do bairro, realizando o antigo vislumbre da Ágora.
Os Sertões
O Grupo tem uma trajetória que ultrapassa os limites estéticos, passando por várias formas de interpretação, gestão e arquitetura. Uma das últimas montagens do Oficina foi a adaptação de "Os Sertões", de Euclides da Cunha, para o palco, que recriou a Guerra de Canudos (1896-1897) e apresentada como está no livro, em 3 partes: a Terra, o Homem (I e II) e a Luta (I e II). A peça foi apresentada no Festival de Teatro de Recklinghausen, na Alemanha, e na Volksbühne de Berlim. A saga sertaneja iniciada em 2001, em toda a sua extensão tem 25 horas de encenação, em um dos projetos mais ousados das artes cênicas mundiais.
A montagem da obra de Euclides da Cunha faz referência à resistência do grupo contra o projeto de construção de um shopping center, nos arredores do teatro Oficina, pelo Grupo Silvio Santos. Além de, em todas as peças, fazer uma ponte ironica entre a guerra de Canudos e os acontecimentos do momento, como o Papa Bento XVI, a invasão do Iraque, o mensalão e os ataques do PCC.
Sua última montagem, em 2008, foi "Os Bandidos", baseado na obra "Die Räuber" de Schiller e também abordava a resistência do grupo contra o grupo Silvio Santos.
É porque ninguém comemora, ou se comemora o faz em segredo, mas ninguém que eu conheço reclama do final do Regime Militar. Tem gente que reclama do final da Era Vargas, sente falta e tudo o mais, mas do final da Era Médici & Cia., …. acho que ninguém se atreve, ainda tá muito recente, sei lá. Só que a saudade existe sim, no fundo, é algo que ninguém põe pra fora, desde que a democracia virou o primeiro mandamento da pós-modernidade: I – Independente da legenda, serás democrata com o próximo assim como gostaria que fossem contigo.
Mudando de assunto rapidamente: o orkut – estou indecisa sobre a migração para o facebook tanto quanto a minha avó custou a migrar do telefone fixo para o celular, ou pelo menos, começar a conciliá-los – eu duvido um pouco dos benefícios do facebook, e pra te falar a verdade já tenho perfil lá, mas não criei o hábito, eu tenho medo do que o facebook pode fazer comigo. Ele pode me obrigar a dizer coisas, sequestrar minha família, me prender numa caixa apertada de apenas 18 polegadas, exilar, até dar me dar um sumiço. E já que falávamos do Regime Militar, tem uma comunidade no orkut que se chama “Saudades do AI-5 e do Médice”, de criação (?) ou pelo menos colaboração, de um caixeiro viajante que conheço, gente boa. A comunidade satiriza o momento em que enfim a classe média achou por bem aprovar certas governanças, entre outras coisas, para amenizar o problema da crescente pobreza nas cidades e nos campos. Estava começando a incomodar essa formação de classe operária urbana e movimento social no campo. É diferente do orkut, quando os pobres descobrem o mundo das redes sociais e começam a colonizar a parada, a classe média, sem ter como colaborar com procedimentos administrativos para desinfetar as comunidades e outros serviços, se mudam para o facebook, complexo, restrito, cheio de informações e cortes de outros aplicativos, antipático por natureza.
Com o território nacional, espaço físico, essa separação seria meio complicada, então entram os dispositivos de controle que você-conhece-e-confia, aqueles, lembra? E digo mais, eles podem voltar a qualquer momento, porque não há democrata que não se transforme ao menor sinal de descontrole ou indisciplina com relação à segurança nacional, leia-se o perigo de classes. Hoje eles se disfarçam de auditores ou se resumem a mecanismos de fiscalização. Em tempo, enquanto escrevia este texto fui interrompida 3 vezes pelas crianças que moram comigo, os meus filhos. Levantei e comecei a discursar pelo fim do barulho, e no final, ficou todo mundo de castigo, menos eu. É por isso que essa tendência de centralizar questões e por fim no diálogo com a plebe para iniciar o controle coercitivo já entrou na nossa memória genética e não quer mais sair. Estou tentando me concentrar para achar uma frase legal com a qual encerro minha ridícula participação neste blog, tão esquecido por mim quanto as lições de Educação Moral e Cívica.
“Um das funções primárias de qualquer governo é o de organizar os homens pela força, torná-los mais parecidos entre si e dependentes uns dos outros, além de detectar e combater qualquer vestígio de originalidade.” – Mencken, em 1919.