CUNHA E SILVA FILHO
 
 
 
           Não pense o leitor que  o mundo se inquieta só com o que  esses três  dirigentes de países diferentes e com  problemas  internos e externos  diferentes. O primeiro, um ditador  a quem se atribui ter mandado matar o próprio irmão. O segundo,  um presidente de uma nação-chave  para a geopolítica  mundial Se não incorro em  erro,  Donald Trump,   desde a campanha  à  presidência, tem  dividido  os americanos, sobretudo com  o emprego  frequente de  afirmações  com traços de pós-verdades que só perturbam  a opinião pública  dos EUA, quer dizer,   desunindo os americanos,   pensando que esteja agindo assim  pelo bem do povo.   Ledo engano. Pelo contrário,  o que anda fazendo e o que pretende fazer  dividirá ainda mais  a nação.   O terceiro, um candidato forte a se transformar em ditador, se é que já não o era com todas as malvadezas que tem feito  indo de encontro as leis do seu país e conduzindo-o com mão de ferro, enfeixando nas mãos, na prática,  todos os três poderes, garroteando  a liberdade de  imprensa e castigando  quem se lhe oponha às determinações e vontades  com prisão,   torturas  e o que mais for possível de  violência policial. Façamos algumas reflexões gerais sobre cada um deles.
   
             Já se disse que Kim-jon-un não deseja  partir  para o confronto  bélico com os Estados Unidos, mas  chamar a tenção dos americanos   a fim de  que que  tenham   outro olhar  para seu país e o seu governo. Só estaria mesmo  interessado no respeito  que possa  merecer dos americanos. Deseja ter a certeza de que é uma nação forte e soberana, com possiblidades de  dispor de  armas nucleares. Seus testes nucleares   com  poder de atingir  os EUA é um recado que dá ao atual presidente americano, Donald Trump. Essa seria um  análise  especulativa  mas não o bastante  para que se  possas inferir o que  o gordinho com cara de  adolescente   que aminha  um tanto  mancando.
         Quanto ao presidente Donald Trump, da mesma  maneira  ainda se mostra um esfinge  de um homem  sem  experiência  política e  tendo só atuado  no mundo dos negócios  e nos meios  de comunicação televisiva que, por isso mesmo, desenvolve mais seus talentos no espaço  borbulhante da aparência,  do simulacro e dos efeitos cênicos  e retóricos. Sua própria campanha, sua vitória  meio enevoada  e  pouco transparente no resultado    das eleições, sobretudo tendo em vista  interferências   do governo russo,  segundo a imprensa  tanto   divulgou, país  com o qual os Estados Unidos  nunca teve  tampouco  relações  tão mais próximas e amistosas,  nos deixa um pouco  com o pé atrás.
       Contudo, não é somente isso  que  anuvia   essa figura   polêmica  e com  ares de  bravatas que, a meu ver,  não bem combina  com  a postura  de um líder   que possa ser levado a sério pela sociedade  americana. Sisudo aparentemente,  esse milionário  na presidência ainda trouxe outros  ingredientes pouco  assimilados por um povo  que se constituiu  de um melting pot, de um país de imigrantes, ele próprio descendente de alemães.  
     Um desses ingredientes  é  o nacionalismo, o querer os EUA só para os americanos, como a sinalizar que o pais  não seria bem receptivo  ao estrangeiro,  à mistura de  línguas ouvidas  em  partes do  território americano, nas colônias estrangeiras,  onde se ouve um multiplicidade de  idiomas, sobretudo o espanhol. Esquece Trump que, segundo  assinalei,  ele mesmo  não é de ascendência americana, o que torna  a sua  suposta  postura  anti-imigrante  umacontradictio in terminis.   
     Sua plataforma de campanha, de início, já se tornava  antipática e inconsequente, com a ideia de construir  uma barreira de isolamento  com o vizinho México, através de uma construção de uma muralha, à semelhança  de outras muralhas  de sombrias memórias.   Novamente, seu   proclamado nacionalismo   já está provocando   tumultos  entre os americanos, como recentemente  se deu na cidade Charlotteville, estado de Virgina(EUA),   onde movimentos racistas   e nazistas  reaparecem  mais abertamente exemplificados nos atos  de violência  da  Ku Klux Klan– espécie de seita diabólica formada de brancos racistas, retrógrada,  que deveria ser  alijada de vez  da geografia  estadunidense – vergonha  para os americanos  que  respeitam a democracia  e os direitos  civis do país.  Essa excrescência   nazifascista    repugna à  consciência  dos povos livres  num mundo globalizado. 
  Ao invés da bandeira nacionalista  “A América para os americanos,” apregoada por Trump em suas  campanhas   cheias de  fanfarronices e gafes  espetaculares e no mau sentido,  Trump deveria era dar continuidade  ao espirito e mentalidades  avançadas  daqueles ilustres  ex-presidentes americanos  que deixaram sua marca  de estadistas,  à frente  George Washington,  Abraham  Lincoln, Franklin Delano Roosevelt,  apenas  para mencionar três  líderes de envergadura moral e cívica.  Infelizmente,  estamos no mundo  órfãos de grandes homens que sirvam ao bem-estar de seus países. São poucas as exceções.
     Por último, a figura  sombria do bigodudo  Nicolás Maduro  que,  herdeiro do seu antecessor, Hugo Chávez, ainda se comportou muito pior como chefe  de governo. Sem estar preparado  para ser um presidente, Maduro tem se  destacado  pelos males que trouxe ao seu mandato  presidencial. Até entendo em parte que  não goste do que ele insiste em chamar de  “imperialismo  americano.” No entanto,  o que tem  praticado  internamente  é bastante  para  que esteja sendo  isolado  dos  da maioria do seus países vizinhos, inclusive do Brasil. 
    Sua grande falha foi   desejar  governar   excluindo  condições  que  permitam que um país  se sustente minimamente,  que é a liberdade  de imprensa,  o respeito  às divergências,   o respeito aos princípios democráticos, à Constituição  do país. Incompetente para  superar os  entraves  da economia  venezuelana, mesmo  tendo  a seu favor  um país  riquíssimo em petróleo, Maduro  perdeu o controle  da sua administração e passou  a compensar suas falhas  e inoperâncias  praticando  atos  lesivos  às normas democráticas.
    Realizou  eleições fraudulentas, como a última, que lhe dará  poderes ainda mais   discricionários. Ou seja,  na prática,  está governando  como    ditador num país em que o Congresso  não tem mais  voz  da oposição, em que o Judiciário  se transformou  numa marionete do seu governo e em que as forças armadas se transformaram  em verdugos  da sociedade  que, em grande parte,  lhe  é adversária e não o quer  mais no poder.
   O plebiscito  realizado pela  sociedade o reprovou como governante. Realizou uma Constituinte  fraudada com o objetivo de o manter no poder no qual  a estrutura do Estado  se tornou, assim,  um simulacro,  com juízes   submissos  ao seu absolutismo. Desrespeitou até os princípios do  líder e herói  Simon Bolívar, um herói nacional da liberdade dos povos. O governo de Maduro  não passa agora de uma  contrafação, um engodo.
    O Mercosul, do qual  fazia parte, lhe fechou as portas. Os organismos  internacionais não o reconhecem   como  mandatário. A população  está sofrendo  as agruras  da falta de abastecimentos de   produtos de alimentos, remédios  e outros itens  indispensáveis à sobrevivência, afora uma onda de violência de bandidos  e  traficantes contra a sociedade, desemprego e outra  mazelas sociais.  A fuga de venezuelanos  para países vizinhos, como o Brasil,   é um fato  consumado.

   O país se endivida. Está sempre a pedir ajuda à Rússia que lhe empresta  rios de dinheiro, o que nos leva a perguntar: para onde vai  tanto dinheiro russo?  Não é fácil  obter resposta a essa  indagação.  A Venezuela, sendo o pais com  as maiores reservas do petróleo  mundial, está cada vez mais, segundo as    últimas informações que tenho lido  veiculadas pela imprensa mundial,  está se endividando cada vez mais  com  os russos que lhe serão  dóceis  enquanto  houver petróleo no  maltratado  país  sul-americano.