JOE BIDEN SABE SER PRUDENTE
Por Cunha e Silva Filho Em: 02/06/2022, às 13H38
JOE BIDEN SABE SER PRUDENTE
CUNHA E SILVA FILHO
Completaram cem dias de guerra contra a Ucrânia. O expansionismo e a estupidez de Putin não têm tamanho, ou melhor, é do tamanho dos tiranos mais cruéis, do tipo Bashar-Al-Assad, de quem é protetor incondicional e a quem envia constantemente armas mortíferas contra os rebeldes, os opositores. Por outro lado, os EUA, através de um presidente idoso, vai tentando evitar o Apocalipse, já tantas vezes proclamado por homens sábios, como o sempre lembrado matemático, filósofo e pacifista inglês, Bertrand Russell.
Os EUA poderiam, sim, peitar militarmente a Rússia do ditador mascarado de presidente eterno. O resultado, porém, seria fatal à Humanidade. Por essa razão, os americanos empurram quase pela barriga, tentando apenas amenizar as fraquezas bélicas dos ucranianos que já se veem praticamente derrotados na conflagração desigual, injusta, perversa.
Olhemos para a capital russa: toda ela intacta, não tem um prédio sequer destruído, nem um civil morto. A velha Moscou está, fisicamente, a salvo das armas mortíferas que seus soldados arremessam em direção a pontos determinados ucranianos pelos seus generais, a mando do Czar pós-moderno e todo-poderoso, amigo, por seu interesse e por imposição, de riquíssimos autocratas. O próprio Putin é um “imperador” bastante rico e dono de imóveis riquíssimos... Fala-se em máfia entre os poderosos soviéticos. Humilhados e ofendidos. Do outro lado, o da Rússia, transeuntes caminhando à vontade, até, por vezes sorrindo, como se nada estivesse fora do lugar. Cenas plenas de antinomias e paradoxos, cenas surreais opostas à mera realidade do cotidiano russo e nublado.
Tudo, dentro da Rússia de Dostoiévski está nos seus devidos lugares. Está incólume, não sofre destruição brutalizada incessantemente nas cidades e regiões ucranianos que estão sendo destroçadas. A beleza dos monumentos e prédios suntuosos da velha Moscou prossegue firme e sólida, O rio Moscou (ou Mosocovo) permanece atravessando a cidade, majestoso e eterno. Ao contrário, do lado da Ucrânia, reina a matança de soldados e civis.Uma Guernica dos tempos contemporâneos. Na Ucrânia, porém, a tragédiade famílias inteiras assassinadas, crianças, jovens, adultos e idosos, todos mortos, forçadamente “dormindo profundamente”, como no poema de Manuel Bandeira. Guerra e Paz. Sofrimento e normalidade, fumaça e iluminação.
Em outro plano, o físico, as casas destruídas os bombardeios intermitentes, os prédios derruídos, incluindo – que maldito! – hospitais, infantis e habitações civis. As valas para sepultarem anonimamente os corpos de inocentes são largas e extensas. Os corpos são lançados como se fossem lixo. Isso não seria o suficiente para caracterizar crimes de guerra e penalidades máximas dos responsáveis na Corte de Haia?
Cenas aterrorizantes que nos lembram as carnificinas das duas Grandes Guerras e mesmo do Holcausto, de Nagazaki e Hiroxima, ou de Pearl Harbor, ou das guerra do Vietnã, entre outras selvagerias de tempos belicosos, passados e presentes, porquanto o mundo, em regiões diversas, da Ásia, do Oriente Médio e da África continua em conflitos intestinos.
Os moradores ucranianos sem mais teto, sem nada. Resta o refúgio a outros países que os acolham, ou permanecem sujeitos ao extermínio à medida que os bombardeios continuam praticamente sem trégua. Os organismos internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU apenas servem como paliativos, procurando, pelo menos, a retórica diplomática. O mesmo diria do Papa Francisco, cujas palavras poderiam ter o peso voltado para a busca da paz e da união entre as nações conflagradas. Pouco pode com o poder divino sem voz nem vez em tempos sem Deus. quase sem efeto algum de decisões mais fortes. Perderam tudo. Alguns se refugiaram em países vizinhos, como a Polônia. As cenas são tétricas. Desolação numa guerra que podia ser evitada.
Às vezes, sinto que o presidente Zelenski foi culpado por decidir aliar-se à OTAN. Direito seu, penso em segunda instância.Afinal, a Ucrânia é um país que tem a sua soberania e pode decidir pelo seu destino de aliar-se ao Ocidente, de não querer ser subserviente à Rússia. Mas, um ponto é crucial : os russos não têm o direito de invadir um outro país. Qualquer leigo em geopolítica compreenderia isso. Mas, não, as garras de Vladmir Putin já o fizeram tomar, à força, em outras regiões, por exemplo, na Crimeia, anexando-a em 2014, e o fizeram em outras regiões vizinhas à Rússia e a esta anexadas por invasão. O seu, quer-me parecer, objetivo seria um expansionismo que o levaria a reajuntar todos os países que pertenciam à URSS. Quiçá, seja esse o seu plano imperialista e beligerante.
Se, na vida cotidiana de algumas cidades do mundo dito civilizado (sic!), inclusive, em escala galopante, em nosso país, já nos horrorizam as nossas vistas a crueldade de assassínios e massacres com ações que nos igualam a brutalidades animalescas e à banalização de vidas humanas, imagine o fronts de guerras de superpotências.
O presidente Biden, um homem já muito experiente e prudente, visivelmente quer evitar o mal maior entre os EUA e a Rússia. Vai tentando suavizar os conflitos, sem usar da força letal em âmbito mundial, planetário. Por isso, as sanções econômicas são necessárias. Por isso, a OTAN não aumenta o tom de reação aos desmandos do ditador Putin. Certamente, a Europa não suportaria mais guerras em proporções gigantescas e de extermínio das civilizações. As negociações, a meu ver, ainda cabem, a despeito da carnificina praticada contra a Ucrânia. Penso, agora, que nesse país, em grande parte destroçado, já me dá a sensação de que tudo já se perdeu: sua infrastrutura, sua administração, suas instituições, o seu sistema de governo. Já se está tornando um pátria sem as características de um país constituído como Estado independente onde a vida institucional funciona.