[Maria do Rosário Pedreira]

Não sabemos até que ponto um escritor (ou a sua obra) é influente; mas nós, que somos todos leitores fiéis, sabemos que alguns livros fizeram claramente a diferença nas nossas vidas, falaram-nos ao ouvido, magoaram-nos, operaram-nos o cérebro, disseram-nos coisas que nunca mais esquecemos. Este ano, como de há alguns para cá, a revista «Única» do jornal Expresso publicou um número dedicado às 100 pessoas mais influentes de Portugal. Claro que Balsemão não escapou – ao patrão convém agradar – e, pelos vistos, não lhe chegou ganhar um Globo de Ouro na sua própria televisão. Mas adiante: desta feita, os seleccionados nas letras foram – e muito bem – Dulce Maria Cardoso, Valter Hugo Mãe (sobretudo pelo sucesso que atingiu no Brasil no ano passado, autografando mais de 400 exemplares numa tarde) e João Ricardo Pedro, um estreante que se tornou nas televisões um exemplo de perseverança, mas que – para lá da história que o mediatizou – tem um dos melhores primeiros romances há muito publicados em Portugal, O Teu Rosto Será o Último, e um sentido de humor muito especial – como, aliás, sabe quem ouviu o discurso de agradecimento na sessão de entrega do Prémio LeYa (e que foi uma boa «réplica» a Passos Coelho). Não sei se estes três nomes (não falei de Eduardo Lourenço porque, creio, está lá há muitos anos – e é assim mesmo que deve ser) influenciarão realmente os seus leitores; o que sei é que as suas obras podem deixar essa marca que não desaparece com o tempo e fazer deles os grandes escritores do futuro.