Primeiro caso [Recapitulando]
 
A flexão do infinitivo passivo é preferível e preferida quando o substantivo ou o pronome que é sujeito do infinitivo vier logo na frente da preposição:
 
               Conheci os métodos a serem usados.
 
               Agradeceu antecipadamente as mensagens a serem transmitidas em seu nome.
 
               Vovó guardou os quitutes para serem provados na hora do lanche.
              
               Temos problemas a serem enfrentados.
 
               Preencha todos os campos a serem inseridos no modelo.
 
Falando em termos de análise sintática: essa preferência pela flexão se justifica quando o sujeito da primeira oração é diferente do sujeito da segunda (a do infinitivo). Ao analisar as frases acima constatamos que os sujeitos da primeira oração – a principal – são respectivamente: eu, ele ou ela, vovó, nós e você; portanto, são distintos dos sujeitos do infinitivo (grifados).
 
Segundo caso
 
Prefere-se deixar o infinitivo sem flexão
1)      quando o sujeito das duas orações é o mesmo e está no plural:
 
               Casos desse tipo levam até vinte anos para ser decididos.
 
               Eles estão para ser exilados.
 
               Saíram sem ser notados.
 
               “Regras são feitas para ser quebradas”, disse o estilista Ricardo Almeida.
 
               Os documentos são gerados sem ser abertos no Word.
 
              As falas, se já eram complexas no papel, tornam-se de árdua apreensão ao ser mantidas quase intactas nos monólogos em “off” de André.
 
              Por vezes, grandes autores esperam décadas para ser reconhecidos.
 
              Os projetos levaram dez dias para ser aprovados.
 
               Transtornos no comportamento alimentar têm diferentes características e devem ser bem avaliados antes de ser tratados.
 
2)      quando o infinitivo serve de complemento nominal a um adjetivo, ou seja, quando se tem um adjetivo (plural) antes da preposição:
 
São obras dignas de ser imitadas.
 
Os animais estavam mortos e prontos para ser vendidos.
 
Elas pareciam tão perto e tão fáceis de ser apanhadas...
 
Vendem muito porque são autores bons de ser lidos.
 
As razões pessoais, mesmo sendo complexas e difíceis de ser apreendidas, baseiam-se nas afinidades individuais.
 
Apresentamos exercícios simples de ser feitos.
 
Podemos identificar obras capazes de ser enquadradas nesta corrente do humor pelo menos desde os gregos do século V a.C.
 

 

Volto a dizer que ninguém deve ser dogmático ou autoritário a ponto de tachar de errado o enunciado que não siga estritamente as recomendações acima, pois o contrário nem sempre fica mal. Por exemplo, na frase “Os dois rapazes viram ruir seu sonho ao serem devolvidos ao Brasil como se fossem mercadoria”, soa melhor “serem” do que “ser”, embora ela se encaixe no segundo caso, item 1.
 
Mas de maneira geral é mais interessante não flexionar o infinitivo quando facultativo. Veja-se: “As mulheres celtas eram criadas tão livremente como os homens. A elas era dado o direito de escolherem seus parceiros. Eram ensinadas a trabalharem para seu próprio sustento”. Pode-se notar maior leveza em “As mulheres celtas eram criadas tão livremente como os homens. A elas era dado o direito de escolher seus parceiros. Eram ensinadas a trabalhar para seu próprio sustento”.