[Whashigton Ramos]

     Nada me emociona mais do que a leitura de uma obra-prima, seja um poema, um conto, uma novela ou um romance. É uma das razões de minha existência. Ao longo de minha vida de leitor, tenho sido impactado muitas vezes. O mais recente impacto são os livros Maravilhas do conto hispano-americano e Maravilhas do conto universal, antologias organizadas por Diaulas Riedel, com introdução de Edgar Cavalheiro, publicadas pela Cultrix em 1958 e 1959 respectivamente.

     Os contos do primeiro livro são organizados a partir dos países da América espanhola, o que dá um total de 19 nações e 26 narrativas. O Brasil, é claro, não está incluído. No segundo livro, os textos são organizados a partir também dos países de origem dos autores presentes. A literatura brasileira está representada por O espelho, de Machado de Assis.

     A principal diferença entre essas duas coletâneas reside na fama de autores universais como Cervantes, Thomas Mann, O’ Henry, Stefan Zweig, Kafka, Maupassant, Tchecov, Eça, Pirandello e no desconhecimento de escritores da América espanhola, tão próxima de nós aqui neste país e ignorados pela maioria dos leitores brasileiros. Eu mesmo, dos escritores de nosso continente, já ouvira falar de quatro apenas, mas nunca os lera. São eles Horacio Quiroga ( Uruguai), Ricardo Palma (Peru), Ruben Dario (Nicarágua) e Miguel Ángel Asturias (Guatemala). É uma pena que contistas tão talentosos sejam tão desconhecidos no próprio continente em que viveram e escreveram. Eles nos representam literariamente, quer queiramos ou não.

     Não sei como esses dois livros vieram parar em minha biblioteca. Encontram-se em bom estado. Não têm nome de ninguém. Em um deles, encontrei uma folha de caderno com o nome de uma mulher e duas cédulas de 100 cruzeiros, as quais saíram de circulação ainda nos anos 80 do século XX. Vou ficando com essas duas obras literárias que me impactaram fortemente. A maioria de seu contos é de uma beleza ímpar.

     Para não ter sentimento de culpa por ficar com essas duas antologias, lembro-me de que já emprestei livros que não retornaram para mim, mesmo tendo meu nome inscrito logo nas primeiras páginas. Eles repousam em alguma biblioteca por aí, e a pessoa que os detém continua em silêncio. Além disso, não tenho como encontrar o primeiro dono dessas duas coletâneas que estão comigo. Não sei quem é a mulher cujo nome está na folha de caderno.

     Enquanto isso,  de vez em quando,vou relendo alguns dos contos que me impactam emocionalmente.