Ilustrações na Enciclopédia Tesouro da Juventude
Por Flávio Bittencourt Em: 29/04/2013, às 06H36
[Flávio Bittencourt]
Ilustrações na Enciclopédia Tesouro da Juventude
A Profª. Kelly Keiko Koti Dias, mestranda do Programa de Pós-graduação em História da UNICAMP, debruçou-se sobre elas, em 2012.
29.4.2013 - F.
Estampas coloridas: ilustrações na Enciclopédia Tesouro da Juventude,
edições de 193(?) e 1957.
Kelly Keiko Koti Dias*
Nesse trabalho de penetração e análise é que se
percebe a nítida autonomia dessa arte autêntica, arte
paralela à literatura, harmônica como as notas do
contraponto. Tarefa essa difícil de captar, no tumulto das
frases, as imagens plásticas que devem corresponder ao
mesmo sentimento, às vezes esclarecer certos mistérios
da palavra...Portamo-nos como cineasta quando
procuramos o ângulo justo em que o assunto mais avulta,
mais se define, mais se precisa. (SANTA ROSA apud
Carvalho, 2010:500)
Neste presente trabalho pretende-se fazer apontamentos e uma pequena análise
do conjunto das imagens selecionadas na seção “Estampas Coloridas” pertencentes a
ambas as edições, de 192(?) e 1957, da enciclopédia Tesouro da Juventude. Além dessa
seção, nos ateremos em duas ilustrações que abrem cada volume da coleção, essas
presentes nas contracapas, pois, são as primeiras imagens que o leitor terá contato, antes
mesmo do que qualquer tipo de texto. Isso nos chama a atenção porque se a ilustração
foi, ou é muitas vezes vista como um elemento passivo ao texto, como uma imagem tão
forte pode vir antes deste? Será que essas imagens e principalmente as ilustrações
contribuíram com uma transformação na leitura do jovem leitor? Apesar de as perguntas
serem variadas, esse trabalho tem um alcance taticamente reduzido, pois, apenas se
propõe a apontar elementos a uma discussão sobre as narrativas e visualidade em
enciclopédias.
A preocupação com tal temática surgiu a partir do desenvolvimento de uma
pesquisa de mestrado, no qual, são estudadas as narrativas históricas e literárias na
coleção. Ao analisar sobre o enfoque da história do livro e da leitura, e seguindo a
metodologia utilizada por historiadores como o francês Roger Chartier (1988; 2001;
2007) e o norteamericano Robert Darnton (1992; 1995), percebemos a necessidade de
compreender as narrativas e possíveis leituras da coleção, não somente pelo que está
escrito, mas também por sua materialidade, essa que é composta também pelas imagens
__________________________
* Mestranda do Programa de Pós-graduação em História do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas/UNICAMP. Bolsista do programa financiador CNPq. 2
Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP -Campinas, setembro, 2012.
contidas na enciclopédia. Por isso mesmo não sendo o objetivo principal da pesquisa,
houve a atenção com tal análise.
A enciclopédia Tesouro da Juventude é uma coleção de 18 volumes que se
apresenta como “Enciclopédia em que se reúnem os conhecimentos que todas as
pessoas cultas necessitam possuir, oferecendo-os em forma adequada para o proveito e
entretenimento dos meninos” (TESOURO DA JUVENTUDE, 1957) e que foi uma das
obras mais populares nesse formato no início do século XX no Brasil. Não se pode
confirmar o ano exato de sua publicação no país, mas de acordo com outras pesquisas
(OLIVEIRA, 2008) ela teria sido publicada na segunda metade da década de 1920 pela
editora americana W. M. Jackson. Mesmo não revelando nem datas de publicações e
nem os autores colaboradores, sabe-se que a obra foi uma adaptação da enciclopédia
estadunidense The book of knowleage de 1910 publicada pela mesma editora.
As seções que formam a coleção são: “Nossa Terra”, “Natureza, ou animais e
plantas”, “Nossa Vida”, “Novo Mundo”, “Velho Mundo”, “Coisas que devemos saber”,
“Homens e Mulheres Célebres”, “Contos”, “Belas Ações”, “Livros Famosos”, “Por
quês”, “Coisas que podemos fazer”, “Poesias”, “Lições Atraentes” e por último, mas a
qual nos deterá, “Estampas Coloridas”. Diferentemente das enciclopédias que são
organizadas em ordem alfabética, essa obra não possui uma organização aparente entre
as seções. Não se pode saber o número exato de imagens que estão contidas em seus
volumes, entretanto, apesar de haver muitas “gravuras”, esse número não aparece como
pertencente a seção destinada apenas as ilustrações, contendo em cada seção “Estampas
coloridas”, das edições de 192(?) e 1957, respectivamente o total de 110 e 75 imagens.
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Atendo-se a análise para como algumas ilustrações da enciclopédia Tesouro da
Juventude corroboraram para a construção de possíveis leituras da obra, devemos
entender como se apresenta o papel do iconógrafo e do ilustrador através das imagens.
De acordo com Emmanuel Araújo em seu trabalho A construção do livro (1986),
iconografia é um termo usado para definir a documentação visual que constitui ou
completa um texto. Desde o século IV a. C., o iconógrafo era aquele que produzia as
imagens, o que seria na contemporaneidade o ilustrador. No entanto, o autor atenta que
na atualidade, o ilustrador produz ilustrações para as narrativas literárias, enquanto o 3
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iconógrafo “estuda e seleciona as ilustrações adequadas ao livro, providas das mais
diversas fontes” (1986: 477), entre elas fotografias, pinturas, desenhos. Ultrapassando a
esse entendimento, atualmente percebemos que essas demarcações não são tão restritas
e inflexíveis; muitos ilustradores podiam e podem desenvolver todo o processo, desde a
produção da escrita até a ilustração e escolha de imagens para sua obra. No caso da
enciclopédia não há como sabermos se o editor produziu todas ou diversas partes que
compõem a coleção, pois, não há indicações. No entanto, há apontamentos, como por
exemplo, nomes de letrados que contribuíram com a enciclopédia, como o introdutor da
edição de 192(?) o jurista Clóvis Bevilaqua (1859-1944) e autor de livros didáticos
Rocha Pombo (1857-1933) - ambos integrantes da Academia Brasileira de Letras.
Devido a essas informações podemos intuir que os colaboradores e produtores da
coleção pertenciam, ou estavam em contato com sociedade de intelectuais que se
destacaram no Brasil da primeira metade do século XX.
Nos objetos aqui analisados destaca-se primeiramente a função do iconógrafo,
pois, em obras coletivas como essas, a atuação desse profissional se torna indispensável.
Isso acontece porque mesmo o iconógrafo enfrenta várias dificuldades em relação à
seleção e a “expectativa do leitor” (Idem: 478). Entre elas está o uso simultâneo de
variadas imagens, a “conveniência da escolha de certas ilustrações” se tratando de sua
“qualidade técnica de confecção” e “reprodução” e também se essas estão de acordo
com o valor didático da enciclopédia. Mesmo sob a perspectiva que muitas dessas
imagens devem fortalecer a concepção educativa das narrativas, nada impende que a
imagem escolhida modifique a leitura do texto. Esse aspecto de seleção e intervenção do
iconógrafo é claro em se tratando da seção “Estampas Coloridas” porque ao trocar
ilustrações da edição de 192(?) por outras em 1957, mesmo sem a mudança do texto, o
modo como se dá a narrativa também pode mudar. Vemos essa ocorrência diversas
vezes nessa seção, como exemplo, a legenda utilizada em duas imagens diferentes: “A
beleza das flores”, na edição mais antiga (volume XV, página 4700-A) utiliza-se uma
ilustração de um jardim com o mais variado tipos de flores. Essa imagem aparenta ser
uma reprodução de um quadro, tendo um maior envolvimento com a questão artística.
Já na edição contemporânea (volume III, página 16-A) a ilustração é mais técnica,
didática, pois, apresenta as flores separadamente por tipo e há indicação da
nomenclatura de cada uma. Isso parece ocorrer devido à proposta de cada edição: ao
longo da primeira percebemos uma proximidade maior com o intuito moralizante, não
tão científico. Ocorre o oposto na segunda: desde a introdução se pode ver o desejo de 4
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aproximar a questão do entretenimento com a mais “recente” pedagogia, dessa forma
colocando a enciclopédia junto às discussões sobre o caráter das políticas educacionais
que marcaram a década de 1930 até 1960.
São por esses fatores que tomando emprestada a colocação de Angela da Rocha
Rolla em relação à ilustração e ilustrador:
A ilustração tem sempre um propósito, nada é casual e a pura
contemplação da imagem não faz parte de sua especificidade. Isso não
impede que o leitor tenha sua própria leitura da imagem, embora esteja em
jogo a capacidade do ilustrador materializar sua visão do texto de forma
concreta e palpável sempre que particulariza a interpretação. O ilustrador é
co-autor ou primeiro leitor da obra, o que delineia, de certa forma, a leitura
do receptor. (ROLLA, s/d:3)
Ampliando essa relação da imagem com o texto, destacamos que no caso da
enciclopédia, as ilustrações que compõem as contracapas e a seção “Estampas
Coloridas” não devem ser vistas desassociadas de seu conjunto, pois, é esse vínculo que
delineia e possibilita certas leituras da coleção.
Por fim, nos ateremos mais a análise das ilustrações das contracapas de ambas as
edições, a fim de demonstrar como a presença dessas gravuras e sua disposição anterior
ao texto indicam perspectivas de leituras diferenciadas.
As contracapas
A ilustração da segunda edição trabalhada aqui é completamente diferente da
que podemos ver na primeira, de 192(?). As duas possuem a mesma dimensão, que é o
tamanho de duas páginas de cada volume (24 X 32 cm) e ambas se encontram tanto no
ínicio do livro, quanto no fim.
Na edição de 192(?) (fig. 1) vemos um variado número de figuras que compõem
de forma aleatória a ilustração. Entre elas estão representadas os vários conteúdos de
suas seções, como o “Livro dos por quês”, no canto superior à esquerda, com perguntas
– Como? Onde? Quando? – o “Livro da natureza”, com elementos espalhados, como as
focas, plantas, peixes, beija-flor, palmeira, entre outros. Destacam-se também elementos
que compõem as seções “Coisas que devemos saber”, “Nossa vida”, nas quais estão
presentestextos que explicam a criação de pontes, o funcionamento do rádio e do avião,
quem os inventou. Na ilustração esses fragmentos se misturam às narrativas sobre
outras culturas, como a civilização chinesa, egípcia, a nação brasileira representada por5
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figuras emblemáticas como D.Pedro I, completando essas narrativas; há várias
“descrições” sobre ações da humanidade, destacadas no livro “Homens e mulheres
célebres”, onde são narradosfeitos como o “descobrimento” da América, por Cristovão
Colombo, e do Brasil, por Pedro Álvares Cabral, são representadas pelas caravelas na
ilustração. Por fim não poderia faltar “ilustrar” a seção de “Poesias”, “Contos” e
“Livros Famosos”, através da inserção da figura da caneta tinteiro, dos livros, da
máquina de escrever, de um homem lendo. Esses desenhos que formam a ilustração
apresentam logo ao abrir cada volume do que podemos esperar da coleção, uma
enciclopédia cheia de informações e narrativas que vão colocar o leitor em contato com
o conhecimento. Essa imagem mostra o objetivo e intuito de cada volume, que num
todo compõem uma biblioteca mais versátil a aqueles não tem acesso a um grande
acervo.
Ao vermos a ilustração dessa primeira edição aqui analisada, percebemos que
ela está conectada ao texto introdutório de Clóvis Bevilaqua e a própria organização e
apresentação da enciclopédia:
Lido nos serões de familia nas horas de lazer, ou servindo de
obsequioso companheiro aos que, pelas circunstancias da vida, teem de,
temporariamente, se afastar de seus amigos e conhecidos, será um precioso
disseminador da cultura media do nosso tempo em todos os recantos do paiz,
nas cidades, nos campos, nos longínquos sertões, onde mourejam os rústicos
agricultores, creadores, mineradores e seringueiros.
Uma pagina descreve a terra, o systema planetário e o cosmos; outra
se occupa com os reinos da natureza; adeante fala-se dos paizes, com os seus
costumes, as suas industrias e os seus centros de população; alem se trata do
nosso continente americano e do nosso paiz, que devemos conhecer melhor e
mais completamente do que os outros continentes e os paizes extrangeiros;
os homens e as mulheres celebres, que facilitaram a vida por suas invenções,
ou a illuminaram por seu pensamento, ou a ennobreceram por seus actos,
são postos em relevo; os factos heróicos, os acontecimentos históricos de
maior relevância são cuidadosamente lembrados.
(...) Por isso uma larga parte d´esta encyclopedia é consagrada á
poesia nas suas variadas formas, ás narrações, á historia dos livros celebres,
que foram as expressões mais notáveis da arte da escripta em diversas
epochas da historia humana. Ao lado da poesia apparecem a musica, a
pintura e outras formas de manifestação do sentimento esthetico.
(...) É, portanto, o Thesouro da Juventude uma bibliotheca apurada,
escolhida e condensada, onde se acham as noções essesnciaes das sciencias,
os conhecimentos de utilidade geral, as artes e a moral, e que resume e
substitue uma dispendiosa e vasta, que muito poucos podem adquirir, e
menor numero ainda consegue ler (THESOURO DA JUVENTUDE, 192?:8)
E por isso vemos que o ilustrador teve uma percepção e um diálogo mais
“tradicional” com o texto, porque ilustra o que é sugerido na introdução. Entretanto, 6
Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP -Campinas, setembro, 2012.
sente-se que essa relação se inverte ao apresentar a ilustração antes do texto. Pois, o
ilustrador aparece com prioridade ao se “apresentar” logo que o livro é aberto. Nesse
caminho entendemos sua interpretação da coleção como um “baú” onde se “reunem os
conhecimentos que todas as pessoas cultas necessitam possuir (...)” oferecendo-os para
o proveito dos meninos e, por que não, dos adultos. (THESOURO DA JUVENTUDE,
192?: rosto)
A segunda contracapa, de 1957, mudará completamente seu projeto. Assim
como a anterior, não se sabe quem produziu essa ilustração, entretanto, sua
interpretação da coleção se mostra completamente diferente. Como podemos ver na
figura 2, a imagem mostra um casal de jovens sobre um tapete voador, que observam
atentamente as várias figuras sobre as quais sobrevoam. Parecem também que olham
com certa empolgação, pois a disposição de seus corpos não parece confortável, mas
sim com um impulso em direção ao que estão vendo. O que eles olham curiosamente
parece ser uma costa, onde se acumularam os mais variados elementos mundiais. Entre
eles, assim como na figura 1, podemos ver os temas e assuntos abordados nas seções da
enciclopédia, como já citado, os livros da natureza, da Terra, os que falam das
“curiosas” culturas, das produções do homem, como estátuas, aviões entre outros. Nesse
caso, vemos que não há componentes que exemplifiquem tão facilmente todas as
seções. Por exemplo, não há livros e nem personagens da história que possam ser
identificados e que possam remeter as seções de “Homens e mulheres célebres”.
Percebe-se que tais fragmentos não aparecem por não haver sentido no modo como a
ilustração foi elaborada. Os jovens estão em direção a uma “terra” rica em diversos
aspectos. A questão da fantasia se sobressai nessa imagem, pois, o imaginário dos
contos e das poesias se apresenta na disposição dos leitores que estão “descobrindo”
esse mundo, e o estão fazendo sobre um tapete voador, famoso objeto de histórias
infantis.
Toda a ilustração continua em conexão com o objetivo da enciclopédia que é
apresentado na introdução. Não poderia deixar de estar, pois, como Rui de Oliveira
defende “a ilustração está sempre associada a um texto (...). No entanto, o que
fundamentalmente caracteriza esse gênero é o narrar e o descrever histórias através de
imagens, o que não significa em hipótese alguma uma tradução visual do texto.”
(OLIVEIRA, 2008:44). Associada ao texto introdutório, podemos ver onde o ilustrador
interpretou e preencheu suas lacunas. 7
Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP -Campinas, setembro, 2012.
Apresentamos aqui aos jovens como que um novo Tapête Mágico. A
Fada da Sabedoria anda por aí a atraí-los à sua agradável companhia.
Venham com ela e percorram este mundo, nem sempre novo, mas quase
sempre desconhecido; mundo excitante, porém útil; cheio muitas vezes de um
presente em agitação e constantes mudanças e cheio, também, de um
passado longínquo, mas ainda vivo e talvez imortal.
Na verdade, esta obra é um grande e variado contos de fadas. Nêle
não se dirá, como nas velhas narrativas das Mil e umas noites, das histórias
de Perrault ou dos irmãos Grimm: “Era uma vez...” Êsse era uma vez será
quase sempre transformado num agora, suave e amplo. Um agora que não
despreza a experiência e as belezas de ontem, mas que prepara a adaptação
ao amanhã, através dos conhecimentos clássicos, das últimas conquistas da
ciência e das criações artísticas de todos os tempos. (TESOURO DA
JUVENTUDE, 1957: I)
A estrutura da ilustração da contracapa será retomada, ou seja, mantém esse
diálogo com o leitor também no fim da introdução, com outra ilustração (figura 3), que
mostra outro casal de jovens, nesse caso abraçados com uma menina menor. Nessa
imagem, esse mundo imaginário se abre pelo menino lendo um livro está em suas mãos.
O tema da leitura como movimento que abre esse mundo aos jovens é retomado
constantemente na introdução através de pequenas imagens que mostram sempre
algumas figuras em ato de leitura. Essa recorrência parece ser mais evidente na edição
de 1957, pois, ela é comentada tanto no texto como também nessas ilustrações, o que
não acontece com frequência na edição de 192(?).
Considerações finais
Milhares de gravuras, com legendas apropriadas, são que como
novos e sintéticos capítulos. Um velho provérbio chinês afirma que uma boa
ilustração vale mais que mil palavras.
Assim profusamente ilustrado, não só com fotografia, mas com
desenhos e reproduções de quadros célebres, de instrumentos e aparelhos, o
Tesouro da Juventude segue os ditames da moderna pedagogia.
Isto nós o conseguimos, além disso, de que milhares de pessoas
folhearão essa obra com dupla emoção: a de mostrar aos filhos, ou netos,
algo de interessante e novo e a de recordar algumas páginas lidas, pelas
quais sentiram, outrora, uma curiosidade diferente. (TESOURO DA
JUVENTUDE, 1957: VI)
As ilustrações servem para corroborar ou reiterar a narrativa, mas mais do que
isso elas podem ampliar e transformar sua leitura, pois, como Chartier (2001) aponta, a
prática de ler é extremamente ativa e dinâmica, por isso o elemento da ilustração pode
provocar mudanças nas leituras de uma obra. Verificamos que esse processo pode
ocorrer com ambas as edições da enciclopédia Tesouro da Juventude, pois, como o 8
Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP -Campinas, setembro, 2012.
próprio trecho acima citado, o intuito da coleção é conter várias imagens para completar
a divulgação dos conhecimentos expostos. Apesar de claramente o objetivo das imagens
serem para “ilustrar” os textos, e nas contracapas apresentar os temas contidos nos
volumes, percebemos que do modo como elas foram estruturadas, dispostas e
selecionadas, as ilustrações fizeram mais do simplesmente ornamentar o texto, elas
possibilitaram a criação de novas leituras e olhares para as narrativas. Por isso podemos
compreender que elas além de “reproduzir” os textos escritos, ultrapassaram seus
sentidos e ofereceram ao leitor novas possibilidades de interpretação. Sob essa
perspectiva podemos destacar o papel da enciclopédia como fonte para a história do
livro e da leitura, onde se reúnem não apenas variados assuntos abordados, mas também
imagens, como fotografias e desenhos.
Ilustrações
(Fig.1) Contracapa
do Thesouro da
Juventude, edição de
192(?).9
Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP -Campinas, setembro, 2012.
(Fig.2)
Contracapa do
Tesouro da
Juventude, edição
de 1957.
Fig.3
Ilustração que acompanha
a introdução da edição de
1957: VI.
Fig.5
“A beleza das
flores”
(vol.III,1957)
Fig. 4
“A beleza das
flores” (Vol.
XV, 192?)10
Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP -Campinas, setembro, 2012.
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