[Flávio Bittencourt]

Ilustrações na Enciclopédia Tesouro da Juventude

A Profª. Kelly Keiko Koti Dias, mestranda do Programa de Pós-graduação em História da UNICAMP, debruçou-se sobre elas, em 2012.

 

 

 

 

 

29.4.2013 -    F.

 

 

 

Estampas coloridas: ilustrações na Enciclopédia Tesouro da Juventude, 

edições de 193(?) e 1957.

Kelly Keiko Koti Dias*

Nesse trabalho de penetração e análise é que se 

percebe a nítida autonomia dessa arte autêntica, arte 

paralela à literatura, harmônica como as notas do 

contraponto. Tarefa essa difícil de captar, no tumulto das 

frases, as imagens plásticas que devem corresponder ao 

mesmo sentimento, às vezes esclarecer certos mistérios 

da palavra...Portamo-nos como cineasta quando 

procuramos o ângulo justo em que o assunto mais avulta, 

mais se define, mais se precisa. (SANTA ROSA apud 

Carvalho, 2010:500)

Neste presente trabalho pretende-se fazer apontamentos e uma pequena análise 

do conjunto das imagens selecionadas na seção “Estampas Coloridas” pertencentes a 

ambas as edições, de 192(?) e 1957, da enciclopédia Tesouro da Juventude. Além dessa 

seção, nos ateremos em duas ilustrações que abrem cada volume da coleção, essas 

presentes nas contracapas, pois, são as primeiras imagens que o leitor terá contato, antes 

mesmo do que qualquer tipo de texto. Isso nos chama a atenção porque se a ilustração 

foi, ou é muitas vezes vista como um elemento passivo ao texto, como uma imagem tão 

forte pode vir antes deste? Será que essas imagens e principalmente as ilustrações 

contribuíram com uma transformação na leitura do jovem leitor? Apesar de as perguntas 

serem variadas, esse trabalho tem um alcance taticamente reduzido, pois, apenas se 

propõe a apontar elementos a uma discussão sobre as narrativas e visualidade em 

enciclopédias. 

A preocupação com tal temática surgiu a partir do desenvolvimento de uma 

pesquisa de mestrado, no qual, são estudadas as narrativas históricas e literárias na 

coleção. Ao analisar sobre o enfoque da história do livro e da leitura, e seguindo a 

metodologia utilizada por historiadores como o francês Roger Chartier (1988; 2001; 

2007) e o norteamericano Robert Darnton (1992; 1995), percebemos a necessidade de 

compreender as narrativas e possíveis leituras da coleção, não somente pelo que está 

escrito, mas também por sua materialidade, essa que é composta também pelas imagens 

__________________________

* Mestranda do Programa de Pós-graduação em História do Instituto de Filosofia e Ciências 

Humanas/UNICAMP. Bolsista do programa financiador CNPq. 2

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contidas na enciclopédia. Por isso mesmo não sendo o objetivo principal da pesquisa, 

houve a atenção com tal análise. 

A enciclopédia Tesouro da Juventude é uma coleção de 18 volumes que se 

apresenta como “Enciclopédia em que se reúnem os conhecimentos que todas as 

pessoas cultas necessitam possuir, oferecendo-os em forma adequada para o proveito e 

entretenimento dos meninos” (TESOURO DA JUVENTUDE, 1957) e que foi uma das 

obras mais populares nesse formato no início do século XX no Brasil. Não se pode 

confirmar o ano exato de sua publicação no país, mas de acordo com outras pesquisas 

(OLIVEIRA, 2008) ela teria sido publicada na segunda metade da década de 1920 pela 

editora americana W. M. Jackson. Mesmo não revelando nem datas de publicações e 

nem os autores colaboradores, sabe-se que a obra foi uma adaptação da enciclopédia 

estadunidense The book of knowleage de 1910 publicada pela mesma editora. 

As seções que formam a coleção são: “Nossa Terra”, “Natureza, ou animais e 

plantas”, “Nossa Vida”, “Novo Mundo”, “Velho Mundo”, “Coisas que devemos saber”, 

“Homens e Mulheres Célebres”, “Contos”, “Belas Ações”, “Livros Famosos”, “Por 

quês”, “Coisas que podemos fazer”, “Poesias”, “Lições Atraentes” e por último, mas a 

qual nos deterá, “Estampas Coloridas”. Diferentemente das enciclopédias que são 

organizadas em ordem alfabética, essa obra não possui uma organização aparente entre 

as seções. Não se pode saber o número exato de imagens que estão contidas em seus 

volumes, entretanto, apesar de haver muitas “gravuras”, esse número não aparece como 

pertencente a seção destinada apenas as ilustrações, contendo em cada seção “Estampas

coloridas”, das edições de 192(?) e 1957, respectivamente o total de 110 e 75 imagens. 

**********************

Atendo-se a análise para como algumas ilustrações da enciclopédia Tesouro da 

Juventude corroboraram para a construção de possíveis leituras da obra, devemos 

entender como se apresenta o papel do iconógrafo e do ilustrador através das imagens. 

De acordo com Emmanuel Araújo em seu trabalho A construção do livro (1986), 

iconografia é um termo usado para definir a documentação visual que constitui ou 

completa um texto. Desde o século IV a. C., o iconógrafo era aquele que produzia as 

imagens, o que seria na contemporaneidade o ilustrador. No entanto, o autor atenta que 

na atualidade, o ilustrador produz ilustrações para as narrativas literárias, enquanto o 3

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iconógrafo “estuda e seleciona as ilustrações adequadas ao livro, providas das mais 

diversas fontes” (1986: 477), entre elas fotografias, pinturas, desenhos. Ultrapassando a 

esse entendimento, atualmente percebemos que essas demarcações não são tão restritas 

e inflexíveis; muitos ilustradores podiam e podem desenvolver todo o processo, desde a 

produção da escrita até a ilustração e escolha de imagens para sua obra. No caso da 

enciclopédia não há como sabermos se o editor produziu todas ou diversas partes que 

compõem a coleção, pois, não há indicações. No entanto, há apontamentos, como por 

exemplo, nomes de letrados que contribuíram com a enciclopédia, como o introdutor da 

edição de 192(?) o jurista Clóvis Bevilaqua (1859-1944) e autor de livros didáticos 

Rocha Pombo (1857-1933) - ambos integrantes da Academia Brasileira de Letras. 

Devido a essas informações podemos intuir que os colaboradores e produtores da 

coleção pertenciam, ou estavam em contato com sociedade de intelectuais que se 

destacaram no Brasil da primeira metade do século XX. 

Nos objetos aqui analisados destaca-se primeiramente a função do iconógrafo, 

pois, em obras coletivas como essas, a atuação desse profissional se torna indispensável. 

Isso acontece porque mesmo o iconógrafo enfrenta várias dificuldades em relação à 

seleção e a “expectativa do leitor” (Idem: 478). Entre elas está o uso simultâneo de 

variadas imagens, a “conveniência da escolha de certas ilustrações” se tratando de sua 

“qualidade técnica de confecção” e “reprodução” e também se essas estão de acordo 

com o valor didático da enciclopédia. Mesmo sob a perspectiva que muitas dessas 

imagens devem fortalecer a concepção educativa das narrativas, nada impende que a 

imagem escolhida modifique a leitura do texto. Esse aspecto de seleção e intervenção do 

iconógrafo é claro em se tratando da seção “Estampas Coloridas” porque ao trocar 

ilustrações da edição de 192(?) por outras em 1957, mesmo sem a mudança do texto, o 

modo como se dá a narrativa também pode mudar. Vemos essa ocorrência diversas 

vezes nessa seção, como exemplo, a legenda utilizada em duas imagens diferentes: “A 

beleza das flores”, na edição mais antiga (volume XV, página 4700-A) utiliza-se uma 

ilustração de um jardim com o mais variado tipos de flores. Essa imagem aparenta ser 

uma reprodução de um quadro, tendo um maior envolvimento com a questão artística. 

Já na edição contemporânea (volume III, página 16-A) a ilustração é mais técnica, 

didática, pois, apresenta as flores separadamente por tipo e há indicação da 

nomenclatura de cada uma. Isso parece ocorrer devido à proposta de cada edição: ao 

longo da primeira percebemos uma proximidade maior com o intuito moralizante, não 

tão científico. Ocorre o oposto na segunda: desde a introdução se pode ver o desejo de 4

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aproximar a questão do entretenimento com a mais “recente” pedagogia, dessa forma 

colocando a enciclopédia junto às discussões sobre o caráter das políticas educacionais 

que marcaram a década de 1930 até 1960. 

São por esses fatores que tomando emprestada a colocação de Angela da Rocha 

Rolla em relação à ilustração e ilustrador:

A ilustração tem sempre um propósito, nada é casual e a pura 

contemplação da imagem não faz parte de sua especificidade. Isso não 

impede que o leitor tenha sua própria leitura da imagem, embora esteja em 

jogo a capacidade do ilustrador materializar sua visão do texto de forma 

concreta e palpável sempre que particulariza a interpretação. O ilustrador é 

co-autor ou primeiro leitor da obra, o que delineia, de certa forma, a leitura 

do receptor. (ROLLA, s/d:3)

Ampliando essa relação da imagem com o texto, destacamos que no caso da 

enciclopédia, as ilustrações que compõem as contracapas e a seção “Estampas 

Coloridas” não devem ser vistas desassociadas de seu conjunto, pois, é esse vínculo que 

delineia e possibilita certas leituras da coleção.

Por fim, nos ateremos mais a análise das ilustrações das contracapas de ambas as 

edições, a fim de demonstrar como a presença dessas gravuras e sua disposição anterior 

ao texto indicam perspectivas de leituras diferenciadas. 

As contracapas

A ilustração da segunda edição trabalhada aqui é completamente diferente da 

que podemos ver na primeira, de 192(?). As duas possuem a mesma dimensão, que é o 

tamanho de duas páginas de cada volume (24 X 32 cm) e ambas se encontram tanto no 

ínicio do livro, quanto no fim. 

Na edição de 192(?) (fig. 1) vemos um variado número de figuras que compõem 

de forma aleatória a ilustração. Entre elas estão representadas os vários conteúdos de 

suas seções, como o “Livro dos por quês”, no canto superior à esquerda, com perguntas 

– Como? Onde? Quando? – o “Livro da natureza”, com elementos espalhados, como as 

focas, plantas, peixes, beija-flor, palmeira, entre outros. Destacam-se também elementos 

que compõem as seções “Coisas que devemos saber”, “Nossa vida”, nas quais estão 

presentestextos que explicam a criação de pontes, o funcionamento do rádio e do avião, 

quem os inventou. Na ilustração esses fragmentos se misturam às narrativas sobre 

outras culturas, como a civilização chinesa, egípcia, a nação brasileira representada por5

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figuras emblemáticas como D.Pedro I, completando essas narrativas; há várias 

“descrições” sobre ações da humanidade, destacadas no livro “Homens e mulheres 

célebres”, onde são narradosfeitos como o “descobrimento” da América, por Cristovão 

Colombo, e do Brasil, por Pedro Álvares Cabral, são representadas pelas caravelas na 

ilustração. Por fim não poderia faltar “ilustrar” a seção de “Poesias”, “Contos” e 

“Livros Famosos”, através da inserção da figura da caneta tinteiro, dos livros, da 

máquina de escrever, de um homem lendo. Esses desenhos que formam a ilustração 

apresentam logo ao abrir cada volume do que podemos esperar da coleção, uma 

enciclopédia cheia de informações e narrativas que vão colocar o leitor em contato com 

o conhecimento. Essa imagem mostra o objetivo e intuito de cada volume, que num 

todo compõem uma biblioteca mais versátil a aqueles não tem acesso a um grande 

acervo. 

Ao vermos a ilustração dessa primeira edição aqui analisada, percebemos que 

ela está conectada ao texto introdutório de Clóvis Bevilaqua e a própria organização e 

apresentação da enciclopédia:

Lido nos serões de familia nas horas de lazer, ou servindo de 

obsequioso companheiro aos que, pelas circunstancias da vida, teem de, 

temporariamente, se afastar de seus amigos e conhecidos, será um precioso 

disseminador da cultura media do nosso tempo em todos os recantos do paiz, 

nas cidades, nos campos, nos longínquos sertões, onde mourejam os rústicos 

agricultores, creadores, mineradores e seringueiros.

Uma pagina descreve a terra, o systema planetário e o cosmos; outra 

se occupa com os reinos da natureza; adeante fala-se dos paizes, com os seus 

costumes, as suas industrias e os seus centros de população; alem se trata do 

nosso continente americano e do nosso paiz, que devemos conhecer melhor e 

mais completamente do que os outros continentes e os paizes extrangeiros; 

os homens e as mulheres celebres, que facilitaram a vida por suas invenções, 

ou a illuminaram por seu pensamento, ou a ennobreceram por seus actos, 

são postos em relevo; os factos heróicos, os acontecimentos históricos de 

maior relevância são cuidadosamente lembrados.

(...) Por isso uma larga parte d´esta encyclopedia é consagrada á 

poesia nas suas variadas formas, ás narrações, á historia dos livros celebres, 

que foram as expressões mais notáveis da arte da escripta em diversas 

epochas da historia humana. Ao lado da poesia apparecem a musica, a 

pintura e outras formas de manifestação do sentimento esthetico. 

(...) É, portanto, o Thesouro da Juventude uma bibliotheca apurada, 

escolhida e condensada, onde se acham as noções essesnciaes das sciencias, 

os conhecimentos de utilidade geral, as artes e a moral, e que resume e 

substitue uma dispendiosa e vasta, que muito poucos podem adquirir, e 

menor numero ainda consegue ler (THESOURO DA JUVENTUDE, 192?:8)

E por isso vemos que o ilustrador teve uma percepção e um diálogo mais 

“tradicional” com o texto, porque ilustra o que é sugerido na introdução. Entretanto, 6

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sente-se que essa relação se inverte ao apresentar a ilustração antes do texto. Pois, o 

ilustrador aparece com prioridade ao se “apresentar” logo que o livro é aberto. Nesse 

caminho entendemos sua interpretação da coleção como um “baú” onde se “reunem os 

conhecimentos que todas as pessoas cultas necessitam possuir (...)” oferecendo-os para 

o proveito dos meninos e, por que não, dos adultos. (THESOURO DA JUVENTUDE,

192?: rosto)

A segunda contracapa, de 1957, mudará completamente seu projeto. Assim 

como a anterior, não se sabe quem produziu essa ilustração, entretanto, sua 

interpretação da coleção se mostra completamente diferente. Como podemos ver na 

figura 2, a imagem mostra um casal de jovens sobre um tapete voador, que observam 

atentamente as várias figuras sobre as quais sobrevoam. Parecem também que olham 

com certa empolgação, pois a disposição de seus corpos não parece confortável, mas 

sim com um impulso em direção ao que estão vendo. O que eles olham curiosamente 

parece ser uma costa, onde se acumularam os mais variados elementos mundiais. Entre 

eles, assim como na figura 1, podemos ver os temas e assuntos abordados nas seções da 

enciclopédia, como já citado, os livros da natureza, da Terra, os que falam das 

“curiosas” culturas, das produções do homem, como estátuas, aviões entre outros. Nesse 

caso, vemos que não há componentes que exemplifiquem tão facilmente todas as 

seções. Por exemplo, não há livros e nem personagens da história que possam ser 

identificados e que possam remeter as seções de “Homens e mulheres célebres”. 

Percebe-se que tais fragmentos não aparecem por não haver sentido no modo como a 

ilustração foi elaborada. Os jovens estão em direção a uma “terra” rica em diversos 

aspectos. A questão da fantasia se sobressai nessa imagem, pois, o imaginário dos 

contos e das poesias se apresenta na disposição dos leitores que estão “descobrindo” 

esse mundo, e o estão fazendo sobre um tapete voador, famoso objeto de histórias

infantis. 

Toda a ilustração continua em conexão com o objetivo da enciclopédia que é 

apresentado na introdução. Não poderia deixar de estar, pois, como Rui de Oliveira 

defende “a ilustração está sempre associada a um texto (...). No entanto, o que 

fundamentalmente caracteriza esse gênero é o narrar e o descrever histórias através de 

imagens, o que não significa em hipótese alguma uma tradução visual do texto.” 

(OLIVEIRA, 2008:44). Associada ao texto introdutório, podemos ver onde o ilustrador 

interpretou e preencheu suas lacunas. 7

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Apresentamos aqui aos jovens como que um novo Tapête Mágico. A 

Fada da Sabedoria anda por aí a atraí-los à sua agradável companhia. 

Venham com ela e percorram este mundo, nem sempre novo, mas quase 

sempre desconhecido; mundo excitante, porém útil; cheio muitas vezes de um 

presente em agitação e constantes mudanças e cheio, também, de um 

passado longínquo, mas ainda vivo e talvez imortal.

Na verdade, esta obra é um grande e variado contos de fadas. Nêle 

não se dirá, como nas velhas narrativas das Mil e umas noites, das histórias 

de Perrault ou dos irmãos Grimm: “Era uma vez...” Êsse era uma vez será 

quase sempre transformado num agora, suave e amplo. Um agora que não 

despreza a experiência e as belezas de ontem, mas que prepara a adaptação 

ao amanhã, através dos conhecimentos clássicos, das últimas conquistas da 

ciência e das criações artísticas de todos os tempos. (TESOURO DA 

JUVENTUDE, 1957: I)

A estrutura da ilustração da contracapa será retomada, ou seja, mantém esse 

diálogo com o leitor também no fim da introdução, com outra ilustração (figura 3), que 

mostra outro casal de jovens, nesse caso abraçados com uma menina menor. Nessa 

imagem, esse mundo imaginário se abre pelo menino lendo um livro está em suas mãos.

O tema da leitura como movimento que abre esse mundo aos jovens é retomado 

constantemente na introdução através de pequenas imagens que mostram sempre 

algumas figuras em ato de leitura. Essa recorrência parece ser mais evidente na edição 

de 1957, pois, ela é comentada tanto no texto como também nessas ilustrações, o que 

não acontece com frequência na edição de 192(?). 

Considerações finais

Milhares de gravuras, com legendas apropriadas, são que como 

novos e sintéticos capítulos. Um velho provérbio chinês afirma que uma boa 

ilustração vale mais que mil palavras.

Assim profusamente ilustrado, não só com fotografia, mas com 

desenhos e reproduções de quadros célebres, de instrumentos e aparelhos, o 

Tesouro da Juventude segue os ditames da moderna pedagogia.

Isto nós o conseguimos, além disso, de que milhares de pessoas 

folhearão essa obra com dupla emoção: a de mostrar aos filhos, ou netos, 

algo de interessante e novo e a de recordar algumas páginas lidas, pelas 

quais sentiram, outrora, uma curiosidade diferente. (TESOURO DA 

JUVENTUDE, 1957: VI)

As ilustrações servem para corroborar ou reiterar a narrativa, mas mais do que 

isso elas podem ampliar e transformar sua leitura, pois, como Chartier (2001) aponta, a 

prática de ler é extremamente ativa e dinâmica, por isso o elemento da ilustração pode 

provocar mudanças nas leituras de uma obra. Verificamos que esse processo pode 

ocorrer com ambas as edições da enciclopédia Tesouro da Juventude, pois, como o 8

Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP -Campinas, setembro, 2012.

próprio trecho acima citado, o intuito da coleção é conter várias imagens para completar 

a divulgação dos conhecimentos expostos. Apesar de claramente o objetivo das imagens 

serem para “ilustrar” os textos, e nas contracapas apresentar os temas contidos nos 

volumes, percebemos que do modo como elas foram estruturadas, dispostas e 

selecionadas, as ilustrações fizeram mais do simplesmente ornamentar o texto, elas 

possibilitaram a criação de novas leituras e olhares para as narrativas. Por isso podemos 

compreender que elas além de “reproduzir” os textos escritos, ultrapassaram seus 

sentidos e ofereceram ao leitor novas possibilidades de interpretação. Sob essa 

perspectiva podemos destacar o papel da enciclopédia como fonte para a história do 

livro e da leitura, onde se reúnem não apenas variados assuntos abordados, mas também 

imagens, como fotografias e desenhos.

Ilustrações

(Fig.1) Contracapa 

do Thesouro da 

Juventude, edição de 

192(?).9

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(Fig.2)

Contracapa do 

Tesouro da 

Juventude, edição 

de 1957. 

Fig.3

Ilustração que acompanha 

a introdução da edição de 

1957: VI.

Fig.5

“A beleza das 

flores” 

(vol.III,1957)

Fig. 4

“A beleza das 

flores” (Vol. 

XV, 192?)10

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