Gabriel Perissé
Comecei a reler, depois de duas  décadas, O idiota, de Dostoiévski. O personagem é  fascinante. Um autêntico idiota. Lembrando que a palavra remete  ao grego idiotés, "indivíduo particular", do povo, em oposição ao  aristrocrata, ser "superior" ao idiota, pois, ao contrário  deste, encontra-se integrado a um grupo de elite.
Em grego, idios é "pessoal", algo que é  próprio de alguém. "Idioma", por exemplo, é a língua própria de um povo. Em  medicina, fala-se em "idiopatia", uma afecção que não decorre de outras, que  existe por si só.
O idiota, portanto, é aquele que  possui uma marca pessoal, que nasce a partir de si mesmo. Detém uma  originalidade. É genuíno. Possui lá as suas idiossincrasias,  suas características comportamentais peculiares.
Há muito de solidão e liberdade, beleza e dor num  idiota. Por isso, talvez, ninguém goste de  idiotices...

 
                             
                                                        
 
                                 
                                 
                                             
                                             
                                             
                                             
                                         
                                         
                                        