Houve um Zorro verdadeiro
Por Flávio Bittencourt Em: 05/05/2011, às 20H46
[Flávio Bittencourt]
Houve um Zorro verdadeiro
Carlos Biguetti conta essa estória.
"ZORRO DEFENDE OS FRACOS E OPRIMIDOS"
(COLUNA "Recontando estórias do domínio público")
"(...) Em 1920, o herói [ZORRO] ganhou as telas de cinema, no filme A Marca do Zorro, estrelado por Douglas Fairbanks. Em 1940, o ator Tyrone Power protagonizou a segunda versão de A Marca do Zorro. E, em 1958, a Disney lançou a série de TV mais famosa do personagem, com Guy Williams no papel principal. Em 1998, foi lançado A Máscara do Zorro, com Antonio Banderas e Anthony Hopkins. E, em outubro, estréia A Lenda de Zorro, com Banderas e Catherine Zeta-Jones. Na ficção, o jovem hispânico rebela-se contra a tirania do governo dos Estados Unidos, que acabara de anexar o território californiano, e passa a lutar pela liberdade da Califórnia, usando uma máscara para esconder a sua verdadeira identidade."
(TRECHO DO ARTIGO DE CARLOS BIGUETTI, ADIANTE TRANSCRITO NA ÍNTEGRA,
QUE CONSTA NA WEB EM:
http://historia.abril.com.br/gente/conteudo_404409.shtml,
sendo que se pode ler, em créditos apostos no final do texto: "(...) Biografia detalhada de William Lamport com base em vasta pesquisa feita nos arquivos da Inquisição em Dublin, Madri, Vaticano e Cidade do México. O autor é professor de história e paleografia latina da Universidade de Viterbo, Itália." [O GRIFO É NOSSO].
ZORRO E SEU CAVALO TORNADO
(SÓ O DESENHO, SEM A LEGENDA
LOGO ACIMA LIDA:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Zorro)
"(...) Após longo período de educação na Europa, Diego [D. DIEGO DE LA VEGA, PERSONAGEM "frágil" QUE SE TRANSFORMA NO JUSTO, PODEROSO E HISPANOAMERICANO ZORRO, DE FORMA UM TANTO SEMELHANTE AO JORNALISTA ATRAPALHADO QUE SE TRANSFORMA NO QUASE INVENCÍVEL SUPER-HOMEM (mas este nada tinha de mestiço, sendo um caucasiano "puro"), NA OUTRA ESTÓRIA] retorna à Califórnia e passa a defender os "fracos e oprimidos", sob uma máscara e uma capa negra, empunhando uma espada e cavalgando um cavalo igualmente negro de nome "Tornado". Sem o disfarce, ele simula ser um homem que se acovarda diante de situações de perigo. (...)"
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Zorro)
"Johnston McCulley [ESCRITOR CANADENSE QUE PRODUZIU O CONTO A MALDIÇÃO DE CAPISTRANO (ficção - inspirada em fatos ditos 'reais' - pulp publicada em 1919)]
"Johnston MacCulley foi um escritor canadense, que viveu entre 1883-1958, notável por ter copiado a historia do Zorro, que realmente existiu.
Autor de centenas de histórias, incluindo Romances, contos e roteiros para cinema e televisão, MacCulley começou a entrar para história em 1919, quando seu conto A Maldição de Capistrano foi publicado em uma série de 5 números na revista pulp All-Story Weekly. Mais tarde, esse conto acabaria sendo relançado sob o formato de um Romance, cujo nome veio a ser A Marca do Zorro.
Além de Zorro, outros personagens famosos recriados por McCulley incluem Black Star, The Mongoose, Thubway Tham, the Green Ghost, the Thunderbolt, and the Crimson Clown.
ZORRO TINHA INIMIGOS
MAS ELES ERAM MEIO BRONCOS
E, DIANTE DO HERÓI,
APEQUENAVAM-SE:
(http://www.lettersfromstan.com/stan_1959-01.html)
"ACHO QUE NÃO DÃO A DIVULGAÇÃO MERECIDA A ESSA ESTÓRIA CRUCIAL PORQUE A IGREJA MATOU O ZORRO VERDADEIRO, mas é preciso verificar essa informação com mais cuidado, o que doravante será feito, se Deus - que está acima das igrejas - assim permitir"
(COLUNA "Recontando estórias do domínio púbico")
(http://www.lettersfromstan.com/stan_1959-01.html,
onde se lê:
"HENRY CALVIN PLAYED SERGEANT GARCIA ON WALT DISNEY'S "ZORRO" (1957-1959)")
=== EM EDIÇÃO: falta a revisão da digitação e revisão estilística ou "copidesque" do trecho a seguir apresentado (por enquanto é esboço, mas já vai sendo mostrado aos respeitados leitores da Coluna "Recontando...", porque ZORRO é assunto merece ser teoricamente discutido com mais vagar, como também merece ser apresentado em moldura que ressalte a sua importância na história da cultura midiática norte-americana (WALT DISNEY ENALTECENDO HERÓI HISPÂNICO, APROX. NA MESMA ÉPOCA EM QUE O CANTOR E COMPOSITOR TRINI LÓPEZ, (ESTADUNIDENSE DE ASCENDÊNCIA MEXICANA), "estourava" NAS PARADAS DE SUCESSO, NOS EUA (Richie Valens, que morreu em acidente aeronáutico ainda muito jovem, há mais de meio século, começava a fazer sucesso, também, e igualmente tinha ascendência hispanoamericana), décadas depois de a música negra ter-se imposto, por sua genialidade mesma, a plateias muitas vezes de caucasianos racistas [O RESPONSÁVEL POR ESTA COLUNA É MESTIÇO, descendente de índios, negro, portugueses, franceses e espanhóis [UCHÔA: (D. Ulysses Uchôa, pai da avó materna, a falecida professora amazonense Zulmira Uchôa Bittencourt, esposa do Prof. Agnello Bittencourt, ex-prefeito de Manaus e um dos fundadores do IGHA (Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas)]) ===
"AS PATRULHAS IDEOLÓGICAS DE ESQUERDA QUE ME PERDOEM, MAS A CAPACIDADE DE OS ESTADOS UNIDOS PRESTIGIAREM ÍDOLOS HISPÂNICOS COMO O PERSONAGEM-CAVALHEIRO (protetor de fracos-do-povão como nós [NÓS = EU, nesse período verbal]) DON DIEGO DE LA VEGA - figura demagógico-paternal que parece que existiu no sofrido mundo extra-páginas de maravilhosos romances pulp de capa-e-espada, vale dizer, no mundo sem o Zorro para proteger a classe dominada da qual perigosamente fazemos [FAÇO] parte - É PROVA CABAL DE QUE ASSIM AGEM OS PODEROSOS-QUE-NÃO-SÃO-BONDOSOS-COMO-O-ZORRO: tomam um ser da etnia que pretendem (economicamente, pelo menos) dominar e o transformam em magnífico herói-de-caráter-sem-jaça: COMO ISSO PODE TER SIDO FEITO DE FORMA INCONSCIENTE E NÃO O FOI POR ESCRITOR DOS E. U. A. (mas por um autor canadense, Johnston MacCulley [1883 - 1958]), digamos que a decisão do grande Walt Disney (1901 - 1966) - aqui considerado, ao lado de HERGÉ (belga), MONTEIRO LOBATO, VOVÔ FELÍCIO, SENHORA LEANDRO DUPRÉ, MARIA CLARA MACHADO, ZIRALDO E MAURICIO DE SOUSA (brasileiros), como UM ESOPO DO SÉCULO XX - de FILMAR O ZORRO (que, de resto, já tinha sido levado ao cinema algumas vezes), foi atestado de capacidade de contribuição pessoal para fazer com que os E. U. A. emergissem como grande potência mundial, país em cujo destino - O COMPONENTE CONSERVADOR-IDEOLÓGICO DA CONSIDERAÇÃO É INTENCIONAL, UMA VEZ QUE AQUI JÁ SE ESTÁ CONDENANDO ABSOLUTAMENTE A IGREJA (e paro por aqui no que se refere pensamento radical / anti-conservador! *rs*) - estava traçada a capacidade de liderar parte do mundo, mais exatamente a sua parte Ocidental (PATRULHAS ENCARNADAS: língua de fora pra vocês!). LEVANDO-SE EM CONSIDERAÇÃO QUE WALT DISNEY ATÉ CERTO PONTO TAMBÉM TRABALHAVA TALVEZ SEM TER EXATAMENTE CONSCIÊNCIA DE QUE SUA PRODUÇÃO ERA SINTOMA - juntamente com a invenção do refrigerante Coca-Cola, dos tecidos INDIGO BLUE (BRIM CORINGA, em liguagem do anti-herói JECA TATU [*risos*]) ou BLUE JEANS (e, mais recentemente, das emblemáticas BONECAS BARBIE, cem por cento "alienadas" e fúteis) - DE DOMÍNIO CULTURAL-MIDIÁTICO MUNDIAL quase absoluto, não é difícil se chegar à conclusão de que ESOPO, mais do que um homem (EX-ESCRAVO, NA GRÉCIA ANTIGA) foi a expressão do poderio grego-clássico, mundial, a derrotar, definitivamente a ideia de que 'estorinhas infantis são assunto menor, de tontinhos seres pueris'. POR ISSO VOLTAMOS, NESTE ESPAÇO DE LAZER E ENTRETENIMENTO - e nao de "educação e aulas chatas" -, seguidamente, às estórias infantis, infanto-juvenis e de pessoas cheias de cabelos brancos (mas que recontam estórias ditas infantis, COMO O VOVÔ FELÍCIO, por exemplo, infelizmente já falecido), sendo que, EM HOMENAGEM AO BRASIL (já que enaltecemos o poderio americano, acima), CABE RESSALTAR A IMPORTÂNCIA DE NARRATIVAS-FUNDADORAS COMO O BODE E A ONÇA, A FESTA NO CÉU E ASSIM POR DIANTE (contos populares que foram seriamente estudados por um pesquisador do jaez de CÂMARA CASCUDO, por exemplo)."
(COLUNA "Recontando...")
REVERENCIANDO A VIDA E A OBRA LITERARIA DO ESCRITOR CANADENSE
JOHNSTON McCULLEY (1883 - 1958),
EM MEMÓRIA MEMÓRIA DO ATOR ESTADUNIDENSE
HENRY CALVIN (1918 - 1975) E HOMENAGEANDO
TODOS OS SEUS COLEGAS DE recontação fílmica
DO FABULOSO ZORRO E
AGRADECENDO A CARLOS BIGUETTI POR TRANSMITIR
INFORMAÇÕES RELEVANTES SEM TER MEDO
DE ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS DE GRANDE PODER
MUNDIAL - as quais tampouco temo eu,
tão grandes foram as confusões em que ela - a Igreja Católica -
se meteu, eu sua luta (infrutífera) para não perder fiéis
6.5.2011 - A Inquisição (Igreja Católica Apóstolica Romana) horrendamente matou o verdadeiro Zorro - Carlos Biguetti conta a estória do "ZORRO VERDADEIRO". (E ESSA ESTÓRIA É SENSACIONAL!) F. A. L. Bittencourt ([email protected])
CARLOS BIGUETTI CONTA A ESTÓRIA DO VERDADEIRO ZORRO:
"Zorro desmascarado
Embora um tanto diferente do herói da ficção, o famoso cavaleiro existiu em carne e osso: era um irlandês, de pele clara e barba ruiva, que morreu condenado pela Inquisição católica
por Carlos Biguetti
Uma coisa todo mundo sabe: Zorro sempre foi um sujeito de duas caras. O que ninguém – ou pouca gente – sabe é que ele escondeu por todos esses anos uma terceira faceta. Por trás das proezas do herói da ficção está a biografia de um herói de carne e osso. Sim, o Zorro existiu. Não era mexicano, mas irlandês. Não tinha os traços latinos do Antonio Banderas, que estrela A Lenda de Zorro, com estréia prevista para 28 de outubro, mas pele muito clara, barba e cabelos ruivos. Seu nome de batismo era William Lamport. E seu pseudônimo, Guillén Lombardo. O Zorro da vida real nasceu em 1615, na cidade portuária de Wexford, sudeste da Irlanda. Morreu em 1659, na Cidade do México, então capital da Nova Espanha, condenado pela Inquisição. Em apenas 44 anos, no entanto, protagonizou um roteiro de aventuras que não poderia ter tido outro destino senão Hollywood. E, claro, o imaginário de crianças e adolescentes desde 1920, quando o galã Douglas Fairbanks surgiu nas telas em A Marca do Zorro, um dos maiores clássicos do cinema mudo.
Nosso personagem veio ao mundo em um berço de heróis. Desde o século 16, a agrária Irlanda vivia em pé de guerra contra a poderosa Inglaterra, que queria converter os católicos daquela ilha ao protestantismo. O cerco à cidade irlandesa de Kinsale, ocorrido durante o reinado de Elizabeth I, foi um marco da batalha religiosa. Era o ano de 1601 e os rebeldes locais receberam ajuda da católica Espanha para a resistência: o rei Felipe III mandou para a ilha um contingente de 6 mil homens, armas e munição. O monarca esperava que a luta contra os ingleses na Irlanda desviasse a atenção e as forças da Grã Bretanha para fora da Holanda, que se encontrava sob domínio espanhol. O desembarque das tropas cristãs aconteceu no mês de outubro. Parte da frota que transportava munição não chegou ao destino, prejudicando os combatentes. Os reforços não adiantaram e, sitiada pelos ingleses, a cidade acabou se rendendo em 1603. Só que o ódio irlandês aos inimigos permaneceu e atravessou gerações. Como muitas outras famílias, os Lamport, donos de muitas terras e católicos fervorosos, estiveram lá, em Kinsale, para lutar ao lado dos espanhóis.
O mais novo integrante do clã dos Lamport, William, já nasceu sob o jugo inglês, 12 anos após a rendição dos irlandeses cristãos. Depois de alfabetizado, o menino deixou a pacata Wexford rumo à capital Dublin para estudar. Passou pelas mais prestigiadas escolas da cidade e aprendeu latim e retórica com os jesuítas. Aos 12 anos de idade, em 1627, desembarcou em Londres, com a missão de completar sua educação, estudando grego e matemática. Um ano depois, no entanto, o caçula dos Lamport foi condenado à prisão por traição à Coroa britânica. O jovem William tinha escrito um panfleto – em latim, diga-se – rebelando-se contra os mandos e desmandos do governo inglês sobre a Irlanda. Depois de uma misteriosa fuga, foi capturado por piratas e passou a viver e a trabalhar com os ladrões dos mares, atacando, principalmente, navios ingleses. Sua vida na pirataria duraria dois anos. Em 1629, William, então com 14 anos, envolveu-se em sua primeira guerra. Durante o Renascimento, a cidade de La Rochele, no oeste da atual França, havia começado a encampar os ideais religiosos reformistas até se tornar um importante centro para a igreja protestante francesa e seus membros, os chamados huguenotes. Foi contra eles que o jovem William lutou, combatendo ao lado dos franceses para acabar com o domínio dos protestantes sobre aquela cidade, que era um dos principais portos da Europa. Quando o rei católico Luís XIII resolveu acabar com a farra herege, La Rochelle foi isolada por trincheiras de 12 quilômetros de extensão. William abraçou a causa. E a cidade resistiu por apenas 14 meses.
Com La Rochele de joelhos, o rebelde irlandês dedicou-se a outra causa. Alistou-se nas brigadas da Irlanda e mudou de lado: desta vez, lutou contra a França, pela Espanha. Terminado o conflito, ele decidiu estudar filosofia em Santiago de Compostela, na Galícia. Depois, migrou para o tradicional monastério El Escorial, a 45 quilômetros de Madri, onde mergulhou na teologia. E, com 25 anos, em 1640, depois de percorrer todo o continente europeu, aprender 14 idiomas e encarar várias guerras, William voltou para a Espanha e resolveu que fincaria suas raízes ali mesmo. Mudou seu nome para Guillén Lombardo e foi agraciado com uma bolsa para ingressar no Colégio Imperial de Madri. A essa altura, o errante irlandês já era conhecido por suas bravatas e caiu nas graças de Gaspar de Guzmán y Pimentel, o conde-duque de Olivares, um dos homens mais importantes de toda a Espanha, braço direito do rei Felipe IV. Nessa época, Lombardo também já ensaiava os primeiros passos para tornar-se El Zorro: dominava a espada com a mesma habilidade com que arrebanhava corações. Sua vítima mais conhecida nessa época foi Ana de Leiva, uma nobre da corte espanhola.
Hasta la vista, baby
O caso do irlandês errante com a rica espanhola terminou no exílio de Lombardo na Nova Espanha, atual México. Como a família dela não aceitou o romance e exigiu a punição severa do forasteiro, Guzmán y Pimentel arrumou um jeito de livrar a cara – e o pescoço – do amigo: propôs a Lombardo um emprego do outro lado do Atlântico. Ele atuaria como espião, a serviço do conde-duque, entre as tribos indígenas que ainda dominavam o novo mundo. Assim que desembarcou na América, o irlandês assumiu seu posto – e sua dupla personalidade. Era, ao mesmo tempo, um pacato professor de latim que namorava a nobre Antonia Turcio e um freqüentador dos proibidos rituais de feitiçaria dos índios. O europeu virou, assim, um aprendiz de bruxo. E, em meio à vida agitada, ainda arrumava tempo para visitar as camas das mais bonitas e cobiçadas damas da Nova Espanha. Só que Lombardo acabou envolvendo-se mais do que devia com os índios. Começou a defender ideais mal vistos pela coroa espanhola, como a reforma agrária e o fim da escravidão. E, em pouco tempo, tornou-se líder de um embrionário movimento pela independência do México.
Dois anos depois de se instalar na América e abraçar a causa indígena, o irlandês, que havia lutado em defesa da Igreja Católica na Europa, acabou condenado pela Inquisição. Em 1642, aos 27 anos, ele foi preso sob as acusações de trair a Coroa espanhola, de planejar um levante popular, de envolver-se com bruxaria e, claro, de heresia. Lombardo amargou oito anos na cadeia. Na noite de Natal de 1650, no entanto, elaborou uma fuga tão fantástica que espalhou-se o boato de que ele tinha pacto com o diabo. Com 35 anos, o aventureiro virou, então, El Zorro, que, em espanhol, quer dizer raposa – ou, no sentido figurado, homem astuto. O apelido popular serviu como uma luva para o novo Lombardo. Exatamente como o personagem que inspirou mais de dois séculos depois, ele tornou-se um cavaleiro, que, como um fantasma da noite, vagava pelas cidades, fazendo justiça com as próprias mãos. Zorro zombava dos soldados e distribuía folhetos pregando contra a Inquisição. Nos textos que escrevia, denunciava as atrocidades daquele que se intitulava o Tribunal do Santo Ofício.
Mais uma vez, porém, Lombardo caiu do cavalo derrubado pelo seu ponto fraco: as mulheres. Em 1652, ele foi surpreendido na cama da mulher do vice-rei, don López Díaz de Armendáriz. A Inquisição novamente o prendeu. E, desta vez, o já legendário Zorro queimaria no “fogo que purifica”. A execução seria cumprida no dia 10 de novembro de 1659, sete anos depois da prisão. O dia marcado para o espetáculo público amanheceu chuvoso. Na Plaza Mayor, Cidade do México, a multidão acotovelava-se. Os carrascos conduziram Lombardo amarrado, montado no lombo de uma mula. O cortejo seguiu pela rua até chegar ao destino: o convento de San Diego, onde os inquisidores mantinham o quemadero. A fogueira já estava acesa, mas El Zorro não podia ter um fim tão banal. Como se estivesse em um filme, ele agarrou as cordas que o penduravam sobre a fogueira e se enforcou. Uma vez mais, El Zorro zombou de seus inimigos. E virou mito naquelas bandas. Sua luta não foi em vão. Lombardo entrou para a história do México como o precursor da batalha pela proclamação da independência. A Columna de la Independencia, na Cidade do México, tem um mausoléu para os heróis nacionais. No vestíbulo que dá acesso ao memorial, repousa um busto dedicado à memória do herói irlandês.
As pegadas do herói
Livro escrito dois séculos depois damorte de William Lamport foi a base para a criação do personagem mascarado
Em 1872, dois séculos após a morte de William Lamport, na Cidade do México, o general do Exército Vicente Riva Palacio (1832-1896) escreveu o livro Memórias de um Impostor: Guillén de Lampart, Rey de Mexico, em que conta as aventuras do forasteiro europeu nas terras mexicanas. No romance, baseado em vasto material biográfico encontrado nos arquivos da Inquisição, Lamport ganhou uma alcunha bem ao gosto local: Diego de La Vega. O romance não ficou famoso – e nem atravessou os séculos. Mas, segundo o professor Fábio Troncarelli, da Universidade de Viterbo, na Itália, autor dos livros La Spada e La Croce (“A Espada e a Cruz”) e The Man Behind the Mask of Zorro: William Lamport of Wexford (“O Homem atrás da Máscara do Zorro: William Lamport de Wexford”), inéditos no Brasil, a obra do general serviu para a construção do herói mascarado. O Zorro surgiu em cena pela primeira vez em 1919 na série The Curse of Capistrano (“A Maldição de Capistrano”), escrita pelo jornalista e romancista americano Johnston McCulley e publicada no semanário americano All-Story Weekly. Em 1920, o herói ganhou as telas de cinema, no filme A Marca do Zorro, estrelado por Douglas Fairbanks. Em 1940, o ator Tyrone Power protagonizou a segunda versão de A Marca do Zorro. E, em 1958, a Disney lançou a série de TV mais famosa do personagem, com Guy Williams no papel principal. Em 1998, foi lançado A Máscara do Zorro, com Antonio Banderas e Anthony Hopkins. E, em outubro, estréia A Lenda de Zorro, com Banderas e Catherine Zeta-Jones. Na ficção, o jovem hispânico rebela-se contra a tirania do governo dos Estados Unidos, que acabara de anexar o território californiano, e passa a lutar pela liberdade da Califórnia, usando uma máscara para esconder a sua verdadeira identidade.
Saiba mais
Livros
The Irish Zorro – The Extraordinary Adventures of William Lamport (1615-1659), Gerard Ronan, Mount Eagle Publications, 2004
Reconstrução da vida de William Lamport, de sua infância à morte na fogueira, com detalhada contextualização histórica.
La Spada e la Croce – Guillén Lombardo e l·inquisizione in Messico, Fabio Troncarelli, Edizioni Salerno, 1999
Biografia detalhada de William Lamport com base em vasta pesquisa feita nos arquivos da Inquisição em Dublin, Madri, Vaticano e Cidade do México. O autor é professor de história e paleografia latina da Universidade de Viterbo, Itália".
(http://historia.abril.com.br/gente/conteudo_404409.shtml)
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VERBETE 'Henry Calvin ',
WIKIPÉDIA:
"Henry Calvin
Henry Calvin | |
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Nascimento | 25 de maio de 1918 Dallas |
Morte | 6 de outubro de 1975 Dallas |
Nacionalidade | Estados Unidos |
Ocupação | Ator e cantor |
Wimberly Calvin Goodman (Dallas, 25 de maio de 1918 — Dallas, 6 de outubro de 1975) foi um ator norte-americano que estreou como cantor de ópera, passando mais tarde a trabalhar em musicais da Broadway.
Sua notoriedade, porém, veio em fins dos anos de 1950, ao interpretar em três temporadas, o Sargento Demétrius Lopez Garcia, o ingênuo e obeso atrapalhado praça de Sua Majestade, mas detentor de um bom coração e com uma pura alma de criança, sabendo quando ser durão (à sua maneira) quando fosse preciso, na telessérie produzida por Walt Disney Zorro (1957-1960), estrelada por Guy Williams no papel-título. Na série, Calvin ainda usava um corpete para prender a barriga.
Seu personagem em Zorro era para ser um dos vilões da série de Disney. Nos livros e pups de Johnston McCulley, o criador do Zorro (a raposa, em espanhol), não existe Sargento Garcia, e sim Sargento Gonzalez, um militar gordo, mas implacável quanto a perseguir a raposa, sem qualquer resquício de ternura ou carisma como o sargento da telessérie da Disney. Garcia seria a inspiração deste Gonzalez na série, mas Disney achou melhor torná-lo engraçado e divertido, já que a sua série era destinada, principalmente, ao público infantil. Os produtores decidiram que Garcia seria, ao mesmo tempo, um atrapalhado "inimigo" do herói mascarado (que sempre estava atrás da recompensa pela captura de Zorro, promovido pelo Reino da Espanha), e ao mesmo tempo seu aliado, pois em alguns episódios, ele demonstra ser seu parceiro ao lutar ao lado da raposa contra a opressão e a tirania. O Sargento Garcia ficaria mais engraçado a partir da segunda temporada da série, com o surgimento do Cabo Reys (interpretado por Don Diamond), um personagem igualmente espirituoso como Garcia, que com ele fazia uma dupla cômica na série. Reys, um baixinho com voz e fala mansa, sempre cobrava o dinheiro que o sargento gordo pedira emprestado para beber vinho (um dos grandes "hobbies" de Garcia) nas tabernas, e este sempre vinha com desculpas e saídas para evitar pagar seu débito com o cabo. No entanto, os dois se uniam em situações ridículas e engraçadamente absurdas para capturar Zorro (o que nunca conseguiram) e dividir o dinheiro da recompensa, que jamais tiveram.
Com o término da série, em 1960, Calvin ainda atuou em televisão, em programas de humor como o Dick Van Dyke Show, onde em uma participação especial personificou Oliver Hardy, da dupla O Gordo e o Magro, tendo Van Dyke como Stan Laurel. Esta apresentação levou-o, em 1965, a fazer a voz de Oliver Hardy para um disco infantil, de 45 rpm, em uma esquete para um programa intitulado This Is Your Life.
Henry Calvin ainda participou de filmes para o cinema, entre os quais: "Crime Againts Joe"(1956); "Toby Tyler or Ten Weeks in a Circus"(1960); "Babes in Toyland"(1961); e "Man-Trap"(1962), este, estrelado por Jeffrey Hunter e David Janssen, e sob direção do talentoso ator Edmond O' Brien.
A partir da década de 1970, Calvin empreendeu algumas viagens para a América Central e América do Sul, principalmente na companhia do amigo Guy Williams, em excursões promovendo shows e apresentações como o Zorro, e tendo Calvin como o Sargento Garcia, o personagem que o consagrou nas televisões do mundo inteiro, principalmente na Argentina, onde, juntamente com Williams, foi convidado a fazer apresentações pelo governo daquele país.
Em 1970, Henry Calvin veio para o Brasil, desembarcando no Rio de janeiro, onde chegou incógnito e apenas para um passeio. Em um hotel onde ficara hospedado, assistiu a alguns episódios de Zorro dublados em português e pediu para conhecer o seu dublador, que foi o Mega-talentoso Orlando Drummond. Quando Drummond foi apresentado a Calvin, este ficou surpreso e declarou ao dublador brasileiro: "Você é tão pequeno e com uma voz tão grande, e eu sou tão grande com uma voz tão pequena". Orlando jamais superou o arrependimento de não ter encontrado alguém com uma câmera fotográfica para registrar tão grande momento. A Imprensa não sabia que o ator estava no país, logo não houve divulgação, seja do encontro com Drummond ou sobre sua estadia no Rio.[carece de fontes]
Mais tarde, ainda no Brasil, o mesmo Orlando Drummond redublou o finado Calvin, quando a série foi reexibida, após um longo "sumiço", em 1996, com novas matizes e ainda colorizado por computador (já que a série era no original em preto & branco), num programa intitulado O Agente G, destinado ao público infantil, apresentado por Gerson de Abreu, na emissora Rede Record. As crianças da nova geração puderam ter a oportunidade de conhecer o herói mascarado da Disney, tal como conheceram seus pais, que tinham sido crianças quando a série estreou na TV brasileira pela primeira vez.
Para a sua volta triunfal à televisão brasileira após uma ausência de cerca de quinze anos, a telessérie tinha novas matizes vindas dos Estados Unidos e estava renovada pela revolução da coloração computadorizada (desde 1983, se tornou um processo que consistia em tornar a cores os clássicos filmes produzidos originalmente em preto & branco, o que originou protestos contrários a esta inovação de muitas entidades artísticas de Hollywood, nos primórdios da década de 1980, de cineastas como Billy Wilder, Frank Capra, Martin Scorcese, e de astros como James Stewart e Barbara Stanwyck). Além disso, o programa teve que ser redublado, devido às novas aparelhagens e equipamentos de vídeo e áudio mais modernos nas emissoras de TV no Brasil, que compravam séries ou filmes apenas com sistemas de som mais compatíveis para suas aparelhagens modernas, como dolby ou hi-fi. A dublagem antiga da série era de som mono, não proporcionando, segundo as emissoras de televisão, uma qualidade de áudio desejável para o público moderno. Alguns atores brasileiros que fizeram a primeira dublagem da série no Brasil (que estreou no programa infantil"Capitão Furacão", um programa infantil exibido na iniciante TV Globo, hoje a poderosa Rede Globo), tinham já se aposentado ou falecido (como o dublador e ator Paulo Gonçalves, que dublou Guy Williams na série na 1ª dublagem brasileira; na redublagem de 1996 foi Nilton Valério o dublador de Williams/Zorro), de maneira que evidentemente precisou mudar o elenco de dubladores, com exceção de Orlando Drummond, que fez questão de redublar o mesmo Henry Calvin, o Sargento Garcia, tal como fizera cerca de trinta anos antes na 1ª estréia da série no Brasil, e com igual talento e competência.
Obeso quase toda vida, Calvin enfrentou sérios problemas de saúde. Henry Calvin faleceu em 6 de outubro de 1975.
"Walt Disney era um libertário, Flavio. Muitos de seus filmes tratam de personagens assim, como Robin Hood, Guilherme Tell e o Espantalho. Disney é a prova de que é possível ser conservador e progressista ao mesmo tempo, porque os dois termos não são semanticamente excludentes. A questão da pedofilia deve ser encarada de um ponto de vista mais abrangente. É um grande flagelo do século, mas sabemos que a maior parte dos casos se dá no âmbito da família (pais, padrastos, vovôs etc.) Já foi reconhecido que a atual campanha da mídia que atinge a Igreja Católica é desproporcional aos fatos e reflete a má vontade, melhor dizendo o ódio contra a Igreja. De fato, isto se verifica em muitas questões: não ignoramos que crimes foram cometidos pela Inquisição, mas quase não se fala nos crimes da Inquisição Protestante (que existiu) ou nos crimes do que poderíamos chamar Inquisição Ateísta (exemplo: a guilhotinação do Pai da Física, Lavoisier, pela Revolução Francesa, o que foi muito pior que o tratamento dado a Galileu). No caso da pedofilia, sabe-se que na Alemanha, se bem me lembro no período de aproximadamente vinte anos até 1995, registraram-se 210.000 casos sendo que cerca de 300 (pouco mais do que um milésimo) envolvendo o clero. A uma mensagem insultuosa de um protestante, lembrou o Padre Paulo Ricardo que, estatisticamente, há mais casos de acusações de pedofilia contra pastores protestantes que contra padres católicos. Claro, não vamos abrir campanhas absurdas contra a família, pastores protestantes, instrutores de esporte, professores etc. mas devemos reduzir as coisas às suas verdadeiras dimensões. Os lamentáveis casos de pedofilia registrados entre religiosos estão sendo punidos e, enfim, a punição canonica - resguardado o direiro à defesa, pois é muito fácil caluniar - é a "demissão do estado clerical" - o resto cabe à Justiça civil, é sua obrigação. O assunto é tratado com transparencia entre os católicos, na rede Cançaõ Nova fala-se abertamente no problema. Seriam muito ingênuos os católicos que se escandalizassem contra a Igreja em si por escândalos causados por padres. Sabemos que não se pode esperar que todos os membros do clero sejam irrepreensíveis, pois no próprio grupo original de 12 apóstolos de Jesus Cristo, havia um traidor (Judas Iscariotes). Mesmo assim, nos tempos atuais está havendo uma verdadeira primavera da Igreja Católica, com leigos sensacionais (como Felipe Aquino), padres sensacionais (como Paulo Ricardo), bispos sensacionais (como Dom Fernando Figueiredo) e papas sensacionais (como João Paulo II e Bento XVI). Hoje em dia, é motivo de alegria e entusiasmo ser católico, ainda que estejam tentando nos mandar de volta ás catacumbas".
(MIGUEL CARQUEIJA)