Homenagem a Tufic: Cinzas
Em: 18/02/2018, às 19H17
[Diego Mendes Sousa]
Terminei esta manhã
de quarta-feira de cinzas
como a natureza do tempo
apresenta-se agora.
O vento espalha-se frio
é chuva que vem
dizer
que a saudade é
um murmurar melancólico.
Deus começa a chorar, Tufic!
Depois do reinado festivo do momo,
gota a gota, fico a relembrar
os seus versos a uísque doze anos.
Guardanapos, pássaros, retratos,
noites, varandas, fraturações
do Líbano...
Seu ócio secreto!
Os espantos amazônicos!
Vou lendo a tarde extrema da sua floresta interior
e o coração hermético dos seus mistérios,
a memória não espera.
A vida ainda é dor,
onde os deuses abrigam
lágrimas e lembranças.
Velho amigo boêmio, Jorge Tufic - derradeiro poeta de antanho -
na ressaca deste e de outros
milhentos silêncios.
Parnaíba, Costa do Piauí, 14 de Fevereiro de 2018.