Hoje, Rogel Samuel no bate-papo de Entre-textos

Hoje, 17 de outubro, a partir das 20h, o escritor e crítico literário Rogel Samuel, conversará com internautas sobre o livro Novo Manual de Teoria Literária (Vozes), um dos manuais de teoria literária mais utilizados nos cursos de graduação em letras. Para participar, basta acessar o link Conversa de escritor na página inicial de Entre-textos, na hora programada.

Rogel Samuel é poeta e escritor amazonense. Quer dizer, poeta, romancista, cronista, webjornalista e colunista do Blocos On Line. Também é professor aposentado adjunto doutor do Departamento de Ciência da Literatura na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Atualmente é também colaborador de Entre-textos, assinando coluna de crônicas, postando artigos diversos e escrevendo no site o romance Teatro do Amazonas.
 
Dentre as suas obras, já publicou: Crítica da Escrita, em 1979; Manual de Teoria Literária, já com 14 edições; Literatura Básica, em 3 volumes, em 1985; O que é Teolit?, em 1986; 120 Poemas, em 1991; Novo manual de teoria literária, 3ª. Edição, em 2005 e o romance "O amante das amazonas", 2005.

Leia resenha sobre o livro:

Resenha "Novo Manual de Teoria Literária", de Rogel Samuel

por

Ana Kronemberger

[Revista Culturavozes http://www.culturavozes.com.br/
Nº. 3; Ano 96 Volume 96 2002 ISSN 014-222X]

Segundo o historiador norte-americano Jacques Barzun (autor de Da alvorada à decadência, Editora Campus), o modernismo [surgiu como] uma batalha para livrar o artista de padrões ancestrais de educação e libertá-lo para desenvolver uma visão individual do mundo. Mas tudo o que os artistas viram foi um mundo injusto, materialista, desprezível. Sendo assim, conclui Barzun, desde a década de 1920, a arte ocidental tem sido de destruição deliberada de sua própria tradição. O historiador faz o diagnóstico da decadência ocidental, onde a cultura já não tem forças para criar o novo, onde há repetição, estagnação e tédio (cf. Veja, 14, abril 2002).


Este Novo manual de teoria literária, de Rogel Samuel, publicado pela Vozes, tem como mérito nos fazer voltar no tempo e no caminho de nossa cultura percorrendo tempos de inspiração e entusiasmo pelo viés da crítica literária e de sua história. Além disso, traz ao iniciante, àquele que ainda está para trilhar os caminhos da produção literária, um verdadeiro mapa da mina, sem lhe tirar o sabor e o prazer de descobrir sozinho o tesouro escondido em cada página das nossas verdades, mitos, ilusões, fantasias...


Manual, já nos diz o dicionário, é, entre outras possíveis definições, livro pequeno e portátil, contendo o resumo de alguma ciência ou arte. Difícil, por certo, seria condensar todo o desenvolvimento da arte da teoria literária. Samuel consegue a proeza. Seu Novo manual se apresenta em 158 páginas (incluindo bibliografia), nas quais se pode vislumbrar discussões como: o que é arte?; o que é Belo?; que é poesia? E ainda se toma conhecimento de temas como: linguagem; Lacan; Mito; Hegel; Nietzsche; fantástico; gêneros literários; estilo; estilística; estruturalismo; semiologia; hermenêutica; Bachelard; crítica psicanalítica; crítica marxista; best-seller; cinema e TV; pós-modernismo; pós-estruturalismo; Michel Foucault; Derrida; desconstrução; teoria pós-colonial; crítica feminista; literatura comparada.


Em tempos em que o Big Brother deixou de ser uma promessa aterrorizante e futurística, para sentar-se conosco em nossas salas, mastigado e digerido, diluído pela cultura de massa, vale a pena ler o capítulo Best-seller, cinema e TV, deste Manual.


Lembrando McLuhan, Samuel nos recorda que a TV surge quase que em competição com o cinema; batalha vencida pela TV, que teve como aliados a violência e o medo das ruas. Foram eles que levaram o antigo espectador de cinema para o conforto e a segurança de sua telinha. A TV, por sua vez, veio marcada pela intimidade, pela familiaridade. Nossa madrinha na sala de jantar tornou-se o olho que traz para nós o mundo.


Mas sua luz hipnótica como que nos puxa para dentro dela. Se antes o sujeito na tela tinha de ser comum para não ferir a suscetibilidade de nosso lar, agora, é o sujeito comum, do outro lado da tela, que parece fazer de tudo para trocar de lugar.


Nossa intimidade está exposta na tela. Nossas brigas domésticas, nossa roupa suja, a cama desfeita, nosso tédio, nossa relação dependente com a fonte de luz e informação banalizada. Dissecado, exposto em partes cortadas de maneira mais cruel do que o Estripador conseguiria, nosso mundo revela sua face decadente e ri de nós. Tudo se apresenta separado de sua história, de suas tradições e cultura e se distorce para se vender melhor. Basta ver a proliferação de Jades...
É assim que o Novo manual de teoria literária pode nos fazer refletir sobre a nossa cultura e os rumos que ela vem tomando e, no final, quem sabe, nos trazer o entusiasmo que marcou tempos de grande efervescência, de produção, de criatividade. Samuel, indiretamente, nos faz uma proposta diferente nesta nossa época. Ele não nos torna o caminho tão fácil que nele pudéssemos simplesmente deslizar sem esforço ou proveito. Mas nos convida a olhar o passado. Oferece um manual, um guia para nos orientar. Nos convida a um pensar que não se quer, necessariamente, fácil. Um guia, não elimina nosso trabalho, não nos carrega nas costas, não remove a montanha de nosso caminho.


Ele está lá e nos estende a mão. Nós aprendemos e, depois, podemos seguir sozinhos.