Herberto Helder (1930-2015)
Em: 24/03/2015, às 17H15
Herberto Helder (1930-2015). Morreu o poeta que publicou 'A Morte Sem Mestre' (em atualização).
O poeta Herberto Helder morreu esta segunda-feira, aos 84 anos, na sua casa em Cascais. Herberto Helder era considerado o maior poeta português da segunda metade do século XX. A cerimónia fúnebre realiza-se amanhã e é reservada à família, informou a Porto Editora. "Nome cimeiro da literatura portuguesa contemporânea, poeta maior que ficará entre a meia dúzia de nomes incontornáveis da poesia portuguesa do século XX", lê-se num comunicado da editora.
Considerado um dos maiores poetas portugueses, Herberto Helder, que morreu segunda-feira aos 84 anos, deu a sua última entrevista em 1968 e recusou o Prémio Pessoa na década de noventa, rejeitando quase sempre o mediatismo literário.
Helder Luís Bernardes de Oliveira nasceu a 23 de Novembro de 1930 no Funchal, mas desde há muito que residia em Cascais. A 'Morte sem Mestre' foi o último livro do poeta, publicado pela Porto Editora em junho de 2014. O Presidente da República lembrou esta terça-feira o poeta Herberto Helder como "nome cimeiro da cultura portuguesa", sublinhando a forma como a sua escrita marcou a literatura portuguesa das últimas décadas.
"Dotado de rara imaginação e sensibilidade, a sua obra sobressai pela originalidade, a coerência e o rasgo de génio com que se afirmou desde o primeiro livro e que sempre lhe foi reconhecido pelos seus leitores", lê-se uma mensagem do chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, enviada aos familiares do poeta. O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier afirmou, numa "nota pública de pesar", que Herberto Hélder "deu novas línguas à língua portuguesa". "Herberto Helder é uma referência maior para a cultura portuguesa e para o seu lugar no mundo, e o seu contributo para a construção do Portugal contemporâneo um bem que a todos deu e do qual todos recebemos parte, enquanto Portugueses e falantes do Português", lê-se no mesmo documento.
A presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, transmitiu as suas condolências pelo falecimento do poeta Herberto Helder, que classificou de "mestre sem morte" que escrevia "palavras de libertação". "Herberto Helder é o mestre sem morte, para nos suportarmos 'em trocadilho' nas suas palavras. Palavras de libertação, palavras aladas, como que a querer "redimir" uma existência que acusava o excesso de peso do mundo numa lucidez pessoana que afinal a todos nos resgatava", lê-se na nota divulgada por Assunção Esteves. O escritor Manuel Alegre lamentou esta terça-feira a morte de Herberto Helder, de 84 anos, sublinhando que "era um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos".
O presidente da Associação Portuguesa de Escritores (APE), José Manuel Mendes, afirmou que Herberto Helder, falecido na segunda-feira, foi o criador "da obra mais fulgurante em Portugal desde a edição do primeiro livro". O crítico Pedro Mexia considerou que o lugar do poeta Herberto Helder na literatura portuguesa equivalerá ao de Fernando Pessoa na primeira metade do século XX. Herberto Helder acreditava no "poder da palavra", sem desconfianças, e esse é um dos seus legados mais fortes na literatura portuguesa, referiu Pedro Mexia. O secretário-geral socialista, António Costa, e o PS manifestaram "profundo pesar" pela morte do poeta Herberto Helder, considerando trata-se de uma "imensa perda" para a cultura portuguesa. Já Francisco José Viegas, comentador da CMTV, afirmou em direto que Herberto Helder foi "provavelmente o poeta mais poderoso, no sentido em que é o que mais influenciou toda a poesia portuguesa do seu tempo".
Obras de Herberto Helder Poesia – Poesia: O Amor em Visita (1958) – A Colher na Boca (1961) – Poemacto (1961) – Retrato em Movimento (1967) – O Bebedor Nocturno (1968) – Vocação Animal (1971) – Cobra (1977) – O Corpo o Luxo a Obra (1978) – Photomaton & Vox (1979) – Flash (1980) – A Cabeça entre as Mãos (1982) – As Magias (1987) – Última Ciência (1988) – Do Mundo, (1994) – Poesia Toda (1º vol. de 1953 a 1966; 2º vol. de 1963 a 1971) (1973) – Poesia Toda (1ª ed. em 1981) – A Faca Não Corta o Fogo - Súmula & Inédita (2008) – Ofício Cantante (2009) – Servidões (2013) – A Morte Sem Mestre (2014) Ficção – Os Passos em Volta (1963) – Apresentação do Rosto (1968) – A Faca Não Corta o Fogo (2008)