[Antônio Carlos Rocha]

Antes de inclinar-se para o estudo e a pesquisa do Zen-Budismo, o pensador alemão aproximou-se da religião protestante.

Nascido em lar católico, seu pai era o sineiro, zelador e coroinha da paróquia local, Heidegger (1889 - 1976), chegou a ir para o seminário jesuíta, mas não foi ordenado na Companhia de Jesus, prefere a cátedra de filosofia.

Em 1917 casou com a protestante (luterana) Elfride Petri. Talvez a esposa tenha ajudado um pouco, visto que, dois anos mais tarde, ao nascer o primeiro filho não batizaram a criança conforme o costume católico.

Elfride escreveu ao bispo da cidade explicando os motivos de não batizar o menino e entre outras afirmou:

“O meu marido já não possui a sua crença religiosa e eu também não a encontrei (...) Lemos, conversamos, refletimos e rezamos, muito em conjunto, chegando, só agora à conclusão de que ambos pensamos de forma protestante” (página 111).

O pensador Edmund Husserl, professor de Martin Heidegger, na ocasião escreveu:

“A minha influência filosófica tem, certamente, algo de revolucionário; evangélicos tornam-se católicos, católicos tornam-se evangélicos. Contudo, não pretendo catolizar ou evangelizar: nada mais quero do que conduzir a juventude à seriedade radical de um pensamento que evita ocultar e violar os ideais determinantes e necessários para todo o pensamento racional (...) não exercitei qualquer influência na conversão para o protestantismo, de Heidegger e Oxner, se bem que veja isto de bom grado na qualidade de cristão livre (...) quer dizer `protestante adogmático` (páginas 119 e 120).

Maiores detalhes o leitor encontra no ótimo livro Martin Heidegger – A Caminho Da Sua Biografia, de Hugo Ott, publicado no ano 2000, em Lisboa, pela editora Instituto Piaget, 366 páginas.

O autor, Hugo Ott, é professor de História da Economia e História da Sociologia na Universidade de Freiburg, justamente onde Heidegger estudou.

Renomados teólogos protestantes da atualidade, em diversos países, investigam e admiram o pensamento de Heidegger.