BIOGRAFIA

1927

1934

1941 -

1948

1949

1950/1951 -

1952 - É diplomado Bacharel em Direito, sendo eleito orador da turma.

1960

1965

1966

1969

1970 -

1971 -

1972 -

1973 -

1974

1978 -

1980 -

1985 -

1986

1987 -

1988

1989

1991

1992

1993

1995

1997

2000

2002

 

Do livro inédito CAMPO DE CINZA: REALISMO FENOMÊNICO E FUNÇÃO ÉPICA NA POESIA DE H.DOBAL, de autoria de Ranieri Ribas

- Publica Gleba de Ausentes - Uma Antologia Provisória (Editora Corisco, Teresina-PI). É lançado, sob a direção de Douglas Machado o documentário H. Dobal - Um Homem Particular. Homenageado pela Academia Brasileira de Letras numa cerimônia no Rio de Janeiro presidida por Alberto da Costa e Silva e palestrada por Ivan Junqueira.
- Publica Lírica. (Oficina da Palavra/Instituto Dom Barreto, Teresina-PI).
- Publica Grandeza e Glória nos Letreiros de Teresina (Editora Corisco, Teresina-PI).
- Publica Ephemera (Edufpi, Teresina-PI).
- O Museu do Couro solenemente consagra uma placa com o poema "Campo Maior".
- Publica Roteiro Pitoresco e Sentimental de Teresina (Fundação Cultural Monsenhor Chaves, Teresina-PI). Este livro permaneceu inédito por 40 anos; foi redigido em 1952 em homenagem aos cem anos da cidade de Teresina. Neste mesmo ano, a convite de uma comissão de acadêmicos é eleito por unanimidade para a cadeira nº10 da Academia Piauiense de Letras. Dobal ingressa em substituição do Monsenhor Antônio Monteiro de Sampaio na cadeira patroneada por Licurgo Paiva.
- Recebe da Universidade Federal do Piauí o título de Doutor Honoris Causa.
- Em uma tiragem de 50 exemplares publica Cantiga de Folhas em forma de cartão (Editora Corisco, Teresina-PI). A Academia Brasiliense de Letras elege-o para a cadeira nº21, cujo patrono é Rui Barbosa. Dobal substitui a vaga deixada pelo ministro Aliomar Baleeiro.Publica pelo projeto Petrônio Portella um livreto com o poema "El Matador".
- Publica Uma Antologia Provisória (Editora Corisco, Fundação Cultural do Piauí, Teresina-PI).
Publica Os Signos e as Siglas (Editora Corisco, Teresina-PI).
- A Fundação Cultural do Piauí lança a segunda edição de O Tempo Conseqüente com prefácios de Odylo Costa, filho (acompanhado de um breve comentário de Manuel Bandeira retirado da Antologia de Poetas Bissextos Contemporâneos) e um estudo de Maria G. Figueiredo dos Reis.
Publica Um Homem Particular, livro de contos (Projeto Petrônio Portella, Teresina-PI).
Publica pela coleção Folhetim o Poema "El Matador" (Editora Corisco, Universidade Federal do Piauí).
Publica A Cidade Substituída (Edições SIOGE, São Luís-MA). Publica ainda no mesmo ano A Serra das Confusões (Editora Corisco, Teresina-PI).
- Publica A Província Deserta (Artenova, Rio de Janeiro).
Publica A Viagem Imperfeita (Artenova, Rio de Janeiro), livro de crônicas de viagens. Traduz A Felicidade Rosewater de Kurt Vonnegut Jr. (Artenova, Rio de Janeiro).
Traduz Viver bem é a Melhor Vingança de Tomkins Calvins (Artenova, Rio de Janeiro).
Traduz O Vidiota: O Homem que Aconteceu de Kosinsky Jerzey (Artenova, Rio de Janeiro). Entre os anos de 1970 e 1971, por indicação do Ministério da Fazenda, cursa pós-graduação na Escola de Economia da Universidade de Londres. Em Berlim, realiza curso de preparação para o magistério superior de Administração na Fundação Alemã para o Desenvolvimento. Em 1971 muda-se para Brasília. De lá viajará aos EUA a serviço para realizar curso como fiscal de tributos federais. Em companhia de Domingos Carvalho da Silva, e convidado por Almeida Fischer, começa a freqüentar as reuniões de intelectuais na casa de Fischer. Neste período surge o convite para ingressar na Academia Brasiliense de Letras. Inicia os estudos de alemão no Instituto Goethe. Permanecerá em Brasília até 1986.
Publica O Dia sem Presságios (Artenova, Rio de Janeiro).
- O Instituto Nacional do Livro (INL-MEC) promove o prêmio Jorge de Lima no qual Dobal concorre e vence com o livro O Dia Sem Presságios.
- Aos 39 anos de idade publica seu primeiro livro: O Tempo Conseqüente (Artenova, Rio de Janeiro). Em concurso literário organizado pelo Instituto Nacional do Mate e pelo jornal O Globo recebe menção honrosa com o livro O Tempo Conseqüente. O concurso não laureou vencedores.
- Após encontrar-se com Manuel Bandeira (que estava em um ponto de ônibus no Rio de Janeiro) oferece-lhe uma carona. Descobrem um amigo comum, Odylo Costa, filho. Marcam um jantar na casa de Odylo e Dobal mostra a Bandeira alguns poemas. Neste ano Bandeira organiza a Antologia de Poetas Bissextos Contemporâneos na qual estão inclusos poemas de H.Dobal. São publicados na revista Senhor alguns poemas de O Tempo Conseqüente.
- Casa-se com Maria Creusa Portella Madeira. Desta união nasceram os filhos Márcio, Luciano e Susana. Muda-se para o Rio de Janeiro trabalhando como funcionário público federal. Aprovado em concurso inicia a carreira de servidor como oficial administrativo do Ministério da Agricultura. Em seguida ingressa no Ministério da Fazenda na função de agente fiscal do consumo ocupando sucessivamente as funções de chefe da Assessoria do Secretário da Receita Federal, presidente do Conselho de Contribuintes e professor da Escola de Administração Fazendária (ESAF), lecionando Direito Tributário e Processo Fiscal. O Exercício desta função possibilita-lhe viajar aos estados do Maranhão, Alagoas, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Em Alagoas atua como Agente Fiscal de Consumo na cidade de Palmeira dos Índios, onde Graciliano Ramos foi prefeito. Entre 1960 e 1971 viajará (ora a trabalho, ora como turista) a Portugal, Espanha, França, Itália, Berlim e Londres, onde visita a casa-museu de Charles Dickens e a cidade natal de Shakespeare, Stratford-upon-Avon, em Warwickshire.
Em setembro de 1950 sai o terceiro número da revista Meridiano. Levado por Clidenor Freitas, Mário Faustino vai à casa de H.Dobal. Mário residiu provisoriamente por um ano em Teresina. Em carta ao amigo Benedito Nunes, Faustino relata haver "um rapaz que escreve uns belos poemas, muito simples[...] traduz otimamente ingleses e americanos (inclusive Eliot, cummings)[...] queria que visse a biblioteca dele. Tem e lê o que há de mais moderno em criação e crítica". Nesta época Dobal contava entre 23 e 24 anos, e Faustino entre 20 e 21.
- Publica em parceria com O.G. Rego de Carvalho e M.Paulo Nunes a revista Meridiano. O primeiro número sai em outubro; o segundo em dezembro.
- Ingressa na Faculdade de Direito do Piauí onde em companhia de Manoel Paulo Nunes e O.G. Rego de Carvalho, organiza o grupo literário Meridiano. Eleito representante da Faculdade no XI Congresso Nacional de Estudantes (UNE).
Estudos secundário e clássico no Liceu Piauiense. Durante o período conhece M.Paulo Nunes e O.G. Rego de Carvalho.
- Matriculado no grupo escolar José Lopes, inicia o primário tendo a própria mãe, Rosila, como professora.
- Nasce a 17 de outubro de 1927 em Teresina, Piauí, Hindemburgo Dobal Teixeira, filho do agrimensor Mário Dobal Teixeira e da professora Rosila de Sousa Dobal Teixeira.

AMOSTRAGEM

EL MATADOR

                                                                                       H. Dobal

“1776-Agôsto, 1ª – tem começo a guerra contra os índios Pimenteiras, para a qual marchou neste dia, da cidade Oeiras, uma forte expedição militar sob o comando do tenente-coronel João do  Rêgo Castelo Branco”
        
           De sangue e de fogo
           se faz um nome.
           No sangue e no fogo
           se desfaz a história
           de muitas vidas.

           A sangue e fogo
           a ferro e fogo
           um homem liquida
           seus semelhantes.
           “... foram presos uns e postos em pedaços outros, trazendo-se as orelhas que se pregaram nos logares públicos da aldeia.”

           No sangue
                      a crueldade desnecessária
           No sangue
                      a violência contra os desarmados

           “...manda logo o tenente-coronel o seu filho Felix do Rego e alguns agregados atraz dos Gueguezes...”... mataram parte delles e levaram as cabeças que poseram em matros na aldeia de S. Gonçalo para o tempo as consumir”.
 
            Ao preço de tantas vidas
            sua vida se perde
            do consumo do tempo.

            Não matador de touros
            loureados da morte
            vencedor dos verões.
            Matador de índios.
            Sua glória triste
            pesa sobre nós.
            Sobre a sua memória
            pesa a morte inglória
            das nações tapuias.

            “... e alcançando sucessivamente as malocas dos Tapuyas, os vão passando todos a  ferro”.

            Tenente-coronel dos auxiliares
            João do Rego Castello Branco
            Chefe da tropa
            Senhor dos trabalhos
            castigos e desgostos,
            matador de índios.

            “No anno de 1780 vendo-se o tenente-coronel Jo~so do Rego na missão de S. Gonçalo com menos índios do que desejava para mandar em seu serviço.”

              Sem firmeza
              nos ajustes de paz.
              Firme na guerra
              a todos os índios.
              Rápido na guerra
              lança os proclamas
              as derramas
              de gente
              farinha
              cavalos e bois.

“O coronel João do Rego, apesar de velho e quasi cego, tomou a cargo a conquista; porque apesar de alquebrado de forças não tinha perdido a mania de querer achar o el-doirado”.

              Índios e ouro
              seu sonho execrando.
              A lagoa dourada
              O rio do Sono:
              se resolve em sangue
              a sede de ouro.

              Os corpos no campo
              para o pasto das feras.
              Passados à espada.
    
                            Acoroazes
                            Pimenteiras
                            Gueguezes

              raça extinta
              lembrança extinta
              nomes nações
              apagados
              no próprio sangue.

              Matador de índios.
              A fama de seu nome
              a fúria de seu nome
              Sua memória em sangue
              se repete. 

 

Antilírica praça

de árvores mortas.

Balcão de peixes

é o teu cimento

e namorados

de olhar de peixe

nas tuas pistas

passeiam seu desamor.

Estes confins a praça

prendem entre montanhas.

E tristes tristes de tão longe

voltam as planícies do Piauí,

onde outro gado de meninos

procura restos de feira.

Não se procure em Laranjeiras

uma Praça (onde ela está).

nas nesta vida e por inteira

e antilírica em seu estar.

e antilivre nos seus restos

que os ex-meninos vêm buscar,

e em suas feiras de namorados

de olhar de peixe, antipraça.

(H. Dobal)

PORTA-AVIÕES VISTO

 

Sobre as ondas valsa

o porta-aviões.

Belonave nave ave do mar

para o amar dos mariscos

o navio enorme dorme.

 

Na amarração do Ministério

a oficiala de administração

o supervisor-geral-dos-cabineiros

e outras patentes fazendárias

nas grandes manobras do dia burocrático

inventam canais. Ah! Minas Gerais

no balouço de sua guerra amiga

em que dilúvio nos naufragará?

 

Mas porém um anjo

‘mexendo asas azuis dentro da tarde’

se transfigura em gaivota, se precipita do céu do Rio,

sem fulgor profetiza o inadvento:

 

não haverá! não haverá!

H. Dobal

 

Campo Maior

Ai campos do verde plano

tão alagado de carnaúbas

Ai planos dos tabuleiros

todo transformados tão de repente

num vasto verde num plano

campo de flores e de babugem.

Ai rios breves preparados

de noite e nuvem. Ai rios breves

amanhecidos na várzea longa,

cabeças d’água do Surubim

no chão parado dos animais,

no chão das vacas e das ovelhas.

Ai campos de criar. Fazendas

de minha avó onde outrora

havia banhos de leite. Ai lendas

tramadas pelo inverno. Ai latifúndios.

(H. Dobal)

H. Dobal

Os amantes

Eis-me de novo adolescente. Triste

vivo outra vez amor e solidão.

Canto em segredo palpitar macio

de pétala ou de asa abandonada.

Outro amor em silêncio e na incerteza

oprime o coração desalentado

Ó lentidão dos dias brancos quando

a angústia os deseja breves como um sonho.

Insidioso amor em minha vida

reveste o tempo para o desespero,

a inquietação da adolescência.

E o pensamento me tortura, prende

como se nunca houvesse outro consolo

que não é mais de amor. Porém de morte.

(H. Dobal)

 

 


 

A VIAGEM

Claro claro mais do que a manhã

o grito dos anuns. No céu tão depressa

subia o sol o sol

nos cavalos suados.

DO MINISTÉRIO DA FAZENDA

Antílirica I

FORTUNA CRÍTICA