Por incrível que pareça, cheguei a ter conhecimento dos princípios filosóficos do Livro das Transmutações (I Ching) a partir dos meus estudos a respeito do Fausto, de Goethe, quando em 1957, trabalhava na minha tese de doutoramento, pesquisando fontes orientais traduzidas para o alemão, na Biblioteca da velha e monumental Universidade de Tubingen, Alemanha.
Parece não ser preciso investigar se Goethe teve ou não acesso ao milenar livro da sabedoria chinesa. Basta saber que, como disse Pedro de Almeida Moura, o grande clássico alemão andou pelo Oriente, em longas e reflexivas viagens espirituais, trazendo de lá intermináveis assuntos de meditação.
Os parágrafos acima fazem parte da apresentação que Delton de Mattos, doutor em Letras, fez para a edição brasileira do I Ching, editora Record, 1968.
Verificando outro livro, O Olho do Furacão, de autoria do professor, engenheiro, escritor e monge budista Murilo Nunes de Azevedo, já falecido, ele afirma na páginas 14 e 15:
“Em 1789, Wilson Jones apresenta a versão do poema de Halidasa, Shakuntala (texto clássico da Índia). Esse poema, traduzido para o alemão, arrebatou Goethe e Herder. A admiração de Goethe ficou expressa nos seguintes versos:
“Aspiras por flores frescas e frutos maduros, e por tudo
Que encanta e deleita a alma?
Queres, com uma palavra reunir o céu e a terra?
Em teu nome, ó Shakuntala, tudo se diz de uma só vez !”
O prólogo do Fausto, onde conversam o diretor de cena, o autor e um palhaço, foi evidentemente, inspirado no prólogo do drama sânscrito”.
O Olho do Furacão foi publicado em 1973 pela Editora Civilização Brasileira.