Gansos famintos devoram dois meninos travessos
Por Flávio Bittencourt Em: 02/10/2009, às 07H43
Gansos famintos devoram dois meninos travessos
Traduzido no Brasil por Olavo Bilac, a Unicamp disponibiliza-nos o clássico infantil de Wilhelm Busch (1832-1908)
Paulo Ramos transcreveu, em 3.4.2009, as seguintes informações, inicialmente divulgadas no Blog dos Quadrinhos:
"História pioneira dos quadrinhos está disponível on-line
A história infantil Juca e Chico - História de Dois Meninos em Sete Travessuras está disponível para leitura na internet. A obra é um dos trabalhos pioneiros dos quadrinhos.
O material está num site sobre literatura infantil publicada no Brasil entre 1880 e 1910. O acervo virtual é mantido pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Na página virtual, que pode ser acessada neste link, constam todas as travessuras do título e o fatídico desfecho.
Cheguei a comentar sobre o livro alemão em 16 de dezembro de 2006.
Reproduzo a seguir o texto daquela postagem.
Hans e Fritz, os protagonistas de Os Sobrinhos do Capitão, foram inspirados em Max und Moritz, do alemão Wilhelm Busch (1832-1908), um dos pioneiros da linguagem dos quadrinhos.
A obra era algo parecido com o que hoje entendemos por livro infantil. Havia uma narrativa, ilustrada por imagens dos garotos travessos.
No Brasil, a história foi traduzida pelo poeta Olavo Bilac, que batizou a dupla de Juca e Chico. O livro se chamou “Juca e Chico – História de Dois Meninos em Sete Travessuras”.
Na derradeira traquinagem, os garotos fazem buracos em sacos de trigo. São descobertos e colocados moinho, que os tritura vivos.
Ambos, evidentemente, morrem e viram comida para dois gansos esfomeados.
É a lição de moral para as crianças nunca aprontarem, mas levada às últimas conseqüências.
A cena final foi traduzida assim por Olavo Bilac (o texto é da 11ª edição, editada pela Livraria Francisco Alves; mantenho a grafia original):
Ai de ti, ó súcia arteira! / Vai ser esta a derradeira! / Também, por que é que nos sacos / Foram abrir dois buracos?… / Aí vem o dono do trigo, / E leva os sacos consigo. /
Porém, mal começa a andar, / Começa o trigo a escapar… / E êle: “Oh, diabo! Êste saco / Deve ter algum buraco! / E volta-se: e num instante / Apanha os dois em flagrante. /
Olá! Que boa colheita! / Não me escapais desta feita! / Lá vão êles, a caminho / Da morte… isto é: do moinho. /
- Mestre moleiro, bom-dia! Trago-lhe a mercadoria / Mais cara que há no mercado! / Quero isto já bem passado! / Quero já isto bem moído! /
- Pois não! Já vai ser servido! / Raque… raque… a trabalhar, / Põe-se o moinho a rodar… / E aí tendes os dois meninos, / Em grãos tão finos, tão finos, / Que são logo devorados… /
- E os dois gansos esfaimados / Nunca em tôda a sua vida / Viram tão boa comida!
(Paulo Ramos)".