Decisões equivocadas e injustificáveis tomadas por gestores, mais que deficiência técnica, vão levando nosso futebol a situações vexatórias; ultimamente, perdemos, humilhantemente, a copa do mundo; de uma tacada só, a da américa e, de forma inédita, fomos excluídos da copa das confederações. Ou melhoramos, ou capitularemos nas eliminatórias e olimpíadas. Mas alguns tentam escamotear os fatos. Como fez, ironicamente, o atual treinador de nossa seleção no seu retorno do Chile, depois da malograda e vergonhosa campanha na última copa américa, falando aos profissionais da mídia que o entrevistaram no aeroporto: não ganhamos o torneio, sim. Estamos fora da copa das confederações, e daí? Por que a cobrança, se vocês mesmos é que dizem que importantes são as eliminatórias e a própria copa do mundo? A propósito, tamanha arrogância só se justifica porque indivíduos como ele sabem que sempre haverá gente da mídia, ainda que para apenas provar ao patrão que está trabalhando, a postos para ouvi-los tecer loas ou arrotar aleivosias. Quando, porém, bem informados e independentes nomes da mídia metem-se a questionar elementos tipo nosso treinador falastrão, as respostas esperadas não vêm. Senão vejamos. Se, de fato, ele acreditasse que a copa américa é apenas um torneio comum, uma disputa chinfrim, comezinha, mequetrefe, na qual, conforme insinuou, ninguém tem nada a perder, por que, em vez de trazer jogadores exaustos, extenuados em decorrência de um ano de duras disputas no velho mundo, não convocou em seu lugar atletas que atuam no Brasil, não tão famosos como os estrelados, mas bem menos cansados, por estarem iniciando temporada desportiva, e, certamente, muito interessados em buscar um lugar no panteão futebolístico internacional? Não fez isso porque, parece óbvio, treinador da seleção é tão somente isto, não convoca ninguém; talvez nem mesmo escale seu time. Há quem diga que as empresas que patrocinam os jogadores decidem quem participa e quem joga. Essa história de dizer que não existe mais tolo em relação ao futebol, é indiscutível; todavia, com a afirmação de que o futebol brasileiro precisa se adaptar ao que é praticado, globalmente, não concordamos. Um autoaparte: chegamos a desconfiar de que nações ricas, onde grandes times praticavam, intramuros, futebol suficiente para agradar a seus torcedores, mas insuficiente para formar fortes seleções nacionais, teriam decidido importar os melhores atletas, principalmente, sul-americanos – brasileiros, argentinos e uruguaios -, para, além de montarem ótimas e lucrativas equipes paroquiais, consequentemente, ao os readaptarem a outros formatos táticos e técnicos de jogar futebol, fragilizarem as seleções dos países aos quais pertenciam, uma vez que os treinadores passariam a conviver com as babéis e confusões de técnicas e táticas por eles assimiladas, não raro, dispondo de pouco tempo para reconvertê-los às características originais. Não concordamos com quem insiste em dizer que precisamos entender que o futebol mudou. O nosso relaxou, acomodou-se, abdicou de suas melhores virtudes. Mas, fato é que continuamos metendo medo e fazendo a diferença. Seleção nenhuma nos enfrenta de peito aberto; por outro lado, torneio ou campeonato internacional qualquer terá a mesma importância e sucesso se faltar a canarinho. Se o futebol brasileiro não tivesse mais o glamour de antes, a técnica refinada de outrora, a velha e boa categoria de sempre, será que o mundo inteiro continuaria comprando nossos craques, só para desmontar os times tupiniquins ou fragilizar nossas seleções? Claro que não: de cada dez jogadores fora de série, seis, pelo menos, nascem em terras brasileiras. Querendo ou não os críticos mais ranzinzas, mesmo do jeito que está, nosso futebol ainda é fonte de inspiração, alegria e prazer aos que gostam do que é bom, bonito e divertido. Imaginem se voltarmos às origens e passarmos a praticar o futebol que acostumamos o mundo a apreciar: o genuinamente brasileiro? Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal ([email protected]