FUNGOS: POEMA DE JEFFERSON BESSA
Por Jefferson Bessa Em: 24/09/2016, às 13H31
os fungos se fundaram de vez,
se fundiram aos outros fundos
e agora se vive de fungar os dias
ruidosos aos profundos ouvidos
os fungos são muito fundos:
nas entranhas, nos recursos
nas contas furtadas
na carência das palavras
nos papéis dos burocratas
nas histórias dos triunfos
nos arcos triunfais fungados
aqui se fungam os tempos, as horas
e na unha o fungo se edifica
pois se funde ao resfriado
do ser e das almas vitoriosas
(um lenço, por favor, para assoar!
e para a unha infectada, por favor,
pasta de erva ou esmalte para sair desta furna.
que praga este fungo enfurnado em tudo!
fungo sem data!
quem se lembra de onde veio?
depressa, tragam fungicida!
a vizinha me trouxe um remédio.
o fungo desapareceu por uns dias,
mas do que adiantou se provocou irritação?
um lenço, por favor, para assoar!
e para a unha infectada, por favor,
um enlevo esmaltado para esta mentalidade daninha)
Do livro Água Fria (em elaboração)