Fragmentos da infância
Por Cunha e Silva Filho Em: 04/04/2014, às 20H58
Cunha e Silva Filho
1. Uma criança de aproximadamente cinco anos entra por alguma razão numa casa velha de corredor assombrado. A criança entra correndo e sai da mesma forma correndo quando se choca com uma mulher de idade difusa. Com o choque, a criança derruba a mulher que estava no seu caminho. Como era pequena, passou praticamente por entre as pernas da mulher. A criança ouve palavras grosseiras ou, como disse um gramático tradicional, intraduzíveis na linguagem educada.
2. Uma criança estava lá fora de casa, não muito afastada. No momento estava tentando brincar com um jumento de rua. A criança puxou-lhe a cauda uma vez, duas vezes; na terceira vez, de repente leva um coice da animália que a deixou tonta, quase caindo. A dor era aguda e de imediato voltou para casa chorando procurando pela mãe.
3.Era uma zona rural, onde se podiam ver tratores, jeeps e pessoas. A criança estava com o pai e dois irmãos maiores. O lugar era bonito, talvez uma fazenda para onde foram colegas do pai da criança a passeio. A criança se aproxima de um carro
4. Estava tudo combinado. Eles, inclusive a criança, iriam à Praça no centro de Teresina pedir esmola só de brincadeira. Assim o fizeram. Postaram-se num canto de uma esquiina e começaram a desempenhar o papel de mendigos pedindo moedas por amor de Deus.
5. O pai da criança recebeu uma visita de um conhecido. O pai apresentou os filhos àquele senhor ainda novo. “Este se chama fulano, este beltrano, este sicrano e assim sucessivamente. O visitante ficou calado olhando para cada uma das crianças e começou a fazer elogios : “Esta é bonita, esta também, até chegar a vez da criança (a mesma da relação desses fragmentos), esta é feia.” A criança, sem vacilar, na velocidade de um raio, deu um tapa na cara do visitante, que nunca, supõe-se, esperaria tal reação.Constrangimento geral. O pai da criança não sabia onde meter a cara de tanta vergonha. O visitante, idem.
7.Estavam armando um circo improvisado num terreno baldio perto da casa da criança. Eram todos colegas, um deles era primo da criança e mais velho uns seis anos. Iam brincar de circo naquele lugar, bem perto da casa do menino que havia batido na criança sem motivo algum.Estavam todos alegres com o que estavam preparando. O primo mais velho procurava fixar uma estaca alta no chão do terreno. A criança olhava para o que o primo estava fazendo e, num dado momento, a estaca caiu e foi atingir a parte posterior da cabeça da criança. Era uma estaca grossa e pesada. A dor foi lancinante e da cabeça da criança começou a jorrar sangue, muito sangue. A criança voltou correndo para a casa e a mãe, aflita diante do sangue, do jeito que estava, levou o menino a um médico famoso da cidade, que era, por sinal, parente da família. O médico cuidou dos ferimentos e prescreveu um remédio para compar na farmácia.
8. Naquele dia abençoado, o pai da criança a levou a uma procissão no tempo
9.A criança estava passando por uma calçada onde havia, em frente a uma casa de classe média, senhoras sentadas (costume da época) conversando alegremente e observando o que se passava na rua. Vem a criança de volta da redação de um jornal importante de Teresina e, ao passar pela calçada, ouvira de uma das senhoras: “Este menino parece um príncipe, olha como e anda. Que elegância, que porte!”
10. Foi terrível aquele dia em que a mãe da criança, na cozinha, preparava um alfinim quando, por descuido, caiu-lhe por um lado da fronte, o tacho com a rapadura derretida. A mãe chorava em desespero e logo a levaram ao pronto-socorro da Avenida Frei Serafim. Foi um alvoroço para a toda a família e aquela foi uma das vezes que mais sofrera a criança preocupada com a saúde da mãe.
12. Algumas vezes, em tempo muito quente, a mãe da criança ia visitar uma tia que morava pelos lados dos fundos do Liceu Piauiense. A criança costumava voltar sem a roupa, andando como veio ao mundo.
14.A criança sempre atenta ao que o pai fazia:preparar aula falando em voz alta. O pai, os livros, as leituras de jornais, a atividade escrita para os jornais durante toda a vida..A ida às escolas, sempre a pé de um lugar para outro, o dia todo, a noite também.