FLAUBERT: EDUCAÇÃO SENTIMENTAL

            Miguel Carqueija

 

Resenha do romance “A educação sentimental”, de Gustave Flaubert. W.M. Jacson Editores, São Paulo-SP, 1963. Grandes Romances Universais volume 18. Sem indicação da tradução.

 

            Falecido em 1880, autor de “Madame Bovary” e “Salambô”, Gustave Flaubert é considerado um dos grandes romancistas da França, naquele século tão pródigo em nomes que se eternizaram.

            “A educação sentimental” é uma dessas histórias de desconstrução. Frederico Moreau é um personagem irritante que, fiado nas rendas da família, vindas do pai falecido e da mãe iludida, vai a Paris e se mete na sociedade local, envolve-se com várias mulheres mas nada consegue com aquela a quem realmente ama.

            Natural de Nogent-sur-Seine, onde era amado sinceramente pela adolescente Luíza, ele despreza esse amor sonhando com os prazeres e luxo da capital. Enrola a menina, engana a mãe, passa a vida na ociosidade e na dissipação, mente até para as amantes para ficar com duas ao mesmo tempo; em uma delas gera um filho a quem não ama e que acaba por adoecer e morrer. Faz amizade com certo Kacques Arnoux e se apaixona perdidamente por sua esposa Maria. Esta porém sempre lhe será inacessível. Frederico não tem escrúpulos em desejar a esposa do próximo, em praticar adultério, em trair os amigos. Com o tempo essa vida de patifaria, que lhe acarreta muitos transtornos e contrariedades, acaba por cansá-lo; quando afinal valoriza o amor de Luíza é tarde; ela casara com o seu melhor amigo.

            Frederico permanece solitário, com a fortuna reduzida por uma infinidade de estroinices; e o final do livro é melancólico.

            Em suma a mensagem do romance (escrito por pena de mestre) é sugerir uma vida metódica e sensata, pelo contraste com a vida libertina e hedonista que leva a um beco sem saída.

 

Rio de Janeiro, 8 de fevereiro de 2018.