Cunha e Silva Filho


Prossigo, leitor, com mais uma tradução dos “English Sonnets” pessoanos. Ei-lo:


Sonnet VIII

HOW MANY MASKS wear we, and undermasks,
Upon our countenance of soul, and when,
If for self-sport the soul itself unmasks,
Knows it the last mask off and the face plain?
The true mask feels no inside to the mask
But looks out of the mask by co-masked eyes.
Whatever consciousness begins the task
The task’s accepted use to sleepness ties.
Like a child frighted by its mirrored faces,
Our souls, that children are, being thought-losing,
Foists otherness upon their seen grimaces
And get the whole world on their forgot causing;
      And, when a thought would unmask our soul’s masking,
      Itself goes not unmasked to the unmasking.

Soneto VIII

QUANTAS MÁSCARAS usamos,  e quantas máscaras menores
Sobre nosso semblante d’alma e, quando,
Embora por diversão, a própria alma a si mesma se desvela,
Sabe ser ela a última máscara revelada e o rosto, enfim, descoberto?
A máscara genuína não sente o que oculto está.
Porém, com olhos mascarados da máscara se defende.
Seja o que a consciência por dever tenha
O uso aceito deste ao estado de sono se une.
Tal como uma criança assombrada com o rosto em espelhos refletido,
Nossa almas, que são crianças, sendo pensamento em declínio,
Através de visíveis caretas a alteridade forçam
E, ao provocarem o esquecimento, o mundo inteiro para si ganham;
      E, quando a máscara de noss’alma em pensamento revelasse,
      Ele mesmo, ao revelar-se, não se revela.