Sonnet  XXI

THOUGHT WAS BORN blind, but Thought knows what is seeing.
Its careful touch, deciphering forms from shapes,
Still suggests, form as aught whose proper being
Mere finding touch with erring darkness drapes.
Yet whence, except from guessed sight, does touch teach
That touch is but a close and empty sense?
How does mere touch, self-uncontended reach
For some truer sense’s whole intelligence?
The thing once touched, if touch be now omitted,
Stands yet in memory real and outward known,
So the untouching memory of touch is fitted
With sense of a sense whereby far things are shown.
          So, by touch of untouching wrongly aright,
          Touch, thought of seeing sees not things but Sight.


Soneto XXI

NASCEU O PENSAMENTO cego, sabe, porém, este o que a visão seja.
Seu tato prudente, decifrando fôrmas de formas,
Fôrmas sugere ainda como qualquer coisa cujo adequado ser
Encontra o tato simplesmente roupagem de escuridão errante.
Donde, entretanto, exceto pela visão suposta, o tato ensina
Que não passa ele de um sentido secreto e vazio?
Como auto-decontente alcança o simples tato
De algum sentido mais verdadeiro a inteligência inteira?
Uma vez sentida a coisa, caso o tato suprimido seja agora,
Na memória genuína e conhecida por fora todavia permanece,
De sorte que do tato a memória incólume se ajusta

De um sentido a um sentido por onde coisas distantes se revelam.
             Assim, ao toque errôneo como se acertado fora,

            O tato, pensamento do ver, das coisas nada tem senão a Visão.
 

                                                            

 

                                                   (Tradução de Cunha e Silva Filho)