Sonnet XIX

BEAUTY AND LOVE let no one separate
Who exact Nature did to each fit,
Giving o Beauty love as finishing fate
And to Love beauty as true colour of it.
Let he but friend be who the soul finds fair,
But let none love outside the body’s thought,
So the seen couple’s togetherness shall bear
Truth to the beauty each in the other sought.
I could but love thee out of mockery
Of love and thee and mine own ugliness;
Therefore thy beauty I sing and wish not theee,
Thanking the Gods I long not out of place,
          Lest like a slave that for kings’ robes doth long,
          Obtained, shall with mere wearing do them wrong.


Soneto XIX

BELEZA E AMOR que ninguém os separe,
Na medida exata um pro outro a Natureza fez,
Concedendo, ó amor da Beleza, um destino completo
E, à beleza do Amor, a sua cor verdadeira.
Não mais é amigo quem a alma justo seja,
Que nenhum amor, contudo, longe fique da ideia do corpo,
Só assim a visível unidade amorosa há de mostrar
Da beleza a verdade que um no outro procura.
Amar a ti poderia eu unicamente fazê-lo só por escárnio
Do amor, e te amar, assim como à minha própria fealdade;
Por conseguinte, tua beleza canto sem te desejar,
Dando graças aos Deuses, debalde não suspiro,
              A menos que, qual escravo muito cobiçoso pelas vestes dos reis,
              Tendo-as conseguido e tão-somente usado, há de lhes querer mal fazer.

(Tradução de Cunha e Silva Filho)