Fernando Pessoa: “Sonnet XIV”




Sonnet XIV


WE ARE BORN at sunset and we die ere morn,
And the whole darkness of the world we konw,
How can we guess its truth, to darkness born,
Only the stars to teach us light. We grasp
Their scattered smallness with thoughts that stray,
And, though their eyes look through night’s complete mask,
Wyet they speak not the features of the day,
Why should these small denials of the whole
More than the black whole the pleased eyes attract?
Add what it calls “worth” does the captive soul
Add to the small and from the large detract?
      So, out of light’s, love wishing it night’s stretch,
      A nightly thought of day we darkly reach.


Soneto XIV

NO POENTE NASCEMOS, e, antes d’alvorada, morremos
Do mundo a escuridão completa conhecemos,
Como alcançar podemos a verdade, nascida da escuridão,
Da ausência da luz a escuridão, a desconhecida consequência? Discernimos
Com pensamentos sem destino sua dispersa pequenez,
E, posto seus olhos na máscara da noite penetrem,
Eles, no entanto, pelos sinais do dia, não falam.
Por que estas pequenas contradições do todo deveriam
os olhos atrair satisfeitos mais do que a absoluta escuridão?
Por que a alma cativa aquilo que ela valoriza
Agrega ao que pequeno é  e deprecia o que grande é?
Assim, o desejo do alcance da noite do amor da luz nasce,
Na escuridão alcançamos um noturno pensamento do dia.

                            (Tradução de Cunha e Silva Filho)