Elmar Carvalho

Neste meu primeiro dia de férias, saí para resolver algumas coisas. Passei inicialmente no Tribunal de Justiça, para solucionar duas pendências funcionais, onde terminei encontrando o doutor Márcio Mendes de Cerqueira, sempre educado e afável, e que tem invariavelmente uma piada novinha em folha para nos contar. Lembrou-se ele de que no início de minha carreira, quando da inauguração da reforma do prédio do fórum de Oeiras, na gestão do desembargador José Luís Martins de Carvalho, assistira à encenação de meu poema Noturno de Oeiras, feita pelo ator Bonifácio, e que se emocionara com a performance.

 

Por associação de ideias, lembrou-se de que o espaço aberto, existente no anexo do TJ, construído na gestão do des. Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho, poderia ser utilizado em apresentação cultural. Recordei-lhe que nesse “pináculo” do templo a cantora Fátima Castelo Branco já realizara um sarau, em que fomos homenageados este diarista e o des. Albuquerque. Foi um belo e memorável evento lítero-musical. Ia contar-lhe uma piada, mas o Márcio disse que seu pai, o des. Manfredi Mendes de Cerqueira, igualmente sempre bem humorado, já a contara. Portanto, indiretamente, eu já lhe contara a anedota. Sendo ele de família piracuruquense, disse-lhe que havia escrito um texto sobre o saudoso general João Evangelista Mendes da Rocha, seu parente, herói da guerra contra o nazifascismo, no qual eu reivindicava fosse esse militar e escritor homenageado em sua terra natal, que injustamente não lhe reverencia a memória. O Márcio argumentou que eu deveria dar uma palestra sobre esse ilustre patriota, e ficou de falar com seu pai a esse respeito.

 

A seguir, fui ao gabinete do des. Brandão de Carvalho, presidente da Academia de Letras da Magistratura, de que faço parte, para apresentar-lhe uma sugestão. Após relembrar-lhe que o prédio anexo do TJ fora construído em sua profícua gestão, disse-lhe que o espaço aberto situado em seu topo poderia ser usado em eventos culturais promovidos pela Academia, e sugeri-lhe a realização, bimestral ou trimestralmente, em noite de lua cheia, de sarau lítero-musical. O desembargador pediu-me que eu fizesse a sugestão por escrito, para que ele a submetesse à apreciação dos acadêmicos. No arremete, brincando, eu lhe adverti que o único risco que corríamos era o de que algum confrade pudesse ser lobisomem, que viesse a se revelar no plenilúnio.

 

Por fim, fui à agência da Caixa Econômica Federal do shopping Riverside, pagar umas dívidas e cumprir uma promessa, que também é dívida. Dirigi-me ao Roosevelt, meu conterrâneo, dinâmico e carismático gerente da unidade. Disse-lhe que vinha pagar a promessa que lhe havia feito, que consistia em dar um exemplar do livro Noturno de Oeiras e outras evocações a uma funcionária oeirense e um do opúsculo |PoeMitos da Parnaíba a um servidor natural de Parnaíba. Roosevelt me falou brevemente de suas realizações e inovações na agência, de seu diálogo constante com os servidores, na busca de melhorar e dinamizar os serviços. Falou-me que era um visitante de meu blog, e aproveitou para divulgá-lo perante umas pessoas que se encontravam presentes.

 

Mandou chamar os dois servidores a quem eu iria autografar os livros, que eram a Francineide e o Edgard Júnior. A Francineide me falou que sua irmã participara do lançamento de meu livro em Oeiras, na qualidade de aluna do IBENS – Instituto Barros de Ensino, e que na agência havia uma outra servidora oeirense, que era homônima, sobrinha e afilhada de Celina [Vieira Martins], regente da Orquestra de Bandolins de Oeiras. Pedi-lhe chamasse a colega, porquanto no texto Minha Geografia Oeirense eu homenageara a maviosa orquestra e sua maestrina. Foi uma verdadeira solenidade cultural relâmpago, feita ao sabor das circunstâncias e do improviso. Para coroar tudo, paguei minhas contas e me fui embora contente e satisfeito.