Miguel Carqueija

Quando findou a Primeira Guerra Mundial, a Hungria ficou durante algum tempo sob regime comunista, chefiado por Bela Kun. Por essa época havia um trem que percorria o país com presos políticos, de onde vez por outra era desovado um cadáver. Esse regime voltou após a II Guerra.
Stalin era tão perverso que não poupou nem aliados, pois é impressionante o número de expurgos dentro do próprio partido. Expurgo no caso quer dizer fuzilamento, mesmo. O próprio Trotsky, que com Lenin e outros armou a Revolução Russa, não escapou após cair em desgraça perante o ditador Stalin. Fugiu da URSS, ainda na década de 20, foi perseguido e afinal assassinado no México, em 1940, a golpe de furador de gelo.
Não se pense, por causa da “desmitificação” de Stalin nos anos posteriores (Mozart Monteiro, que esteve na Rússia nos anos 60, diz que precisou tomar cuidado para não pisar em sua sepultura), que os seus sucessores foram “bonzinhos”. Afinal foi Khrushev quem ordenou o massacre da Hungria em 1956, quando da rebelião anticomunista naquele país. E Brejnev, além de invadir o Afganistão num péssimo negócio (foi o chamado “Vietnam da Rússia”) também ordenou a invasão da Tcheco-Eslováquia em 1968, pelas tropas do Pacto de Varsóvia, para jugular a tentativa de liberalização daquele país (a chamada “Primavera de Praga”). E só não se repetiu o banho de sangue como na Hungria porque o governo tcheco optou por não resistir.
Os crimes do regime castrista em Cuba são bastante escamoteados pela mídia, mas dêem uma lida ni livro “Contra toda esperança”, de Armando Valladares, o poeta que ficou 22 anos preso e torturado nas horrendas masmorras do regime.
No Camboja os crimes de Pol Pot e seu khmer vermelho foram tão horripilantes (em parte mostrados no filme “Os gritos do silêncio”) que mesmo nos tempos atuais, de inversão de valores, não se vê quem o defenda. Uma grande parte da população cambojana foi exterminada após 1975. O regime marxista do Vietnam, consolidado em 1975 com a retirada das tropas norte-americanas e reunificação do norte com o sul, acabou guerreando o Camboja (primeira vez que duas nações comunistas entravam em guerra). Derrubado, Pol Pot teve um final trágico e merecido, consta que morreu acorrentado no final do século.
Nesse bolchevismo mais selvagem, o simples fato de um cidadão possuir alguma cultura e formação já o amaldiçoava como “burguês”: médicos eram mortos por serem médicos (qual o sentido disso? médicos não são necessários?). Veja-se que coisas assim também aconteceram sob Mao Tse Tung durante a sinistra “Revolução Cultural” na China, com professores sendo arrastados pelas ruas.
Ceausescu, ditador da Romênia, foi comparado a Drácula. Depois de infernizar a vida da população do campo, com migrações forçadas, certo dia ele e a esposa foram atender ao ruído do povo em frente ao palácio. Julgavam tratar-se de aplausos mas quando saíram à varanda foram estrepitosamente vaiados. A televisão registrou o flagrante inacreditável, a cara de espanto que fez o ditador antes de recuar. Ele mandou o exército reprimir o povo. Isso começou a acontecer mas veio o milagre: os militares resolveram aderir ao povo. Ceausescu e sua esposa foram fuzilados.
Famílias inteiras, inclusive crianças, foram dizimadas no México naqueles trágicos dias da década de 1920, quando os católicos eram perseguidos cruelmente: declarar “Viva Cristo Rei!” podia equivaler a uma sentença de morte.
Stalin parece ter morrido tragicamente, pelas mãos de seus colegas do Soviet. Paira mistério em sua morte. Beria tentou ocupar o poder mas acabou sendo preso e condenado à morte. Repetiu-se a sorte de Danton e Robespierre, líderes sanguinários da Revolução Francesa...
De Stalin (que contabiliza uns 80 milhões de mortes, incluindo-se os camponeses mortos à fome, os massacres nos satélites como Lituânia e Ucrânia) há muito mais a dizer, como o massacre do bosque de Katyn, na Polônia, 15.000 oficiais poloneses mortos e ali enterrados.
Stalin e Hitler foram aliados pelo Pacto Germano-Soviético que realmente existiu embora a mídia liberal e socialista faça pouco caso disso. Depois é que Stalin posou de herói e líder da resistência ao nazismo. Existe, porém, um filme documentário que mostra o brinde que os dois ditadores trocaram. Para quem acha que nada é mais oposto ao nazismo que o comunismo, vale lembrar que os extremos se tocam... até fisicamente como nesse caso.
A História registra que, no início da conflagração européia, a Alemanha nazista invadiu a Polônia pelo oeste e, alguns dias depois, a Rússia comunista invadiu pelo leste. A Inglaterra e a França só se lembraram de declarar querra à Alemanha. A Rússia teve sinal verde para invadir não só a Polônia, mas a Finlândia e quem mais ela quis, chegou a ocupar a Áustria durante anos. E Stalin só se tornou inimigo de Hitler porque este o atraiçoou em 1941, atacando-o pelas costas.
Sempre é bom refletir nessas coisas.

Rio de Janeiro, 17 de setembro de 2016.