Falece Ildásio Tavares
Por Rogel Samuel Em: 06/11/2010, às 07H48
Sonetos para Simone
(VI)
Quando eu morrer e reverter ao chão,
- não profiram discursos nem louvores
se acaso tive glória ou tive amores,
não sepultem o passado em meu caixão.
Não euro missa, prece ou oração;
- nem sufoquem meu corpo sobre flores;
não levem ao cemitério pranto ou dores,
quer seja de saudade ou de paixão.
Recitem versos, cantem melodia
- não fui senão poeta em minha vida,
girando dentro em mim qual caracol
Terei mais luz no derradeiro dia,
- um cruel esplendor na despedida
poesia enchendo o túmulo de sol.
Ildásio Tavares
Vítima de AVC (Acidente Vascular Cerebral) faleceu dia 31 de outubro Ildásio Tavares (nascido em Ubaitaba, atual cidade de Gongoji/BA, em25/01/1940), irmão da fotógrafa e poeta Ednalva Tavares e cunhado de José Louzeiro. Além de poeta, jornalista e compositor, tendo mais de 40 músicas gravadas por Vinícius de Moraes, Maria Bethânia, Alcione, Toquinho, Nelson Gonçalves e Maria Creuza, Ildásio Tavares também era professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em Salvador, formou-se em Direito e em Letras na UFBA, tendo feito o Mestrado na Southern Illinois University, doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-doutorado na Universidade de Lisboa. Durante muito tempo, Ildásio Tavares foi tradutor e professor de inglês, ofício do qual surgiu o seu livro "A Arte de Traduzir". O escritor eixa seis filhos e uma vasta obra literária que começou a ser publicada em 1968, com o livro "Somente um Canto".