Extremos que se tocam: política e violência no Brasil
Por Cunha e Silva Filho Em: 21/07/2015, às 10H59
Cunha e Silva Filho
Aviso aos leitores: este texto não é um ensaio nem um estudo de especialista. É, antes, de um observador dos fatos que acontecem em meu país e para os quais só aspiro a contribuir para lançar algumas ideias com vistas à melhoria de nossa sociedade.
Afastado há dias de temas sociais, retomo agora temas que estão intimamente interligados no meio brasileiro: as questões da política e da violência. Numa e noutra há pontos convergentes que se equivalem, que se aproximam e são praticamente semelhantes se levar em conta componentes como caráter do povo brasileiro, condição social degradada da população e a famigerada impunidade.
Creio que o noticiário da política nacional, mesmo visto pelas chamadas das manchetes de jornais, não é nada abonador à imagem da situação – agônica - em que partidos em geral e, sobretudo o PT, nos envolveram e, o que é pior, nos envolveram à nossa revelia.
As lutas inrtra-partidárias ou interpartidárias, ora semelham a uma comédia, ora a uma tragédia grega. A violência de parte a parte serve a um propósito: confundir as consciências alienadas da maior parte da sociedade.O poder delegado aos políticos só é legítimo porque alguém, sem comprometimento político algum, por vezes por mera farra ou molecagem, elemento carnavalizador do votante brasileiro, vai às urnas de forma compulsória e vota em candidatos sem a mínima condição de representar o povo, e aí temos os humoristas de segunda classe, os artistas oportunistas (até rimou), os esportistas aproveitadores de seu passado de glórias e de mau-caratismo. Seria isso representação lídima de um povo?
Não, isso nunca foi nem será pleito eleitoral verdadeiro, mas uma farsa cooptada, consciente ou inconscientemente, pelo próprio povo desunido, dividido em classes e, assim, presa fácil do “reinado” dos demagogos e dos politiqueiros de longa e breve data.
Por outro lado, o país se modernizou. Funciona até bem em alguns setores que até nos causa espécie. O país é outro, se informatizou, tem shoppings espalhados em muitas partes ao longo de seu território. Os shoppings se tornaram uma espécie de segundo lar do brasileiro. Desta forma, nos dá a impressão de que vivemos bem no meio de tanta suntuosidade, riqueza, produtos sofisticados de comunicação instantânea.
Os restaurantes de classe média, nos fins de semana, sempre se encontram lotados de gente com apetite pantagruélico. As bebidas rolam pelas goelas abaixo, os carros de luxo desfilam pelas ruas da alta burguesia. A ilusão de ótica nos dá a impressão de que estamos num mundo paradisíaco, num Éden, não o bíblico, mas o do hedonismo exibicionista, uma afronta, de certa maneira, às camadas mais precárias de nossa sociedade, os merdunchos da vida, os esfolados pela engrenagem do capitalismo mal assimilado.
Enquanto isso, no Planalto, as lutas persistem aguerridas. Parte da oposição rompe com o governo petista via presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o qual, por seu turno, é acusado de também ter recebido polpuda propina de empreiteiras. Ou, por outra, o oposicionismo pró-governo federal (que confusão dos diabos e ausência de vergonha na cara a um só tempo!) já não sabe quem é quem no reinado da luxúria e da prestidigitação da politicalha.
Pipocam as denúncias, as delações premiadas. Os executivos, com a burra cheia de dólares, depositados não sei onde, surgem perante os telespectadores das TVs ou das páginas dos jornais. Estão mesmo presos ou apenas não passa de um palco de encenação simbólica, de um simulacro? Quero acreditar que não, que as prisões valerão e serão cumpridas, não nos domicílios dos acusados, mas atrás das grades para a execração pública e lição aos que tentarem novas maquinações contra o dinheiro do povo. Isso se as denúncias contra eles forem realmente comprovadas. Aí sim, passarei a crer em alguma coisa séria do Estado Brasileiro e de suas instituições.
Entretanto, enquanto os sinos badalarem pedaladas de reais dos governantes no poder à busca voraz de pecúnia para sustentar a barriga dos pobres e dos falsos pobres que se beneficiam do bolsa-família e queijandos, manterei minha posição firme de descrença e de repúdio contra o governo petista. O Brasil, por enquanto, me parece caleidoscópico, camaleônico, macunaímico, banânico, bruzundanguense, em suma, uma miragem perigosa no deserto das ações dos Palácio do Planalto.
Nesse ínterim, na rua, nua e crua, a delinquência corre frouxa e sem medo da decantada redução da maioridade. Crimes hediondos são praticados diuturnamente, notadamente nas grandes cidades brasileiras, por adolescentes bandidos. Oh, desamparados, coitadinhos, “filhos” da injustiça social que, no mínimo, em doze anos de petismo antropofágico, mistura princípios de democracia de fancaria, autoritarismo e esquerdismo caviar.
Falso esquerdismo, amante dos louros do neoliberalismo, das viagens a Miami, Nova Iorque e países adiantados da Europa e de outros continentes que estão na moda, embora, a todo instante, ameaçados do terrorismo mundial fundamentalista. É a esquerda postiça, mui amiga dos pobres desde que fiquem sempre pobres e ganhem as migalhas do assistencialismo populista. Contudo, é uma “esquerda” que adora os produtos do capitalismo, amam Nova Iorque, os hotéis sofisticados, a indumentária dos milionários, os carrões de luxo e a dolce vita dos bacanas.” Só sociólogos europeus, norte-americanos e mesmo brasileiros de gabinetes, avessos ao contato com a arraia-miúda, posam de defensores do Lula, político guindado a segundo “pai dos pobres” de nossa combalida Nação. Lula atualmente goza de uma posição ambígua: a de ser um homem bem sucedido financeiramente e de estender tudo isso à sua família ilustre que ama o doce capitalismo, cujos frutos já se multiplicam aos olhos da patuléia basbaque e semianalfabeta.
Esta a pátria amada idolatrada, salve, salve que, com tantas evidências, deixam, incólumes, pelo menos dois responsáveis pela ópera-bufa encenada desde a guinada do embuste esquerdizante do voto conseguido às expensas das milionárias propinas do dinheiro dos lucros das grandes estatais através de diretores nomeados pelo governo federal em conluio com grandes empreiteiras e políticos do governo ou de partidos aliados a ele.Tais diretores de estatais se tornaram, destarte, verdadeiros donatários baseados na Petrobrás e disfarçados de bom-mocismo a serviço do “bem-estar” da Nação brasileira.
Se no alto da pirâmide exemplos de lisura, de dignidade profissional, de ética pessoal é moeda podre, como os que estão na base da pirâmide podem se espelhar na ausência completa de caráter? Ora, um país assim, não pode dar certo. Conhecendo a estrutura parcial das leis brasileiras permitindo que a impunidade passe ao largo dos graves problemas da violência crônica e crescente no dia-a-dia da nossa sociedade, o cidadão honesto, contribuinte dos impostos, vítima dos juros estratosféricos que funcionam como se fossem estelionatos sob a proteção das leis do mercado, vive sobressaltado de todos os lados, i,e., ive por sorte, por milagre, em cidades sem a devida e necessária segurança que se espera há anos das autoridades responsáveis, tantos nos níveis municipais, estaduais quanto federal.
O país está hoje sofrendo a pior fase de violência de toda a história brasileira. Os assassínios cometidos se tornaram banalizados. Apenas se noticiam como dados estatísticos. Os governos estaduais e o federal não se importam mais com as matanças de seres humanos. Assassinam-se pessoas de todas as idades por roubos de bicicletas, de motos, de carros, de “saidinhas de bancos,” de assaltos à propriedade privada, de crimes para compras de drogas, de crimes no trânsito, por estupros, seguidos de morte, de meninas indefesas, de mortes sem motivação, ou seja, mata-se só por crueldade.
Em quase todas estas situações sumariamente citadas aqui, sinto que há um profundo vazio de compromisso do governo federal para equacionar, com urgência urgentíssima, o teatro de horrores em que se atolou o nosso país para vergonha dos povos civilizados. Ainda mal consigo acreditar como um país tão atraente turisticamente como o nosso ainda encontra pessoas que viajam. É temeroso viver, agora, no Brasil, sair sozinho a qualquer parte da cidade. Sempre ficamos com a pulga atrás da orelha. Infelizmente, a população, sobretudo os mais necessitados, tem que sair de suas casas e enfrentar o batente.
Para os que creem só restam as orações, os pedidos a Deus a fim de que nos poupe do fantasma da violência. Para finalizar, que Deus nos livre da camarilha pela qual é regida em geral a política brasileira. Que os órgãos de investigação da Lava Jato encontrem os culpados da nossa caótica crise financeira, não obstante intuirmos que não é tão complicado assim indigitá-los com quase cem por cento de certeza.