Etnias Waurá, Kalapalo e Kamayurá comemoram decisão do Conselho Consultivo do Patrimônio Histórico do Brasil

Dois lugares sagrados do Alto Xingu, Sagihengu e Kamukuwaká, já estão devidamente tombados.

 

 

  

 

 

 

 

 

Estes lugares [do Alto Rio Xingu, Estado de Mato Grosso (Brasil), que agora estão tombados] tem a mesma relevância para nós [Waurá, Kalapalo e Kamayurá], quanto os lugares sagrados de outros povos como Meca, Jerusalém, Cristo Redentor etc.”

(IANACOLÁ RODARTE, representante Kamayurá dos 14 povos indígenas do Alto Xingu,

depoimento reproduzido no artigo adiante transcrito na íntegra)

 

 

 

 

"Dia Nacional do Patrimônio Histórico

Título: Dia Nacional do Patrimônio Histórico
Data: 17 de Agosto
Em 17 de agosto de 1898 nascia em Belo Horizonte, Minas Gerais, o advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco de Andrade (primeiro da direita para a esquerda na foto ao lado), criador do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1937, e diretor da Instituição durante mais de 30 anos.
Durante as comemorações pelo centenário de seu nascimento, em 1998, o 17 de agosto foi instituído como o Dia Nacional do Patrimônio Histórico".
sendo Mário de Andrade - expoente do Modernismo Brasileiro - o segundo, na fotografia, da direita para a esquerda; autores e servidores públicos como Rodrigo Melo Franco de Andrade, Carlos Drummond de Andrade [foi chefe de gabinete do ministro G. Mangabeira], Benjamin Lima [fundador do Curso Prático de Teatro, embrião do Conservatório Nacional de Teatro (atual Curso de Graduação em Artes Cênicas da UNI-RIO)], Cândido Portinari, Manuel Bandeira, Heitor Villa-Lobos, Cecília Meireles, Lúcio Costa, Vinicius de Moraes e Afonso Arinos de Melo Franco fizeram parte do grupo que trabalhou com Gustavo Capanema, à época)
 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPA DA COLETÂNEA Discursos e outros escritos,
 
DE GUSTAVO CAPANEMA, ministro da Educação e Cultura
 
no primeiro mandato do Presidente Getúlio Vargas [de julho de
 
1934 a outubro de 1945, tendo sido o político que mais tempo
 
permaneceu ocupando o cargo de primeiro gestor do MEC];
 
G. Capanema convidou eminentes criadores ligados ao
 
Movimento Modernista -  como. por ex. Mário de Andrade,
 
autor de Macunaíma (1928),  obra construída a partir de
 
personagem de lendas  Taulipang [ou Taurepan] e Arekuná, 
 
do Extremo Norte (Rio Branco: (hoje) Estado de Roraima / 
 
Sul da Venezuela),  anotadas por Theodor Koch-Grünberg,
 
no início do século XX - para  integrar a sua equipe de trabalho,
 
nos anos 1930
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O HUMANISTA PAULO DUARTE, QUE FOI PROFESSOR DE PRÉ-HISTÓRIA NA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, contribuiu decisivamente na elaboração na principal norma legal brasileira de proteção do Patrimônio Arqueológico Nacional (Lei nº 3.924, de 26.7.1961)
 
(SEM A LEGENDA ACIMA CONFERIDA:
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Luiz Fernando de Almeida, presidente do IPHAN

(http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=841871)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://bussolaliteraria.blogspot.com/2009/07/um-olhar-um-sonho-com-as-orquideas.html)

 

 

 

 

"(...) O início da pesquisa arqueológica acadêmica no Brasil (1950-1964) coincidiu com o período mais longo da democracia (1945-1964). O humanista Paulo Duarte foi grande responsável por isso. Por conta de sua amizade com Paul Rivet, diretor do Musée de l'Homme, em Paris/França, Duarte criou a Comissão de Pré-história na Universidade de São Paulo, em 1952. Lutou pela proteção jurídica da herança brasileira e, como resultado de seu esforço, o Congresso Brasileiro promulgou uma legislação sobre o tema (Projeto de Lei 3537/57, aprovado como Lei 3924, em 1961) protegendo os sítios arqueológicos. Até hoje ainda é a única lei federal explícita sobre a proteção ao patrimônio arqueológico. (...)".

(PEDRO PAULO A. FUNARI e ERIKA M. ROBRAHN-GONZÁLEZ,

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-90742008000200002&script=sci_arttext)

 

 

 

 

 

 

 

                                           Homenageando os índios do Brasil e das Américas 

  

 

 

24.6.2010 (Brasília) - A decisão é histórica e orgulha o país - A Assessoria de Comunicação do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) divulgou a notícia a seguir transcrita, em 24 de junho último. E, logo em seguida, vários veículos de comunicação passaram a buscar informações sobre os lugares indígenas considerados patrimônio cultural: dimensões, quantidade de habitantes, número de aldeias que lá se fixaram, acidentes geográficos da região, histórico da luta pelo tombamento e assim por diante. F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

INFORMA O IPHAN EM SEU PORTAL (MATÉRIA DIVULGADA ONTEM, 24.6.2010)

 
 

 

"Lugares sagrados para indígenas recebem a proteção do Iphan
 
 
24/06/2010

Os dois lugares sagrados para as comunidades indígenas do Alto-Xingu, no Mato Grosso, Sagihengu e Kamukuwaká, são agora patrimônio cultural do Brasil. O Conselho Consultivo do Patrimônio Histórico aprovou nesta manhã (24), por unanimidade, o pedido de tombamento apresentado pelas etnias Waurá, Kalapalo e Kamayurá e reforçado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan.

O presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida ressaltou que o tombamento é um marco para os trabalhos da Instituição que está com uma visão mais ampla no que se refere à proteção. “Neste caso do Alto-Xingu, não se pode direcionar a proteção somente à área de arqueologia, até porque a questão cultural é fundamental para a manutenção dos rituais e consequentemente da identidade desses povos”, afirma.

Os dois lugares que fazem parte do Kwarup, a maior festa ritualística entre os povos do Alto-Xingu – partilhada pelas nove etnias que formam seu complexo cultural –, estão fora da demarcação do Parque Nacional. O pedido ao Iphan para tombamento dos lugares sagrados foi apresentado em 2008 com a intenção de garantir a conservação e o direito de acesso às comunidades indígenas ao local, além de preservar a cultura nos seus aspectos espirituais e religiosos das comunidades que participam do rito.

O representante dos 14 povos indígenas do alto-Xingu, Ianacolá Rodarte, índio do Kamayurá, disse que o rito do Kwarup é vital para a existência da comunidade e comparou a importância dos lugares sagrados de Sagihengu e Kamukuwaká como os monumentos não indígenas. “Estes lugares tem a mesma relevância para nós, quanto os lugares sagrados de outros povos como Meca, Jerusalém, Cristo Redentor etc.”, disse.   
    
Com a redução dos limites originais do parque, inferiores ao território histórico de ocupação indígena, as nascentes do rio Xingu foram ocupadas por pólos agropecuários. Hoje, o parque possui aproximadamente 30 mil km² e abriga 14 povos indígenas, espacialmente divididos entre povos do alto, do médio e do baixo Xingu. Ao longo do trabalho de pesquisa desenvolvido durante quatro anos, o Iphan realizou registros textuais, fotográficos e videográficos para obter uma documentação capaz de refletir o patrimônio estudado, que abrange bens de natureza material e imaterial.

Para Maria Clara Migliacio, diretora do Centro Nacional de Arqueologia do Iphan, o tombamento representa não só a ampliação das perspectivas da atuação do Instituto junto aos povos indígenas, como reafirma a ampliação do próprio interesse do órgão por bens culturais ainda pouco considerados nos 73 anos de existência. “O tombamento está na direção dos novos paradigmas do patrimônio cultural brasileiro”. 
 
O Kwarup e os lugares sagrados
Embora os integrantes do Alto-Xingu sejam de etnias diversas eles formam uma unidade cultural maior, compartilhando mitos, ritos, cerimônias, um sistema de trocas de bens materiais e especialidades artesanais mas, sobretudo, um sentimento comum de identidade e pertencimento cultural. O Kwarup é um deles. Trata-se de uma cerimônia com duração de alguns dias, de homenagem póstuma a chefes e lideranças. Os indígenas choram, cantam, rendem homenagem aos mortos, dançam, tocam seus instrumentos e lutam. As palavras Kwarup ou Quarup são formas aportuguesadas da palavra kwaryp kamayurá.

O Rito anual estabelece o fim do luto e da tristeza, ao mesmo tempo em que restaura a alegria, a vida, sendo o início de um novo ciclo vital. Acontece sempre no final da estação seca, ou seja, durante o mês de agosto; às vezes, em setembro. Ocorre normalmente em uma das aldeias que tiver perdido um parente importante, cuja família consente e promova, então, a cerimônia, tornando-se o “dono” da festa. O dono, o “convidador” tem que alimentar os seus convidados. Isto significa que ele tenha feito uma reserva para servir a todos os convidados no dia da festa sob pena de sentirem-se ofendidos ou ser mal interpretado como pessoa mesquinha.

Segundo antropólogos, a melhor maneira de encontrar a lógica interna de uma cultura é conhecendo a sua mitologia, pois ela carrega a coerência de cada cultura, dotando-a de sentido, justificando os comportamentos sociais, compondo as tradições e se reatualizando através dos ritos. Assim o Primeiro Kwarup, realizado por Sol e Lua para a mãe deles, fornece às comunidades indígenas do alto-Xingu o modelo exemplar da festa ritualística mais importante.

Neste ritual, Sagihengu é o lugar onde começa a cerimônia do kwarup e onde as comunidades indígenas afirmar ter ocorrido o Primeiro Kwarup em homenagem a uma mulher: a Mãe. O lugar também tem remédio para ficar forte e bonito, e para sonhar com vida longa. A cerimônia neste local homenageia, efetivamente, a vida, apesar de ser uma cerimônia funerária. O kwarup é uma festa para espantar a tristeza, para acabar com uma situação de luto e encaminhar o espírito para o outro lado, para o lado de cima. No Sagihenhu tem peixe, tem água, tem choro e tem alegria, tem morte que acaba e tem vida que começa, dá início a um novo ciclo de vida.

Outro local sagrado é o abrigo rochoso Kamukuwaká, que também fica fora do parque e tornou‐se propriedade particular apesar da sua importância para a comunidade xinguana. Kamukuwaká é Sepulcro, é Ventre materno, local de vida e de morte, de passagem de um para outro. O lugar era prisão/sepulcro e local de renascimento, onde o cacique Kamukuwaká e seus parentes ficaram encerrados. Este povo, punido pelo Sol, invejoso de sua beleza, é o antepassado dos Waurá. Foi no abrigo Kamukuwaká que teve início o ritual de furação de orelhas, fazendo morrer o menino e nascer o homem.

Os dois locais foram mapeados em 2005 e em 2006, durante a primeira etapa do Programa de Patrimônio Cultural, por meio de pesquisas transdisciplinares que envolveu a participação direta das próprias comunidades indígenas. Em 2008, o Prêmio Rodrigo Melo Franco teve como vencedor na categoria apoio institucional e financeiro ações voltadas para estes lugares sagrados.

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
Formado por 22 conselheiros, especialistas em diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia, é presidido pelo presidente do Iphan Luiz Fernando de Almeida. Ao Conselho Consultivo compete examinar, apreciar e decidir sobre questões relacionadas ao tombamento, ao registro de bens culturais de natureza imaterial e à autorização de saída temporária do país de patrimônio cultural protegido por legislação federal e opinar acerca de outras questões relevantes do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

As outras propostas de tombamento que serão discutidos hoje (24), na parte da tarde, no Rio de Janeiro, são: Bens da imigração Japonesa no Vale do Ribeira em São Paulo e Teatro Oficina, também em São Paulo.

Mais informações
Assessoria de Comunicação Iphan
Mécia Menescal – [email protected] -  (61) 9972-0050  (61) 9972-0050
Adélia Soares – [email protected]
Daniel Hora – [email protected]
 (61) 2024-6187  (61) 2024-6187 / 3326-6864
(61) 2024-6194 – 3226-8907
www.iphan.gov.br / educacaopatrimonial.wordpress.com / @IphanGovBr 

Fonte: Ascom

(http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=15201&sigla=Noticia&retorno=detalheNoticia)

 

 

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ARQUEOLOGIA DA AMAZÔNIA:

três peças magnas

 

"Cerâmicas



Estátua antropomorfa
Cultura Tapajônica - Região de Santarém (PA) - Ca. 1000-1600 d.C.
Museu de Arqueologia e Etnologia da USP - (Foto Wagner Souza e Silva)





Estatueta de Base Semilunar
Cultura Tapajônica - Região de Santarém (PA) - Ca. 1000-1600 d.C.
Museu de Arqueologia e Etnologia da USP - (Foto Wagner Souza e Silva)





Vaso de Cariátides
Cultura Tapajônica - Região de Santarém (PA) - Ca.1000-1600 d.C.
Museu de Arqueologia e Etnologia da USP - (Foto Wagner Souza e Silva)
Informações da repórter Giana Cunha 9:09 PM "

(http://www.phatos.blogger.com.br/2003_10_01_archive.html)

 

 

 

 

(http://www.unerj.br/blogbiblioteca/?p=1980)

 

 

 

 

Villa-Lobos toma posse como diretor do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico; recebe cumprimento do ministro da Educação e Cultura, Gustavo Capanema, no gabinete deste; ainda na foto, Coronel Jonas Corrêa (de branco) e, próximo ao ministro (à esquerda), o professor Albuquerque da Costa
Villa-Lobos toma posse como diretor do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico; recebe cumprimento do ministro da Educação e Cultura, Gustavo Capanema, no gabinete deste; ainda na foto, Coronel Jonas Corrêa (de branco) e, próximo ao ministro (à esquerda), o professor Albuquerque da Costa

 

(http://www.museuvillalobos.org.br/ingles/villalob/cronolog/1941_50/foto_01.htm)

  

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE:

EM SEU PRECIOSO ACERVO, O IPHAN -  QUE

SE CHAMAVA SPHAN - GUARDA PROCESSOS

COM PARECERES DO GRANDE POETA BRASILEIRO 

SOBRE ASSUNTOS RELATIVOS À PROTEÇÃO DO

PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL

(http://pensandoemfamilia.com.br/blog/tag/vida/)

 

 

 

 

MURAL DE AZULEJOS CONCEBIDO POR CÂNDIDO PORTINARI, NO PALÁCIO GUSTAVO CAPANEMA

(CENTRO DO RIO), PRÉDIO DO ANTIGO MEC ONDE FUNCIONA O IPHAN NA CIDADE MARAVILHOSA

(http://www.molon.com.br/website/blog.asp?ident_sec=4) 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

JUCA FERREIRA (João Luiz Silva Ferreira), ministro da Cultura, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, presidente da República, DILMA ROUSSEFF, ministra chefe da Casa Civil / candidata à presidência e GILBERTO GIL, ministro da Cultura que antecedeu JUCA FERREIRA nessa Pasta Ministerial

(SÓ A FOTO DAS AUTORIDADES BRASILEIRAS, SEM A LEGENDA ACIMA REDIGIDA, ESTÁ, NA WEB,

EM:

http://www.cultura.gov.br/site/2008/08/28/novo-ministro-da-cultura/?pid=250,

onde se pode ler:

"O novo ministro da Cultura, Juca Ferreira, foi empossado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)")

 

 

 

LEIA A MATÉRIA ANTERIOR DESTA MESMA COLUNA DO PORTAL ENTRE-TEXTOS:

Conto indígena, "O jabuti, o jacaré, a onça e o cipo/cabo-de-guerra":

http://www.portalentretextos.com.br/colunas/recontando-estorias-do-dominio-publico/o-jabuti-o-jacare-a-onca-e-o-cipo-cabo-de-guerra,236,4289.html 

 

 

 

 

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"EXPRESSO MT - A notícia em primeira mão"

(23.6.2006)

"MATO GROSSO

Preservação

 
Lugares sagrados para indígenas podem receber a proteção do Iphan

O pedido de tombamento foi apresentado pelas etnias dos Waurá, Kalapalo e Kamayurá, buscando garantir a realização de rituais.
 

 

Ritual do Kwarup tem duração de alguns dias quando são feitas homenagens póstumas a chefes e lideranças.

Ritual do Kwarup tem duração de alguns dias quando são feitas homenagens póstumas a chefes e lideranças.

 

 

 Mais do que reconhecer o valor histórico, social e simbólico de locais sagrados para as comunidades indígenas do Alto Xingu, em Mato Grosso, o Conselho Consultivo do Patrimônio Histórico poderá garantir a continuidade de uma tradição de nove etnias.

 

No encontro do dia 24 de junho, os conselheiros avaliarão a proposta apresentada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para o tombamento dos lugares sagrados Sagihengu e Kamukuwaká. A reunião será às 10h, na Sala dos Archeiros do Paço Imperial, que fica na Praça XV de novembro, no centro do Rio de Janeiro.

 

Os dois lugares que fazem parte do Kwarup, a maior festa ritualística entre os povos do Alto Xingu – partilhada pelas nove etnias que formam seu complexo cultural – ficaram fora da demarcação do Parque Indígena.

 

O pedido ao Iphan para tombamento dos lugares sagrados foi apresentado em 2008 pelas etnias Waurá, Kalapalo e Kamayurá. A intenção era garantir a conservação e o direito de acesso às comunidades indígenas ao local, além de preservar a cultura nos seus aspectos espirituais e religiosos das comunidades que participam do rito.

 

Os técnicos do Iphan que trabalharam no inventário e na elaboração do dossiê de tombamento confirmam os riscos para Sagihengu e Kamukuwaká. De acordo com o documento, é necessário garantir a preservação desses espaços que vêm sofrendo com desmatamento, erosão, pesca predatória, manejo inadequado e atividades agropecuárias.

 

Com a redução dos limites originais do Parque, inferiores ao território histórico de ocupação indígena, as nascentes do rio Xingu foram ocupadas por pólos agropecuários. Hoje, o Parque possui aproximadamente 30 mil km² e abriga 14 povos indígenas, espacialmente divididos entre povos do alto, do médio e do baixo Xingu.

 

Ao longo do trabalho de pesquisa desenvolvido durante quatro anos, o Iphan realizou registros textuais, fotográficos e videográficos para obter uma documentação capaz de refletir o patrimônio estudado, que abrange bens de natureza material e imaterial.

 

O Kwarup e os lugares sagrados

Embora os integrantes do Alto Xingu sejam de etnias diversas, eles formam uma unidade cultural maior, compartilhando mitos, ritos, cerimônias, um sistema de trocas de bens materiais e especialidades artesanais mas, sobretudo, um sentimento comum de identidade e pertencimento cultural. O Kwarup é um deles.

 

Trata-se de uma cerimônia com duração de alguns dias, de homenagem póstuma a chefes e lideranças. Os indígenas choram, cantam, rendem homenagem aos mortos, dançam, tocam seus instrumentos e lutam. As palavras Kwarup ou Quarup são formas aportuguesadas da palavra kwaryp kamayurá.

 

O Rito anual estabelece o fim do luto e da tristeza, ao mesmo tempo em que restaura a alegria, a vida, sendo o início de um novo ciclo vital. Acontece sempre no final da estação seca, ou seja, durante o mês de agosto; às vezes, em setembro. Ocorre normalmente em uma das aldeias que tiver perdido um parente importante, cuja família consente e promova, então, a cerimônia, tornando-se o "dono" da festa. O dono, o "convidador" tem que alimentar os seus convidados.

 

Isto significa que ele tenha feito uma reserva para servir a todos os convidados no dia da festa sob pena de sentirem-se ofendidos ou ser mal interpretado como pessoa mesquinha.

 

Segundo antropólogos, a melhor maneira de encontrar a lógica interna de uma cultura é conhecendo a sua mitologia, pois ela carrega a coerência de cada cultura, dotando-a de sentido, justificando os comportamentos sociais, compondo as tradições e se reatualizando através dos ritos.

 

Assim o Primeiro Kwarup, realizado por Sol e Lua para a mãe deles, fornece às comunidades indígenas do alto-Xingu o modelo exemplar da festa ritualística mais importante.

 

Neste ritual, Sagihengu é o lugar onde começa a cerimônia do kwarup e onde as comunidades indígenas afirmar ter ocorrido o Primeiro Kwarup em homenagem a uma mulher: a Mãe.

 

O lugar também tem remédio para ficar forte e bonito, e para sonhar com vida longa. A cerimônia neste local homenageia, efetivamente, a vida, apesar de ser uma cerimônia funerária.

 

O kwarup é uma festa para espantar a tristeza, para acabar com uma situação de luto e encaminhar o espírito para o outro lado, para o lado de cima. No Sagihenhu tem peixe, tem água, tem choro e tem alegria, tem morte que acaba e tem vida que começa, dá início a um novo ciclo de vida.

 

Outro local sagrado é o abrigo rochoso Kamukuwaká, que fica fora do Parque e tornou-se propriedade particular apesar da sua importância para a comunidade xinguana.

 

Os dois locais foram mapeados em 2005 e em 2006, durante a primeira etapa do Programa de Patrimônio Cultural, por meio de pesquisas transdisciplinares que envolveu a participação direta das próprias comunidades indígenas.

 

Em 2008, o Prêmio Rodrigo Melo Franco teve como vencedor na categoria apoio institucional e financeiro ações voltadas para estes lugares sagrados.

 

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural

Formado por 22 conselheiros, especialistas em diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia, é presidido pelo presidente do Iphan Luiz Fernando de Almeida.

 

Ao Conselho Consultivo compete examinar, apreciar e decidir sobre questões relacionadas ao tombamento, ao registro de bens culturais de natureza imaterial e à autorização de saída temporária do país de patrimônio cultural protegido por legislação federal e opinar acerca de outras questões relevantes do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

 

As outras propostas de tombamento que serão discutidos na reunião do dia 24 de junho, no Rio de Janeiro, são: Bens da imigração Japonesa no Vale do Ribeira em São Paulo e Teatro Oficina, também em São Paulo.

 

Fonte: ExpressoMT com assessoria"

 

(http://www.expressomt.com.br/noticia.asp?cod=75550&codDep=3)