Estórias anônimas na Internet

por Flávio Bittencourt

Estórias anônimas que circulam pela Internet também são narrativas do domínio público.

A Sra. Ângela Rosária é uma gaúcha de muita fibra que, líder comunitária, tem peregrinado pelo Congresso Nacional (Câmara e Senado) e pela Câmara Distrital, em defesa dos interesses dos moradores do Plano Piloto de Brasília e das cidades-satélites do Distrito Federal.

Encontrei-me com ela IX Greenmeeting (IX Encontro Verde das Américas), acontecido em Brasília, entre 15 e 17.9.2009. No primeiro dia do evento, Thiago de Mello foi premiado com o Prêmio Verde, tendo pronunciado o grande poeta de Barreirinha conferência no dia seguinte, no âmbito do mesmo evento. Agraciados também foram, entre outros, Luiz Fernando de Moura Delphim (arquiteto de paisagista do Iphan - RJ) e MV Bill (veja lista completa dos premiados na próxima dica aqui da coluna RECONTANDO ESTÓRIAS DO DOMÍNIO PÚBLICO).

Contei à Rosária que eu estava colaborando no portal Entre-textos e que textos populares que emergem do seio do povo - e que guardam algum vínculo com, por exemplo, antigas fábulas de Esopo (tanto quanto com o mito da Arca de Noé) - interessam-me muito, no momento.

Disse-me ela, que é moradora da Asa Sul (já eu, moro na Asa Norte): "- Aguarde, vou te mandar um e-mail com mensagem da qual você vai gostar!".

Recebi.  É verdade. E tanto gostei que a transcrevo, a seguir. É razoável socializar a mensagem, compartilhando divertidas criações também sob a forma de anedotas. Precisamos de "intervalos", "recreios" para espairecer. É que vez por outra eu mando teoria pesada, daqui, porque os outros colunistas são escritores de peso. Mas diversão também é cultura.

Obrigado, Rosária, e que tuas lutas sejam recompensadas, já agora, com vitórias imediatas, e, no futuro, com o reconhecimento daqueles que, como eu e os meus, percebemos que teu esforço não é em vão. Envio um beijo carinhoso à tua linda filhinha, prometendo a ela cópias de estórias infantis que aqui serão "contadas" - se o endereço que tenho anotado estiver correto e a greve dos Correios terminar logo... -, a começar do livro - ilustrado por Zeluca (um competente discípulo de Nássara) - A verdadeira festa no céu, estória infanto-juvenil que ilumina o conjunto da obra de Adrino Aragão (lembrando, nesse caso, Monteiro Lobato, cujos livro infantis engrandeceram sua obra para crianças mais crescidas; por exemplo: que se leia O escândalo do petróleo e ferro à luz de O Poço do Visconde - e não o inverso, sugiro eu... ). Se for possível, pegarei uma dedicatória do autor para ela. Ele, Adrino, terá grande alegria quando lhe autografar A verdadeira festa no céu!

Flávio

"Dura Conclusão

DEUS CRIOU O BURRO E DISSE:
Trabalharás incansavelmente de sol a sol, carregando fardo nos lombos.
Comerás capim , não terás inteligência alguma e viverás 60 ANOS.
SERÁS BURRO 
O BURRO RESPONDEU:
Serei burro, mas viver 60 ANOS é muito, Senhor.

Dá-me apenas 30 ANOS
Deus lhe deu 30 ANOS.

 
DEUS CRIOU O CACHORRO E DISSE:
Vigiarás a casa dos homens e serás seu melhor amigo.

Comerás os ossos que ele te jogar e viverás 20 ANOS.
SERÁS CACHORRO
O CACHORRO RESPONDEU:

Senhor, comerei ossos, mas viver 20 ANOS é muito.

Dá-me 10 ANOS.
Deus lhe deu 10 ANOS.

 
DEUS CRIOU O MACACO E DISSE:
Pularás de galho em galho, fazendo macaquices, serás divertido e viverás 20 ANOS.

SERÁS MACACO
O MACACO RESPONDEU:

Senhor, farei macaquices engraçadas, mas viver 20 ANOS é muito.

Dá-me apenas 10 ANOS.
Deus lhe deu 10 ANOS.


DEUS CRIOU O HOMEM E DISSE:
Serás o único ser racional sobre a face da Terra, usarás tua inteligência para te sobrepores aos demais animais e à Natureza.
Dominarás o Mundo e viverás 30 ANOS.
O HOMEM RESPONDEU:
Senhor, serei o mais inteligente dos animais, mas viver 30 ANOS é muito pouco.

Dá-me os 30 ANOS que o BURRO rejeitou, os 10 ANOS que o CACHORRO não quis, e também os 10 ANOS que o MACACO dispensou. 

E ASSIM DEUS FEZ O HOMEM
...
Está bem...

Viverás 30 ANOS como HOMEM.
Casarás e passarás a viver 30 ANOS como
BURRO, trabalhando para pagar as contas e carregando fardos. Serás aposentado pelo INSS, vivendo 10 ANOS como CACHORRO, vigiando a casa.
E depois ficarás velho e viverás mais 10 ANOS como
MACACO, pulando de casa em casa, de um filho para outro, e fazendo macaquices para divertir os NETOS...

É A PURA REALIDADE".