[Maria do Rosário Pedreira]

Publiquei aqui há tempos um post sobre Herberto e o seu livro novo que teve imensos comentários dos extraordinários habitués deste blogue e não só. Nele, contava que havia pessoas a comprarem o Servidões aos cinco e aos seis na Feira do Livro, provavelmente para amigos e familiares, sabendo que, com uma tiragem tão contadinha, o dito se esgotaria em três tempos. Foi mais ou menos o que aconteceu, claro, e a obra desapareceu rapidamente dos escaparates para pena de muitos apreciadores do mestre que não chegaram a tempo de adquirir o seu exemplar. Mas não nos iludamos: esses livros comprados aos magotes aqui e ali não foram apenas para leitores sedentos de meter o nariz no último Herberto. A verdade é que, como também aqui foi dito e previsto, muitos deles estão agora à venda a preços absolutamente estonteantes (120 Euros, por exemplo) em certos alfarrabistas que perderam umas horitas em filas quando Servidões começou a ser vendido, mas deram esse tempo por bem empregado, já que lhes bastará vender um ou dois exemplares aos consumidores mais relapsos para, afinal, facturar uma bela maquia. Acho que deviam contar a Herberto que a sua mania das tiragens curtas dá azo a este tipo de especulação, quanto a mim, nada bonita. Pode ser que ele entenda que é parcialmente responsável pela situação e se deixe de fitas da próxima vez que publique um livro.