Rogel Samuel

 

Recentemente minha amiga Leila Miccolis escreveu e publicou um texto no seu blog

http://leilamiccolis.blogspot.com/ intitulado "O LUCRO DO SABER".

"Hoje recebi um e-mail de um escritor que propunha colocar à venda em Blocos um

livro seu porque o site desse autor "não tinha fins lucrativos", no dizer dele próprio",

disse Leila, e defendia a seguir a remuneração dos autores.

Ao seu texto escrevi o seguinte comentário (eu tenho a mania de escrever em maiúscula,

desculpem): O BRASIL SÓ SERÁ VISTO COMO UM PAÍS DESENVOLVIDO (E PÓS-MODERNO) QUANDO OS POETAS E ESCRITORES FOREM RESPEITADOS E REMUNERADOS COMO PRODUTORES DE CULTURA, ASSIM COMO OS CINEASTAS, OS MÚSICOS ETC. ESCREVER NÃO É UMA ATIVIDADE ESPORTIVA OU LAZER DE UMA CLASSE OCIOSA, NEM UMA ATIVIDADE DE FIM DE SEMANA, MAS O ESCRITOR QUE SE VÊ COMO TAL LEVA A SÉRIO O SEU TRABALHO E HOJE MAIS DO NUNCA PELA INTERNET ELE TEM NOVOS CANAIS DE COMUNICAÇÃO COM SEU PÚBLICO. POR ISSO LEILA MICCOLIS ACERTOU EM CHEIO NA RAIZ DO PROBLEMA: OU SEJA, A PROFISSÃO DE ESCRITOR!

ESSE DEBATE DEVE APROFUNDAR-SE, TEM DE APROFUNDAR-SE PARA LEVANTAR OS POETAS DO ESTADO ANESTÉSICO, DO TORPOR EM QUE NÓS NOS ENCONTRAMOS.

TRATA-SE DE UM PROBLEMA DE SOBREVIVÊNCIA DA NACIONALIDADE.

Sobre este tema me lembro do seguinte e curioso fato artístico, desta vez musical, narrado por

Nalen Anthoni em vídeo da EMI.

Depois da Segunda Guerra, o compositor inglês William Walton compôs um concerto para Jascha Heifetz a pedido deste. Depois, em 1956, o violoncelista Gregor Piatigorsky, um dos maiores do seu tempo, fez o mesmo pedido a Walton. Mas Piatigorsky fez o pedido através de um intermediário, o pianista Ivor Newton.

Walton respondeu: "Eu sou um compositor profissional. Escrevo não importa o quê para

qualquer um desde que me pague..." E depois de uma pausa, acrescentou: "Eu escrevo melhor quando me pagam em dólar".

Walton terminou o concerto no mesmo ano, o magnífico Concerto para Violoncelo e Orquestra, que está no vídeo, e que foi executado pela primeira vez em janeiro de 1957 por Piatigorsky com a Boston  Symphony Orchestra, dirigida por Charles Munch.

Não se diz quanto o violoncelista pagou.