Ernesto Moamba: poemas com as cores da África
Em: 30/03/2020, às 20H44
SENTENÇA
[À todas mulheres do mundo]
Minha mãe
Sou terra seca,
Bebendo das águas dos rios
Que defecas dos teus olhos feridos...
Mãezinha.
Ernesto Moamba
(Filho da África)
JULGAMENTO
( À minha África Esquecida )
No estômago da minha mãe
Falta-me tudo, menos nada...
Os rolos e embrulhos de tripas, o canal digestivo,
E as veias...Para passagem e drenagem de sangue
Para dar vida ao meu corpo covarde
Enlatado de fome e sede.
Ernesto Moamba
[ Filho da África ]
[...]
(Aos escribas do Sec.XXI)
Para te tornar grande Poeta ou Poetisa, importa vomitar tudo que reside dentro do seu coração,
Seja sangue ou próprio pulmão
Ernesto Moamba
(Filho da África)
[...]
( In Memória das vítimas de Ciclone)
Vou-me pelas ruas.
de estômago vazio e cru
Todo triste e amarrotado
Sedento e soterrado de lama
Colher restos de tristeza
abandonados nas malditas
da minha preciosa cidade.
Ernesto Moamba
(Filho da África)
© Todos os direitos reservados
Mãe!
Na casa do meu Pai,
Falta-me tudo, menos nada
Falta-me o milho e farinha
O solo, a água, as enxadas e charuas,
Menos a carne e sangue
Para regar-me de tristeza e luto
Sim,
Falta-me a vóz, a cor,
E o escudo
Para libertar-te das algemas
Minha África esquecida.
Ernesto Moamba
[Filho da África]
© Todos os direitos reservados