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FORTUNA CRÍTICA

BIOPOETAGRAFIA Prof. Antonio Wilson A. da Silva (Especialista em Língua Portuguesa) Élio Ferreira de Sousa, poeta piauiense(de Floriano-PI), caracteriza sua poesia com irreverência e simplicidade ao expor as emoções mais comuns, quase como um manifesto ao direito de estar vazio e provocar as musas silenciosas por um longo período de repressão à palavra. Élio marca a sua originalidade por vários meios, tem as emoções presas à terra natal; ouve atentamente a voz dos mais velhos e cultiva-lhes a grandeza e a altivez, face a uma miséria sem dono e sem poder. Nutre de memórias suas crenças na vida e faz do folclore a renda fina que o ferreiro talha na bigorna. “a linguagem é um girassol convergindo para o metal...” É do aprendizado com o pai e a tia flandreira que nasce seu olhar para o mundo de assombrações, lixo, urubus, girassóis, arco-íris nas tardes e nas manhãs em que o homem não se lembra do tempo em que se falava de dias melhores. Obscenidade, pateticidade, beleza, voz de quem ouviu raízes e não teme trazê-las ao sul-maravilha ou ao planalto das mordomias. A violenta aprendizagem do amor às margens do Parnaíba, onde o Riacho-da-onça é mensageiro das podridões dos sobrados para a população da pau-não-cessa. A fala popular, as crendices, faces da violência(o assassino lança ao formigueiro enquanto o morto transforma-se em opressor que vem do além) são elementos que mostram o lirismo do poeta. Élio é o poeta contra-lei, inversor, transgressor, contra tudo e contra todos. “Contra a mentira; a manipulação; as manobras; os esquemas das instituições públicas, privadas e eclesiásticas; contra os zoológicos e o confinamento dos animais no cativeiro; contra os presídios que desumanizam o Homem; conta as academias de letras e o comodismo estéticos dos seus poetinhas e seus elogios recíprocos de merda.” Élio abomina todas as formas de racismo, os neo-nazistas, os fascistas, os maniqueístas e todas as formas de preconceito. Élio representa na literatura piauiense o divisor das águas, a negação de todas as ordens estabelecidas nas artes, na política e na estética. É a negação de todas as verdades absolutas; como ele mesmo afirma: “Somos a falência e o caos de todas as formas de fazer poesia. Estamos p-da-vida com os ensaístas que falam de poesia sem mostrar a poesia do poeta para quem quiser LERcantarVERcantarDANÇAR.” “(...) um poema não é um jogo de azar.” “Somos a geração do medo e da crise mundial, somos o resultado e a falência da lei e dos sete pecados capitais.” A poesia de Élio é como se fosse a volta por cima do Anjo Torto. Élio trava, através da poesia, uma guerra contra os vícios e as baixarias da humanidade. É como uma maldição lançada sobre todas as verdades e erros. E. Ferreira representa a renovação da literatura piauiense, que tem ocorrido nos últimos anos: a fragmentação em múltiplas leituras, dinamitando o interior das palavras para encontrar a sua essência pela utilização de ora uma pirâmide, ora um gráfico eletrônico ou pela mudança brusca das fontes gráficas.