Ela que nos Ata

 

Antonio Carlos Rocha*

 

Na sala de visitas

Eis ela, altaneira

Todos param

Falamos besteira.

 

Apreciamos a silhueta

Contemplamos seu porte

Está sozinha, grandinha.

Não veio o consorte

 

Chegou em silêncio

Nossas exclamações

Não a incomodam

Interjeições, afetações.

 

Me torno violento

Ela que nos ata

A instintos vis:

É uma barata !

 

Confesso meu crime

Com uma chinelada

Contumaz baraticida

Jaz morta, apagada.

 

Peguei um negativo,

Terrível, triste Carma

Visitas elogiam ato

Cúmplices minha arma.

 

E assim vai a vida

Graças ao chinelo

Livramo-nos dela

Inseto não-belo.

 

 

(*) http://estudoliteraturas.blogspot.com.br