Editora Madamu: homenagem aos 500 anos do nascimento de Luís de Camões

Em comemoração aos 500 anos do nascimento de Luís de Camões, a Editora Madamu lança dois volumes dedicados ao poeta maior da língua portuguesa. Os volumes foram organizados pela professora Marcia Arruda Franco (USP) e apresentam algumas raras cartas em prosa escritas por Luís de Camões, bem como as primeiras narrativas que se produziram sobre a vida do poeta, publicadas no século XVII, depois de sua morte ocorrida entre 1579 ou 1580.

Volume I – Cartas em prosa

No primeiro volume, foram reunidas as Cartas em prosa de Luís de Camões, material preservado na Biblioteca Nacional de Portugal e editado pela professora Marcia, responsável pela proposta de fixação textual, pelo estudo introdutório e pelas mais de 300 notas explicativas. Ao final do volume, são reproduzidos fac-símiles dos manuscritos conhecidos e primeiro impresso das cartas.

São seis cartas de Luís de Camões em que se revelam traços de sua personalidade, além de pistas de suas atividades fora da corte, principalmente no submundo lisboeta. Uma das cartas, inédita e desconhecida, traz o relato de Camões sobre a sua internação no Hospital de Lisboa, na ala dos doentes da cupidez. A carta jocosa descreve a experiência do remetente no Hospital de Cupido, composto de 16 enfermarias, cuja dieta alimentar fica aos cuidados de enfermeiras alegóricas que nomeiam a enfermidade, a fim de dar uma lição de moral aos doentes de Eros..

Como esclarece a profa. Marcia, “nesta edição, optou-se pela ordenação das cartas de acordo com a data da divulgação do texto para a comunidade de camonistas: primeiro as duas publicadas em 1598, depois a editada por Xavier da Cunha (1904), seguida da que Jaime Cortesão e José Maria Rodrigues (1925) editaram na Lusitânia, e da editada em 2022. Encerrando o volume, a “Descrição do Hospital de Cupido” é aqui pela primeira vez apresentada não só ao camonismo, mas também a diversos domínios do saber, como a história cultural, a história do livro de mão e impresso, a sociologia do Estado monárquico cristão, a vocalização e performance das letras e da poesia renascentista, a filologia que elogia a variante e preza a legibilidade no presente do texto antigo, a história da sexualidade e da prostituição, entre outros. [...] Não se trata de edição diplomática nem de edição crítica, mas sim de edição anotada com o fim de divulgação”.

Volume II – Vidas de Luís de Camões

O segundo volume traz os primeiros relatos sobre a vida de Camões publicados ainda no século XVII. Estão presentes as narrativas sobre Camões escritas por Pedro de Maris (1613-6), Manuel Severim de Faria (1624), Manuel de Faria e Sousa (1639 e 1685) e João Franco Barreto (1663). São os relatos mais antigos de que se tem notícia, publicados poucas décadas após a morte do poeta (1580). O material foi editado, traduzido, anotado e organizado pela professora Marcia Arruda Franco (USP), com a colaboração do prof. Gustavo Borghi (USP).

O interesse destas vidas reside na construção da imagem do poeta maior da língua portuguesa ao longo do tempo. Como explica a profa. Marcia Arruda Franco, “num arco temporal de cerca de três décadas, Camões passa de súdito ingrato da coroa portuguesa, sem zelo pelo bem comum, a mártir da pátria que o negligenciou, resgatado como príncipe da poesia ibérica. A Vida do Grande Luís de Camões, de Franco Barreto, impressa em 1663, o tenta restituir a poeta dos portugueses, mas até em edições do século XIX, Camões será o príncipe da poesia épica e lírica de Espanha”.

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Informações no site www.madamu.com.br/camoes_500anos

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Com informações Ascom Editora Madamu