[Flávio Bittencourt]
Economia brasileira: Rogério Mori adverte para a necessidade de se evitar a Doença Holandesa
A contribuição positiva de Rogério Mori dirige-se, principalmente, à douta equipe econômica da presidente Dilma Rousseff.
(http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-158819985-dec-2721-tamanco-holandes-em-louca-pintado-a-mo-ev-_JM)
Gorinchem (também chamado de Gorkum): moinho de milho 'Nooit Volmaakt'
(http://farofadbatata.blogspot.com/2009/05/moinhos-de-vento-desde-o-seculo-xvi.html)
DOENÇA HOLANDESA?
(http://www.lankabusinessonline.com/fullstory.php?nid=1660239305,
sendo o gráfico relativo a comportamentos econômicos no
antigo Ceilão (Sri Lanka) depois de calamidade natural,
o tsunami que infelizmente o atingiu, em 26.12.2004)
"(...) Pode acontecer o que chamamos em economia de “doença holandesa”. Na década de 60, com o aumento do gás, a Holanda aumentou significativamente a sua receita de exportação. Com isso sua moeda se valorizou muito.
Quando todos pensavam que isso seria a salvação da Holanda, foi exatamente o contrário. Com a moeda em alta, os outros setores foram perdendo competitividade, e as exportações dos produtos restantes praticamente desapareceram. (...)"
(PIERRE LUCENA, no blog de Marco Bahé e Pierre Lucena, 28.8.2008,
não mencionado o autor do cartum)
"(...) Os riscos de desindustrialização, nesse contexto, não devem ser desprezados. A experiência em outros países revela que esse é um risco palpável, onde uma apreciação acentuada da moeda doméstica frente às demais moedas aumenta consideravelmente a chance de desindustrialização (um fenômeno característico do que é conhecido como "doença holandesa"). O governo [CHEFIADO PELO PRESIDENTE LULA DA SILVA] aparentemente tem estado atento a esse risco e tem se mostrado sensível a essa questão. É razoável supor que, dada a dinâmica atual em termos de economia global e o destaque que o Brasil vem tendo nesse processo, que atenção considerável deve ser dada a esse tema daqui para frente por parte da indústria e do governo [QUE SERÁ LIDERADO PELA PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF]".
(ROGÉRIO MORI, no final de seu artigo adiante transcrito na íntegra)
"Doença holandesa
A teoria prega que um aumento de receita decorrente da exportação de recursos naturais irá desindustrializar uma nação devido à valorização cambial, que torna o setor manufatureiro menos competitivo aos produtos externos. É, porém, muito difícil dizer com exatidão que a doença holandesa é a causa do declínio do setor manufatureiro porque existem muitos outros fatores econômicos a se levar em consideração.
Embora seja mais comumente usado em referência à descoberta de recursos naturais, pode também se referir a "qualquer desenvolvimento que resulte em um grande fluxo de entrada de moeda estrangeira, incluindo aumentos repentinos de preços dos recursos naturais, assistência internacional ou volumosos investimentos estrangeiros".
Chama-se assim porque durante os anos 1960, houve uma escalada dos preços do gás que aumentou substancialmente as receitas de exportação dos Países Baixos e valorizou o florim (moeda da época), o excesso de exportações de gás derrubaram as exportações dos demais produtos por falta de competividade na década seguinte.
O modelo principal
O modelo econômico clássico que descreve a Doença Holandesa foi desenvolvido pelo economista W. Max Corden e J. Peter Neary em 1982. No modelo, existe um setor onde não há troca de bens (incluindo serviços) e dois setores de troca de bens: o setor em expansão e o setor estagnado. O setor em expansão é, normalmente, de extração de petróleo ou gás natural, mas pode ser também de mineração de ouro, cobre, diamante ou bauxita, ou lavoura, como café ou cacau. O setor estagnado geralmente é o produtivo, mas também pode ser o de agricultura.
Um recurso abundante afetará a economia de duas maneiras:
- O efeito de migração de recursos, onde o recurso abundante irá demandar mais mão-de-obra, o que fará com que a produção se desloque para o setor em expansão e fuja do setor estagnado. Este movimento de mão-de-obra do setor estagnado para o setor florescente é chamado de desindustrialização direta. Este efeito pode, entretanto, ser insignificante visto que os setores de hidrocarbonetos e minerais geralmente empregam poucas pessoas.
- O efeito de gasto, que acontece em decorrêcia da receita extra gerada pelo recurso abundante. Isto aumenta a demanda por mão-de-obra no setor onde não há troca de bens, retirando trabalhadores do setor estagnado. Esta migração do setor estagnado para o setor onde não há troca de bens é chamada desindustrialização indireta. Como resultado do aumento da demanda por bens não comercializáveis, o preço dessas mercadorias aumentará. No entanto, os preços do setor onde há troca de bens são estabelecidos internacionalmente e, por isso, eles não podem mudar. Haverá então um aumento da taxa de câmbio real".
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_holandesa)
"QUAL É O TORNO MECÂNICO QUE PRODUZIRÁ AS PEÇAS DE UM NOVO TORNO MECÂNICO?"
COLUNA "Recontando estórias do domínio público"
HOMENAGEANDO ROGÉRIO MORI,
SEUS COLEGAS-PROFESSORES DA FGV - SP
(entre os quais o senador Eduardo Suplicy está),
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA,
SEUS MINISTROS E DEMAIS COLABORADORES,
DILMA VANA ROUSSEFF E
TODOS OS MEMBROS DE SUA EQUIPE DE GOVERNO,
os que já foram escolhidos e os que sabiamente ainda serão,
EVOCANDO, COM GRANDE SAUDADE, A
MEMÓRIA DE AGNELLO UCHÔA BITTENCOURT,
da Academia Amazonense de Letras,
meu saudoso tio que foi professor de Finanças Públicas da
EBAP (FGV-RJ) e de cursos isolados e cursos de pós-graduação
em Administração Pública da mesma Instituição, E SUA ESPOSA, A
SRA. LETÍCIA ROCHA BITTENCOURT, a quem se deseja saúde
e vida ainda mais longa E
AS VÍTIMAS DO DEVASTADOR TSUNAMI INFELIZMENTE ACONTECIDO
NO OCEANO ÍNDICO, EM DEZ./2004
05.12.2010 - Rogério Mori, professor da Fundação Getúlio Vargas - SP, dando uma verdadeira aula magna sobre economia brasileira, mostra gráficos de grande clareza expositiva e dá o seu consistente recado político-econômico - Quem me lembrou que o artigo transcrito é importante foi uma amiga [ESTUDANTE DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS] - que me pediu para que seu nome não fosse mencionado, possivelmente por modéstia... -, uma vez que o responsável por essa Coluna não domina assuntos tão complexos quanto possibilidade de desindustrialização, doença holandesa, incremento à produção de bens de capital (imagino que nesse grupo de bens, na maioria dos casos destinados a empresas, estão - quem sabe? - as máquinas de linhas de produção sob a perspectiva de seu nascimento industrial [TERÁ ISSO ALGO A VER COM "metamáquinas", OU SEJA, COM, DIGAMOS, A FABRICAÇÃO DE TORNOS MECÂNICOS QUE PRODUZIRÃO ELES PRÓPRIOS PEÇAS MAQUÍNICAS?]) e assim por diante. F. A. L. Bittencourt ([email protected])
ARTIGO INTITULADO "BENS DE CAPITAL:
RECUPERAÇÃO E DIFICULDADES", TEXTO DE
ELEVADO NÍVEL DE COMPREENSÃO ECONÔMICO-INDUSTRIAL,
DE AUTORIA DO DR. ROGÉRIO MORI, DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS DE
SÃO PAULO, CAPITAL
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Edição 0007 - MARÇO 2010 |
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Artigo |
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Bens de capital: recuperação e dificuldades |
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Autor(es): Rogério Mori
Professor da FGV-EESP |
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"Sem sombra de dúvida, a componente de demanda agregada correspondente à Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que representa a parcela dos investimentos produtivos no País, foi a mais atingida no auge da crise no último trimestre do ano passado. De acordo com o IBGE, a retração do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro sazonalmente ajustada no último trimestre de 2008 frente ao trimestre anterior foi de 3,4% sendo que a FBCF recuou 9,1% nessa mesma comparação. O resultado do primeiro trimestre de 2009 também não foi satisfatório para o setor, com recuo sazonalmente ajustado de 12,3% em relação ao período anterior.
Sob essa perspectiva, a transmissão direta da crise financeira internacional no final do ano passado se deu através de um processo de retração do crédito internacional, que culminou em um alastramento desse processo em âmbito doméstico. Com isso, as condições de crédito pioraram significativamente no Brasil em fins de 2008 e os setores cujo desempenho é mais sensível ao crédito sofreram mais duramente que os demais. Nesse contexto, a retração nos investimentos produtivos no País esteve intimamente ligada à essa dinâmica. Essa problemática impôs ao governo brasileiro questões cuja ação imediata era fundamental. Tais ações vieram do lado fiscal e através de esforços mais intensos do lado do crédito por parte das instituições financeiras públicas.
Mesmo assim, é natural que a retração nos investimentos produtivos provocasse uma queda na demanda por bens de capital. Nesse sentido, a retração pronunciada na produção brasileira de bens de capital no final do ano passado e iníciode 2009 alinha se a esse processo de forma clara (vide gráfico). Note-se que a produção industrial de bens de capital no Brasil recua mais rapidamente e mais intensamente que a produção industrial brasileira. Adicionalmente, note-se que a reação do setor produtor de bens de capital ocorreu depois que outros setores da indústria nacional.
Mesmo com a recuperação em curso verificada nos últimos meses, é importante destacar que o ritmo da produção do setor de bens de capital brasileiro ainda é signifi cativamente inferior ao verificado no período anterior à crise. Conforme pode se observar no quadro, mesmo com a recuperação em curso, vários segmentos de bens de capital registraram umaqueda anual acumulada na produção superior a 30% nesse ano relativamente ao mesmo período de 2008. O segmento produtor de bens de capital para a construção civil foi o que registrou maior recuo no ano, amargando uma queda de cerca de 48% em relação ao mesmo período de 2008. Esse fenômeno ocorreu nos demais segmentos, mas não de forma tão acentuada. Em outras palavras, mesmo com a recuperação em curso, o setor apresentou uma retração acentuada da produção em 2009 quando comparada com a verificada em 2008.
O conjunto desses elementos permite inferir que, na ausência de novos choques adversos (em outras palavras, uma nova rodada da crise em 2010), os investimentos produtivos e a produção de bens de capital brasileira devem seguir em trajetória de recuperação nos próximos meses. Isso significa que as perspectivas indicam que a produção do setor de bens de capital deverá registrar crescimento em 2010 quando compara com a registrada em 2009.
Nesse contexto, os cenários de inflação e da atividade econômica sugerem que o Banco Central deverá promover o início de um aperto da política monetária no ano que vem. Sob essa ótica, a inflação brasileira medida pelo IPCA tem se mantido relativamente dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Boa parte desse resultado tem se devido ao fenômeno da apreciação do real frente às demais moedas, o que tem contribuído para uma estabilidade maior dos preços dos bens comercializáveis com o exterior. Ainda assim, as perspectivas de retomada da economia e de crescimento mais robusto em 2010 sugerem que a inflação deverá registrar alguma aceleração no ano que vem. Isso significa em contexto analítico dinâmico que a política monetária deverá ser contracionista em algum momento mais adiante. Mesmo nesse cenário, as perspectivas de um aperto da política monetária em 2010 não devem reverÍndiceter signifi cativamente o quadro de recuperação dos investimentos produtivos e da produção de bens de capital no País, uma vez que tudo indica que a elevação da taxa de juros, caso ocorra, não deverá ser tão intensa a ponto de abortar o ciclo de recuperação do setor.
Os riscos de desindustrialização, com o real apreciado, não devem ser desprezados
Ainda assim, a despeito do cenário positivo em termos de recuperação da atividade econômica brasileira e da produção de bens de capital, existem algumas questões de fundo que são fundamentais nesse contexto. Sem sombra de dúvida, um ponto fundamental que se torna cada vez mais premente no âmbito do setor e da indústria brasileira diz respeito ao comportamento da taxa de câmbio. Conforme pode se observar no gráfico, o patamar da taxa de câmbio real efetiva, segundo o Banco Central, encontra-se no mesmo nível verificado em fins de 1998, quando a situação das contas externas brasileiras era extremamente delicada. O movimento de depreciação do real frente às demais moedas, ocorrido nos momentos mais tensos da crise em fins do ano passado, foi completamente revertido e, nessa mesma dinâmica, as contas externas brasileiras começam a registrar um novo quadro de deterioração.
Sob essa perspectiva, o saldo comercial brasileiro, que demonstrou expressiva melhora até 2007, começou a definhar nos últimos anos (vide gráfico), dado o crescimento mais acelerado das importações relativamente ao das exportações brasileiras. Mais grave que isso, os setores industriais nacionais começaram a perder competitividade de forma mais aguda nos últimos anos e, caso a tendência do comportamento da taxa de câmbio se mantenha daqui por diante, esse quadro deve se agravar.
No que tange ao setor produtor de bens de capital sob encomenda (BKE), o comportamento do saldo comercial do setor nos últimos anos denota claramente essa tendência. Em 2006, seguindo uma trajetória ascendente, o setor acumulou um superávit de US$ 1,5 bilhão, representando o melhor resultadodos últimos anos. Em 2007 essa tendência deu sinais claros de reversão e o superávit do ano caiu para cerca de US$ 1 bilhão. No ano de 2008), seguindo a trajetória de queda verificada no anterior, o resultado comercial do setor ficou em zero e para 2009 a previsão é de um déficit considerável uma vez que o resultado acumulado até outubro aponta para um saldo comercial negativo de US$ 1,5 bilhão para o setor. As perspectivas indicam que, com a retomada do crescimento econômico brasileiro e dos investimentos produtivos, esse quadro tende a se agravar na ausência de uma reversão mais clara do comportamento da taxa de câmbio.
Esse é um fenômeno que tende a ocorrer nos demais segmentos produtores de bens de capital no cenário delineado. Os riscos de desindustrialização, nesse contexto, não devem ser desprezados. A experiência em outros países revela que esse é um risco palpável, onde uma apreciação acentuada da moeda doméstica frente às demais moedas aumenta consideravelmente a chance de desindustrialização (um fenômeno característico do que é conhecido como "doença holandesa"). O governo aparentemente tem estado atento a esse risco e tem se mostrado sensível a essa questão. É razoável supor que, dada a dinâmica atual em termos de economia global e o destaque que o Brasil vem tendo nesse processo, que atenção considerável deve ser dada a esse tema daqui para frente por parte da indústria e do governo".
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(http://www.abdib.org.br/index/conjuntura_infraestrutura_materia.cfm?id_edicao=7&id_secao=4&id_chapeu=1&id_materia=2) |
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MOINHOS DE VENTO DA HOLANDA
"Sexta-feira, 15 de maio de 2009
MOINHOS DE VENTO
Desde o século XVI, centenas de milhares de neerlandeses vivem no fundo de antigos lagos. Para que isso fosse possível, muitos moinhos de vento foram usados para drenar a água e manter o solo seco. Os moinhos de vento ainda formam um importante elemento da gerência de águas nessas terras baixas. Os maiores podem, com um bom vento, drenar 10.000 galões de água por minuto. No século XVII, a invenção da manivela de eixo tornou possível usar a energia eólica para vários fins industriais. Centenas de moinhos de vento foram usados na indústria de papel e coloração e criaram as primeiras zonas industriais do mundo.
Gorinchem (também chamado de Gorkum): moinho de milho 'Nooit Volmaakt'.
Não se sabe ao certo quando os primeiros moinhos foram construídos nos Países Baixos, mas por volta de 1274 os moinhos de água, movidos por rios e riachos, tornaram-se comuns. Os moinhos de drenagem mais antigos foram inventados em 1414 e, por volta de 1450, muitos podiam ser vistos na Holanda do Sul (Zuid Holland). Os moinhos não são originários da Holanda; provavelmente foram introduzidos na Europa a partir do Oriente Médio, durante a época das Cruzadas.
Moinho em Burgh-Haamstede, Zeeland, The Netherlands.
O desenvolvimento dos moinhos, entretanto, é certamente mais atribuído à Holanda, por não haver outra região com tanta diversidade de tipos de moinhos. Mas o avanço da tecnologia acabou levando a utilidade dos moinhos a um rápido fim. Primeiro os motores a vapor, depois os motores de combustão interna e finalmente o motor elétrico, todos gradualmente tomaram os trabalhos anteriormente feitos por vento ou água. Os moinhos não eram mais lucrativos e ou foram destruídos ou usados como armazéns. Em 1923, apenas três mil dos dez mil moinhos remanesciam, caindo hoje para pouco mais de mil. Felizmente, esses monumentos são agora protegidos e muitos deles são abertos ao público.
Moinho de milho construído em 1818, Koren- en pelmolen, gebouwd.
Fonte: http://www.portaldointercambio.com.br/".
(http://farofadbatata.blogspot.com/2009/05/moinhos-de-vento-desde-o-seculo-xvi.html)