D. Ponciana Ribeiro
Em: 25/01/2021, às 10H19
Reginaldo Miranda*
Constitui-se D. Ponciana Ribeiro, numa das grandes matriarcas do Piauí. Embora tendo vivido praticamente toda a sua vida na capitania do Ceará, deixou no Piauí grande descendência que povoou sobretudo a microrregião do Médio-Parnaíba, de onde espalhou-se para outras regiões circunvizinhas. Até março de 1795, viveu uma existência tranquila, obscura, envolta nos afazeres domésticos típicos do seu sexo: de filha, esposa, mãe e dona de casa exemplar. No entanto, nos últimos anos mostrou-se forte, de uma coragem sem comparação. Lutou com tenacidade, à moda espartana, para proteger os filhos menores e buscar justiça contra os cruéis assassinos de seu marido, o fazendeiro e juiz ordinário Antônio Barbosa Ribeiro. Foi barbaramente assassinado em sua própria casa a mando de potentados da ribeira do Acaraú, onde residiam. Dada a repercussão do caso, a intrepidez de sua luta e a importância da família que nos legou vamos rememorar esses fatos e traçar ainda que em pálidas linhas o seu perfil biográfico.
Nasceu D. Ponciana Ribeiro, à volta de 1765, na fazenda de seus genitores, situada no cume da serra de Ibiapaba, cabeceiras do rio Poti, interior da capitania do Ceará Grande, como então se chamava. Pertencia a uma distinta família da região, descendente dos primeiros portugueses que a colonizaram.
Chegando à mocidade casou-se com o capitão Antônio Barbosa Ribeiro, jovem garboso, inteligente, com capacidade de liderança, dado à criação de cavalos que os domava para esportes. Também ele era nascido no Ceará, morando em fazenda situada às margens do riacho Inhuçu, afluente das cabeceiras do Poti, filho de Manoel Barbosa Ribeiro e de sua esposa Ignácia de Almeida, todos descendentes de pioneiros colonizadores do sertão nordestino. Segundo pesquisa feita por sua descendente a escritora piauiense Cármem Almeida, Antônio Barbosa Ribeiro possuía mais dois irmãos varões: Venceslau Barbosa Ribeiro e Vitorino Barbosa Ribeiro[1], que deixaram larga descendência naquela região. No entanto, também interessado no destino dessa gente anotou o Barão de Studart, velho historiador de além-Ibiapaba, o nome e descendência de algumas irmãs de Barbosa Ribeiro, nesses termos:
“O Juiz Barbosa Ribeiro era casado com Dª Ponciana Ribeiro e teve por irmãs Dª Apolônia, que casou-se com o português Miguel Alves Ferreira (tataravós do Dr. Raimundo de Farias Brito[2] pela linha materna); Dª Albina, casada com Geraldo Ferreira Passos (tataravós do Des. Félix Cândido[3] e Dr. Theodoreto Souto[4] pela linha materna); Dª Ana, casada com João de Faria Leite; Dª Isabel, casada com o Cel. Félix José de Sousa, filho de Francisco de Sousa e sobrinho do Pe. Mororó[5]; e Dª Francisca que foi esposa do major Cândido de tal (não sei o sobrenome).
‘Dª Albina Passos foi a doadora de meia légua de terra na hoje cidade de Ipu, à margem esquerda do Ipuçaba, para patrimônio do Padroeiro do lugar, o Mártir S. Sebastião, sendo que ao mesmo santo doou o português Manoel Alves Fontes outra meia légua à margem direita, isto é, no caminho que vai para Crateús”[6].
Portanto, diante dessas informações pode-se dizer que a família do juiz Antônio Barbosa Ribeiro, era composta por dois irmãos e cinco irmãs, ao todo oito com ele. Pelo relato do conceituado Barão de Studart, percebe-se que era uma família bem constituída e de posses naqueles sertões, tendo legado notável descendência ao país.
Acontece que por alvará de 12 de maio de 1791, foi criada a municipalidade de Vila Nova d’El Rei, hoje cidade de Guaraciaba do Norte[7], no Ceará, distante 320Km de Fortaleza, tendo de serem eleitos os novos membros do senado da câmara e demais autoridades para regê-la. Desde muito moço Antônio Barbosa Ribeiro iniciara carreira militar, então envergando a patente de capitão de milícias naquela localidade. Para as primeiras eleições da nova municipalidade apresentaram-se alguns homens bons do lugar, entre esses o capitão de milícias Barbosa Ribeiro que vai eleito em primeiro lugar, assim passando a ocupar o cargo de vereador do senado da câmara e, por via de consequência, juiz ordinário do novo termo. Foi então empossado e investido em todos os poderes inerentes ao cargo.
No entanto, naquele pleito inaugural da municipalidade nascente também foi eleito para capitão-mor, Bernardino Gomes Franco, sobrinho do potentado Manoel Martins Chaves, chefe de poderosíssima família da ribeira do Acaraú. Evidentemente, não viram com bons olhos a ascensão do capitão Antônio Barbosa Ribeiro na política daquele termo, nascendo daí forte aversão. Foi essa a causa da inimizade entre as duas famílias, além da preferência que o governador João Baptista de Azevedo Coutinho de Montaury (9.5.1782 - 9.11.1789) mostrava por Barbosa, no dizer do Barão de Studart.
Para agravar a situação durante uma corrida de cavalos, em que o do juiz Barbosa Ribeiro venceu o do coronel Martins Chaves, este tentou sem sucesso comprar o animal vencedor. Barbosa Ribeiro recusou a oferta de Chaves. E para agradar ao potentado dois de seus sobrinhos mataram o animal, provocando grande desavença e tristes consequências. Assim, por motivo fútil dores sem conta se abateria sobre a família do indigitado juiz ordinário e, mais tarde, como consequência também sobre seus agressores. Uma corrida de cavalos iria mudar o rumo da história dessas duas famílias.
Em 3 de março de 1795, às nove horas da manhã, foi o juiz Antônio Barbosa Ribeiro surpreendido em sua casa por uma horda de trinta jagunços montados à cavalo, sendo uns de cara descoberta e outros disfarçados. Escalaram sua casa e arrombaram com machados as portas da frente, dos fundos e duas interiores. A casa da vítima ficava nos fundos da igreja, por isso Barbosa, ferido, correu em seu rumo e foi morrer abraçado aos pés do cruzeiro, que também ficou crivado de balas. Como agravante que muito horrorizou os coevos, diz-se que a vítima implorava que o deixassem confessar-se. E mesmo o vigário estando presente nada assentiram os assassinos. Na ação ainda morreu um afilhado de Barbosa, João do Nascimento, que tentou auxiliar o padrinho, ficando feridos pelas mesmas razões Manoel Carlos de Mello e Antônio da Silva Bezerra. Ao final da barbárie os agressores comemoraram dando vivas à rainha e ao coronel Manoel Martins Chaves[8]. Imaginem, então, a aflição da esposa que estava grávida e dos filhos menores, que certamente lhes agarravam à saia, assustados, em meio a essa barbárie que se praticava, em sua própria casa, contra o honrado chefe de família! Um verdadeiro horror, certos que estavam da impunidade, dado o prestígio dos mandantes.
Foi procedido o corpo de delito pelas autoridades locais. O cadáver do juiz, estava vestido apenas de uma camisa e ceroulas de linho. Apresentava como ferimentos um tiro no ombro esquerdo, duas estocadas na parte superior do lombo direito, uma facada no estômago, outra no peito direito e um golpe de foice ou faca na nuca, que decepou a coluna vertebral, quase separando a cabeça, que ficou presa apenas pela garganta.
Concluída a investigação criminal, por injunções da época, restou pronunciado apenas o pardo Felipe Neri[9], com quem tinha pública inimizade o indigitado juiz ordinário[10]. Ficava assim tudo a contento dos poderosos mandantes e assim seria o caso encerrado, não fosse a firmeza inquebrantável da viúva Ponciana Ribeiro. É na hora da adversidade que se revelam os grandes carácteres. É voz corrente, transmitida de geração em geração, que a viúva Ponciana Ribeiro, inconformada com a bárbara morte de seu infeliz esposo e com a impunidade dos frios assassinos, lutou bravamente para que justiça fosse feita, dirigindo-se em viagem à Corte de Lisboa. Diz a tradição oral que essa brava sertaneja, com a alma dolorida de emoção chegou a lançar aos pés da rainha D. Maria I, as roupas ensanguentadas de seu esposo. E a monarca emocionada com esse gesto extremo prometeu-lhe fazer valer a lei contra os odiosos agressores. De fato, novas investigações foram feitas e, por fim, indiciados e pronunciados o todo-poderoso Manuel Martins Chaves, coronel de cavalaria miliciana do termo de Vila Nova d’El Rei; e seu sobrinho o capitão-mor do mesmo termo, Bernardino Gomes Franco[11], como autores intelectuais. Como executores foram pronunciados Felipe Neri, seus filhos Sebastião, Manoel e os sobrinhos Victor e Raimundo; os cabras Theodózio, João Pereira, Felipe Marçal e seu irmão Antônio; Manoel Ferreira, por alcunha O Abade, João Martins, João de Araújo, Bernardino, João Fernandes, José Dias, Francisco Ribeiro, Luiz Antônio, Domingos Ferreira, o crioulo Simeão e o preto Pedro, os quais foram pronunciados a 29 de julho de 1796.
No entanto, a sentença condenatória não era garantia de justiça por aqueles dias nos sertões do Ceará. Daí a continuidade da luta sem tréguas da viúva pela execução da pena. Fosse por covardia ou por prevaricação, nenhuma autoridade ousou prender os poderosos mandantes do bárbaro homicídio contra o impoluto juiz ordinário. Do reino foram expedidas ordens para prendê-los aos governadores que se sucederam no Ceará, na Paraíba, no Piauí e no Maranhão. Foi quando tomou posse do governo do Ceará, em 13 de novembro de 1803, o lusitano João Carlos Augusto de Oeynhausen, futuro Marquês de Aracati. Segundo alguns escritores entre as muitas instruções que trouxe de Lisboa, uma era executar a prisão dos dois poderosos do Acaraú. E, de fato, as executou num gesto ousado que levou alívio à população cearense, fez justiça e causou grande admiração. Foi assunto para muitos escritores. O inglês Henry Koster, que visitou o sertão do Ceará em 1810, narra essa prisão conforme a versão que ouvira na boca do povo, apontando gestos espetaculares. Segundo ele certo dia o governador João Carlos foi à fazenda do coronel Manoel Martins Chaves, fazer-lhe uma visita e passar em revista a força que ele comandava, acompanhando-se apenas de poucos guardas. Ali fez um exercício com a tropa, esfalfando-a. Pernoitando na casa-grande da fazenda, antes de dormirem o governador surpreendeu o chefe de família com uma pistola no peito, o mesmo fazendo os de sua comitiva com os parentes e criados, obrigando-os a saírem de casa em silêncio, estupefatos com o ataque imprevisto. O governador preveniu-lhe que se fizesse movimento ou gritasse, podia considerar-se morto embora ele soubesse que morreria também. E a todo galope deixaram a fazenda rumando ao litoral, onde uma jangada adredemente preparada transportou o caudilho para um navio que bordejava na costa, a ferros, rumo a Portugal. Para tornar o quadro mais romanesco, logo depois deu-se o alarme na povoação e mal o governador pôs pé no navio, viu na praia os partidários do coronel, que, embarcando em jangadas, dispunham-se a alcançá-lo. Era, porém, tarde; o navio fazendo-se ao largo, foi desembarcar o governador na capital e seguiu a sua derrota[12]. No mesmo sentido foi a narrativa de Roberto Southey, em sua História do Brazil, tomo 6º[13], sem alterar os detalhes.
Essa versão popular colhida por Koster e repetida por Southey foi desmentida pelo Barão de Studart, em ensaio revisor que fez publicar em 1919, na Revista do Instituto Histórico do Ceará. Segundo comprovou com documentos a prisão deu-se, de fato, no final do ano de 1805, depois de uma revista feita nas tropas de Vila Nova d’El Rei, mas sem sequestro ou aleivosia. Depois da revista, Martins Chaves com alguns parentes e oficiais mais graduados de seu regimento, para agradarem ao governador decidiram segui-lo até certa altura do trajeto. Passando no sítio Barriga, um padre seu proprietário, insinuou-lhes que se escondessem, pois tinha razões para suspeitar das intenções do governador. Embora Bernardino Franco tenha aceitado o conselho e desaparecido, Martins Chaves e o sobrinho Francisco Xavier desprezaram o aviso e continuaram com a comitiva até São Pedro de Ibiapina, onde aguardavam o governador, a pedido seu, entre outros, quatrocentos índios flecheiros liderados por Manoel da Silva Sampaio, diretor do aldeamento de Viçosa.
“Ali chegados, encontraram um barracão construído por Silva Sampaio, onde o governador teria de descansar, e em cujo centro estava uma mesa. Entrados no barracão, no meio da mais sincera amizade e comunicação doméstica, diz o próprio Martins Chaves, João Carlos retirou de dentro de uma das malas uma coroa real, depô-la sobre a mesa, e dirigindo-se a Martins Chaves perguntou se conhecia de quem era aquela coroa. Respondeu o interpelado que era de Sua Majestade, sua Soberana. Retorque-lhe João Carlos: pois em nome dela se considere preso. Martins Chaves tirou a espada da cinta, beijou-lhe os copos e fez dela entrega constituindo-se assim prisioneiro. Francisco Xavier vendo aquela cena, convidou João Carlos para um particular e João Carlos respondeu-lhe: não tenho particulares, siga o exemplo de seu tio, e ele assim o fez”[14].
Em suma, naquela ocasião foram presos esses e mais dois sobrinhos de Martins Chaves: além de Francisco Xavier de Araújo, também Manoel Martins e Antônio de Sousa Carvalhedo Sobrinho, sendo os dois últimos soltos em Sobral. Segundo relato de um neto do coronel Manoel Martins Chaves, por nome Francisco do Vale Pedrosa, seu avô não participou daquele bárbaro homicídio mas calou-se para proteger um irmão. Segundo ele “quem mandou matar o tal juiz foi o mano Tte.-Cel. Antônio da Costa Leitão[15] e o sobrinho capitão-mor Bernardino Gomes Franco, via do Barbosa ter dado uma sentença contra o Tte.-Cel., por espírito de intriga das terras da fazenda Cachoeirinha; e o capitão-mor Bernardino, por via do tal juiz ter morto[16] um rapaz do capitão-mor; e os matadores na ação deram um viva ao coronel e à Rainha, arrojaram a ele por já ver intriga por via de uma parelha de cavalos; o coronel não quis descobrir o mano e o sobrinho e filho de criação, até levou a mal dizendo que Barbosa não era homem de matar-se”[17].
Luís da Câmara Cascudo, em nota[18] ao livro de Koster enfatiza a versão de Studart.
Dali foram os prisioneiros levados para Sobral, Acaraú e Fortaleza, nesta última se demorando por 84 dias; transferidos para Aracati, depois de 8 dias presos com grilhões aos pés, foram transportados para Recife e em seguida para a cadeia do Limoeiro, em Lisboa, onde deram entrada em 26 de maio de 1806. Manoel Martins Chaves teve seus bens confiscados e morreu em 27 de maio de 1808, com 63 anos de idade, na cadeia do Limoeiro, em Lisboa; Francisco Xavier, alcançou a liberdade anos depois e retornou ao Brasil. Quanto a Bernardino Gomes Franco, mais tarde foi preso pelo governador do Maranhão e também enviado para a cadeia do Limoeiro, em Lisboa, de onde foi solto depois de alguns anos, com a proibição de não mais retornar a Crateús e Serra dos Côcos, no Ceará. Fixou residência no Rio Grande do Norte, onde constituiu família. Mais tarde, por motivo de crimes, mudou-se para a Paraíba. Conforme dele disse o governador João Carlos, conseguindo um perdão não merecido, mudou de terra mas não mudou de costumes.
Quanto à viúva Ponciana Ribeiro, com a prisão desses facinorosos teve sua luta coroada de êxito. No entanto, porque a família dos assassinos era numerosa e gozava de largo prestígio naqueles sertões, desde o óbito do marido resolveu criar seus filhos em outras terras, longe daquelas intrigas, assim desestimulando o clima de vinganças. Em 1797, depois de apurar seus haveres, mudou-se com os seis filhos para a vila de Valença e, em seguida para a fazenda Nova Olinda, então termo de Oeiras, depois passando à vila de São Gonçalo, que deu origem às cidades de Regeneração e Amarante.
O Barão de Studart, põe em dúvida sua ida a Lisboa, em busca de justiça, atribuindo-a a “mais uma lenda a se ajuntar às muitas, que surgem e se enraízam na crônica cearense”. Acha improvável porque o crime deu-se em 3 de março de 1795 e a posse de João Carlos, que prendeu os criminosos, em 1º de novembro de 1803. Conclui que “ou a viúva teve a paciência de guardar largos anos consigo a fúnebre relíquia e de demorar o gozo da vingança ou a rainha teve pouca pressa em desembainhar a espada da justiça”. Esqueceu-se, porém, de que ela estava grávida à época do crime; teve primeiro de parir e amparar seus seis filhos, vindo deixá-los em companhia de parentes no Piauí; que essas viagens eram demoradas; que vieram muitas ordens anteriores para prender os facinorosos; e, por fim, que entre a nomeação de um governante para a América e sua efetiva posse no cargo demandava algum tempo para preparo e deslocamento da autoridade. De nossa parte, na falta de documentos, sobre esse fato preferimos dar crédito à tradição oral, que tem passado de geração em geração tanto no Ceará quanto entre seus descendentes no Piauí.
D. Ponciana Ribeiro faleceu em data que não sabemos precisar, em sua fazenda Nova Olinda[19], no Médio-Parnaíba, então termo de Oeiras, hoje de Palmeirais. Em pouco tempo seus filhos iriam retomar a importância política que tivera o genitor em Vila Nova d’El Rei, também eles exercendo cargos por eleição popular, como vereadores e juízes ordinários. Na ordem de nascimento constam os seguintes filhos: 1. Antônia Barbosa Ribeiro; 2. Raimunda Barbosa Ribeiro; 3. José Barbosa Ribeiro (1793 – 13.6.1873); 4. Joaquim Barbosa Ribeiro (1794 - ?); 5. João Barbosa Ribeiro; e, 6. Antônio Barbosa Ribeiro, filho póstumo, casado com Joaquina Paz Sarmento, mais tarde fixou residência no termo de São João do Piauí, onde deixou descendência. É hoje numerosa e ilustrada a descendência de Ponciana Ribeiro, no Piauí, sobretudo povoando os termos de Amarante, Palmeirais, Regeneração, São Pedro do Piauí e muitos outros municípios circunvizinhos. Entre seus descendentes, sobressaem o historiador Odilon Nunes, da Academia Piauiense de Letras; ex-deputados Altino José Ribeiro, Marcolino Barbosa Ribeiro, Agenor Barbosa de Almeida, Francílio Ribeiro de Almeida, Afrânio Messias Alves Nunes e Adolfo Júnior de Alencar Nunes; advogado Deusdedit Sousa, que presidiu o conselho seccional da Ordem dos Advogado do Brasil, assim como seu filho João Henrique de Almeida Sousa, ex-ministro dos Transportes; e os desembargadores Aluísio Soares Ribeiro, Antônio Ribeiro de Almeida e Milton Nunes Chaves, entre tantos outros. Por essa razão pode-se dizer que D. Ponciana Ribeiro constitui-se numa das grandes matriarcas do Piauí.
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*REGINALDO MIRANDA, advogado e escritor, é membro efetivo da Academia Piauiense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí e do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-PI. Contato: [email protected]
[1] ALMEIDA, Cármem Maria. Seguindo nossos trilhos. Vol. 1. Teresina: 2005.
[2] Raimundo de Farias Brito (São Benedito, 24.7.1862 – Rio de Janeiro, 16.1.1917), foi notável escritor e filósofo brasileiro.
[3] O desembargador Félix Cândido de Sousa (Ipu, 10.5.1861 – Fortaleza, 7.1.1940), foi promotor de justiça da comarca de Inhamuns, Ipu, Fortaleza e Baturité; juiz municipal de Crateús, Tamburil e Santana do Acaraú; juiz de direito de Jardim, Ipu, Pacatuba e Fortaleza; secretário dos negócios da justiça no governo de Nogueira Acioli e desembargador do TJCE, nomeado por ato de 24.7.1909, alcançando a aposentadoria em 4.2.1931. É nome de rua em Fortaleza.
[4] Theodoreto Carlos de Farias Souto (Ipu, 3.10.1841 – Rio de Janeiro, 11.8.1893), advogado, escritor, jornalista, deputado geral, senador da República, presidente das províncias de Santa Catarina (1883) e do Amazonas (1884), presidente do Banco do Brasil e do Banco da República. É nome de rua em Fortaleza.
[5] Gonçalo Ignácio de Loiola Albuquerque e Melo (Groaíras, 24.7.1774 – Fortaleza, 30.4.1825), mais conhecido como Padre Mororó, foi sacerdote, político e revolucionário cearense, além de professor de língua latina; filho do potiguar Félix José de Sousa e Oliveira e de sua mulher Theodózia Maria de Jesus Madeira; neto paterno de Francisco de Sousa Oliveira Catunda e Tecla Rodrigues; e materno de Manuel Madeira de Matos e Francisca de Albuquerque e Melo, naturais de Portugal, descendentes de família nobre perseguida pelo marquês de Pombal; líder nacionalista e republicano, rebelou-se contra o fechamento da Constituinte de 1823, sendo condenado e morto por fuzilamento, no passeio público de Fortaleza.
[6] STUDART, Barão de. João Carlos Augusto de Oeynhausen e Manoel Martins Chaves. Revista do Instituto do Ceará. Ano XXXIII. Fortaleza: 1919. P. 3-21.
[7] Criada a vila com a denominação de Vila Nova d’El Rei, por alvará de 12 de maio de 1791, foi a mesma extinta pela lei provincial n.º 200, de 26 de agosto de 1840. Foi novamente elevada à categoria de vila pela lei provincial n.º 230, de 12 de janeiro de 1841, com a denominação de Campo Grande. Desde então foi por diversas vezes extinta e recriada a vila, passando a denominar-se Inhussu, pelo decreto-lei estadual n.º 1114, de 30 de dezembro de 1943. Por fim, em face da lei estadual.º 1153, de 22 de novembro de 1951, recebeu a denominação de Guaraciaba do Norte, em que se mantém até os dias de hoje.
[8] Coronel de cavalaria miliciana de Vila Nova d’El Rei. Rico fazendeiro. Natural do Ceará. Filho do capitão-mor de entradas José de Araújo Chaves, que conquistou pela força das armas e à custa de sua fazenda, as nações dos gentios arneirós, crateús e acaraús, povoando imensas áreas com fazendas de gado vacum e cavalar; e de sua esposa Luzia de Matos Vasconcelos; neto paterno de Antônio de Sousa Carvalhedo e de sua esposa Nazária Ferreira Chaves, esta filha do coronel Manoel Martins Chaves, de Penedo, cujo nome recebeu o bisneto em homenagem, e de Maria da Cruz Portocarreiro, esta descendente de Antônio Cardoso de Barros, primeiro provedor-mor do Brasil. Portanto, o segundo Manoel Martins Chaves não era Feitosa, como disseram alguns historiadores, mas parente desses em via colateral, visto que uma irmã de sua avó Nazária, por nome Ana Gomes Vieira casou-se com o português João Alves Feitosa, sendo patriarcas daquela famosa família dos Inhamuns.
[9] Esse Felipe Nery entrou para vingar um irmão que tentara contra a existência do juiz ordinário, sendo perseguido pelos oficiais de justiça e morto em confronto por resistir à prisão.
[10] AHU.ACL. CX. 016. D. 897.
[11] Capitão-mor de Vila Nova d’El rei. Filho do sargento-mor da cavalaria miliciana Bernardino Gomes franco, o velho, e de Francisca de Matos Vasconcelos (irmã do coronel Manoel Martins Chaves, trazendo apenas o nome da mãe e ele homenageando um bisavô, daí a diferença nos apelidos familiares).
[12] KOSTER, Henry. Viagens ao Nordeste do Brasil. Vil. 1. 12ª Ed.. Rio-S. Paulo-Fortaleza: ABC, 2003.
[13] In: STUDART (op. cit.)
[14] STUDART. Op. cit.
[15] Irmão por inteiro do coronel Manoel Martins Chaves, tendo este guardado silêncio para não incriminá-lo, assim assumindo implicitamente a autoria do crime. Em retribuição, Leitão, que era rico e não tinha filhos, amparou a única filha de Martins Chaves, sua sobrinha, deixando para ela em testamento todos os seus ricos haveres.
[16] Conforme dissemos em outra passagem esse rapaz faleceu em confronto com a polícia, ao resistir à justa prisão. Assim, não foi morto pelo juiz Antônio Barbosa Ribeiro.
[17] FEITOSA, Leonardo. Tratado genealógico da família Feitosa. 4ª Ed.. Fortaleza: 2011.
[18] Nota 29, ao livro de Koster (op. cit.)
[19] Alguns afirmam que ela faleceu durante sua terceira viagem à corte de Lisboa, em busca de justiça.