DOBAL

A lembrança de ti vara o silêncio
no longínquo espaço das ausências.

Em que taça, poeta, bebes agora as luzes que desejas?

Meu coração é um pássaro
alongando o céu das incertezas.

Posso supor que onde estás
germinem sóis
e só é possível ser feliz.
Que possas andar solto
ouvindo conchas, tecendo brisas
para pescar teus novos peixes
ou que os poemas sejam constelações
onde as palavras explodem
na intimidade dos segredos.

Suponho também
que possas se quiser
ser menino outra vez
e brincar na sala dos espelhos.

Mas são apenas suposições.
De certo, sei dos versos que ficaram
no verde campo das eternuras
onde o tempo esquece seus degraus.

Graça Vilhena
Publicado originalmente no Blog do caricaturísta João de Deus Netto

http://myblog-jenipapoirado.blogspot.com/