[Flávio Bittencourt]

Discurso de posse de Francisco Vasconcelos na Academia Amazonense

A solenidade de posse aconteceu em 30 de setembro último.

 

 

 

   

 

 

"Sábado, 10 de setembro de 2011

Um Coariense na Academia Amazonense de Letras

 
O coariense Francisco Vasconcelos tomará posse no próximo no dia 30 de setembro da cadeira número 40 da Acadêmia Amazonense de Letras (AAL). O coariense mora em Brasília desde 1970, quando foi transferido para a direção geral do Branco do Brasil. O jornal Acritica estampa, versão impressa, uma linda matéria sobre o poeta, escrita pelo conterrâneo Antônio Paulo, correspondente do jornal em Brasília.

 
Tenho [FRANCISCO JOSÉ, RESPONSÁVEL PELO BLOG PROVÍNCIA DE MACHIPARO, TEM] todos os livros do nosso escritor e escrevi alguns posts sobre ele. Do jeito que a terra do gás e do petróleo só tem ocupado espaço nos jornais da capital com notícias ruins; a matéria é um lavar a alma do povo coariense e respirar enchendo o pulmão de alegria e orgulho.

 
Atualmente a UEA tem um curso de letras em Coari, os livros do escritor da terra poderiam muito bem fazer parte do programa de leitura dos alunos do curso. Seu livro o "Regime das águas", já fez parte, anos atrás, da literatura para o vestibular da UFAM.



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Devido à falta de interesse dos coarienses pela leitura e a distância do autor, Francisco Vasconcelos é muito pouco conhecido na terra do gás e do petróleo e essa é uma boa oportunidade para as secretarias de Cultura e Educação promoverem um evento cultural sobre literatura, tendo como temática as obras de Francisco Vasconcelos e aproveitar para fazer as homenagens que merece.

 
Hora de apresentá-lo aos filhos da terra, principalmente aos jovens, tão necessitados de pessoas que possam apresentar o encantado mundo da leitura!"
 
 
 
 
 
 
 
"O PREZADO LEITOR DESEJA LER CINCO PRECIOSOS TEXTOS DE FRANCISCO VASCONCELOS,
QUE NESTE MESMO ENTRETEXTOS FORAM DIVULGADOS - com a autorização do autor -,
TODOS DE SEU INÉDITO DIÁRIO? NESSE CASO, QUEIRA CLICAR SOBRE O SEGUINTE LINK:
 
('Cinco dias de Vasconcelos')"
 
 
 

 

 

 

 
 
                     FRATERNALMENTE ABRAÇANDO FRANCISCO VASCONCELOS,
                     A QUEM SE DESEJA MUITA SAÚDE E VIDA LONGA, E
                     HOMENAGEANDO O POVO DO MUNICÍPIO DE COARI,
                     ESTADO DO AMAZONAS, BRASIL
 
 
 
 
 
 
18.10.2011 - A solenidade de posse na A. A. L. aconteceu em 30 de setembro último - Discurso de posse do advogado, bancário aposentado, administrador público e escritor Francisco Vasconcelos na Academia Amazonense.  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

"DISCURSO DE POSSE NA ACADEMIA AMAZONENSE DE LETRAS
CADEIRA Nº 40 – PATRONO: PAULINO DE BRITO
DATA: 30/09/2011
 
Senhor Presidente, Professor JOSÉ DOS SANTOS PEREIRA BRAGA
Autoridades Presentes
Senhoras Acadêmicas
Senhores Acadêmicos
Minhas Senhoras
Meus Senhores
 
Há cerca de um ano e meio, mais precisamente em abril de 2010, honrava-me este silogeu com a MEDALHA DO MÉRITO CULTURAL “PÉRICLES MORAES”. Impossibilitado de comparecer, em razão de acidente do qual fora vítima, representou-me na solenidade o querido amigo Dr. Raymundo Magalhães Valois Coelho que, com a aquiescência do nobre Presidente desta Academia, acadêmico JOSÉ DOS SANTOS PEREIRA BRAGA, leu texto que elaborei para a oportunidade.
Em carta que à época enviei àquele dileto amigo, referindo-me à decisão desta casa de cultura de conceder-me tão significativa homenagem, procurava encontrar justificativa para merecer tamanha honraria, chegando a admitir que resultava ela, não propriamente do valor de minha obra literária, mas do reconhecimento de meu trabalho  em prol da cultura de nossa terra, isso,  ainda no ardor da juventude. Referia-me, então, a alguns fatos relacionados à minha tumultuada vida estudantil a partir, principalmente, de duas gestões à frente da União Estadual de Estudantes, no período de 1959 a 1961, época, vale lembrar, de grande efervescência na vida política do País. 
Embora reconheça não ser este momento propício a digressões, peço vênia para fazer o registro de alguns fatos que muito me agradam relembrar, exatamente por se revestirem de forte significado cultural. Destaco, inicialmente, a reativação das Edições Universitárias, pelas quais lançamos a obra PROBLEMAS ECONÔMICOS DA ATUALIDADE, que enfeixava conferências pronunciadas por   Jefferson Péres e Saul Benchimol, ambos, por sinal, já pontificando no  Clube da Madrugada, nascedouro, ou viveiro,  de promissores valores culturais,  assim na literatura como nas artes em geral. Ressalto que tal iniciativa tinha  o propósito de  alcançar uma visão mais aproximada  dos dois mundos então em conflito, uma vez  que ambos  palestrantes, sabíamos, palmilhavam veredas diferentes. Jefferson, mais tarde um dos mais respeitáveis  e autênticos representantes do nosso Estado na Câmara Alta do país, então recentemente egresso do INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS BRASILEIROS, instituição, reconhecidamente ligada aos movimentos progressistas de esquerda, enquanto   Saul, esclarecido e vitorioso empresário, não fazia muito tempo que regressara dos EE.UU., onde aprimorara seus conhecimentos na área das ciências econômicas.
No campo eminentemente social, não seria lícito olvidar a manutenção de um curso de alfabetização de adultos, patrocinado pelo dinâmico empresário Moysés Israel  e, ainda, da edificação do Dormitório do Estudante, dando continuidade ao trabalho iniciado por Agnelo Balbi. Nesse ousado empreendimento, contamos com o decisivo apoio do então Deputado Federal pelo Amazonas Almino Afonso, hoje, um de nossos pares nesta Academia, assim como  da influente jornalista carioca Paulina Kaz que, junto às autoridades de Brasília, envidou esforços no sentido de obter a liberação da verba que resultava de emenda parlamentar apresentada pelo mencionado representante do nosso povo na Câmara Federal.
Lembro, por último, a tentativa de desenvolver as atividades teatrais no meio estudantil, com a encenação da peça AS MÃOS DE EURÍDICE, de Pedro Block, monólogo interpretado pelo estudante Virgílio Barbosa, já falecido.
Senhor Presidente, seleto auditório. Perdoem-me o exaustivo desfilar de lembranças. É que  na  fase outonal da vida em que me encontro – e embora sinta que nem tanto ainda  se me arrefecem os ânimos –, o exercício de reviver o passado, sobre ser inevitável, afigura-se-me benéfico e, neste momento, oportuno. Até porque exatamente neste ano, nada menos que meio século transcorre desde aqueles venturosos tempos, cuja odisséia foi alimentada, até o fim, pelo fulgor da juventude. Aumenta ainda mais a dose da saudade a circunstância de também transcorrerem cinquenta anos da formatura, pela Faculdade de Direito do Amazonas, da TURMA LEGALIDADE, denominação que resultava da histórica campanha cívica que empolgou a juventude do País na consciente luta contra a ameaça do arbítrio na tentativa de violentar os princípios constitucionais que sustentavam nossa ainda incipiente democracia.
À época, coube-me a honrosa incumbência de orador da turma, tarefa que, acrescida do fato de ter sido um dos líderes da mencionada campanha cívica, poucos anos depois, por muito pouco não  tive comprometida minha liberdade.                     

O CLUBE DA MADRUGADA – DE COMO OCORRE UM REENCONTRO
Senhor Presidente
 Meus Senhores
 Minhas Senhoras
Abro espaço, agora, para falar de outro histórico momento. Nele, com absoluta primazia em minhas lembranças, o que certa vez chamei de incandescente CLUBE DA MADRUGADA. E ouso dizer-lhes que o momento que ora vivo, por paradoxal que a muitos possa parecer, tem, para mim,  inegável sabor de reinício, de retomada, de reencontro. É que aqui estão velhos companheiros daqueles ditosos tempos de muito fazer, na estimulante vivência de uma utopia que mais e mais nos impulsionava em direção do amanhã. Dos feitos daquela época, inúmeras são as testemunhas aqui presentes. E quantos foram esses feitos! Diferentemente do que fiz com relação às atividades dos tempos estudantis, não farei comentários a respeito do que então se realizou. É que de tudo o que à época houve, há precisos registros na história da vida cultural de Manaus, graças a  iniciativas de quem viveu intensamente aqueles momentos, como é o caso dos poetas  Jorge Tufic e Alencar e Silva, em seus cuidadosos ensaios sobre a dinâmica instituição que foi o Clube, além de outros, como o  vitorioso escritor Márcio Souza, em seu livro a Expressão Amazonense e, mais recentemente, o talentoso Tenório Teles, sob cuja supervisão têm vindo à luz os bem elaborados trabalhos editoriais da Editora VALER.  Remanescentes, todos eles, daquela histórica instituição cultural, integram, hoje, esta grei acadêmica. Ainda a propósito, merece especial destaque substancioso trabalho   de autoria da Professora Luciane Páscoa, recentemente editado, sem  a menor dúvida, inestimável contribuição à história cultural de nossa querida Manaus, exatamente a partir da frutuosa atuação do CLUBE DA MADRUGADA.
  MANAUS, PARA MIM,  ERA A TERRA PROMETIDA
Senhor Presidente
Minhas Senhoras
Meus Senhores
Embora caiba ao ilustre poeta, acadêmico Elson Farias, a tarefa de algo dizer a respeito do novel confrade que ora aqui chega, e antes de falar sobre a Cadeira que passarei a ocupar, permito-me fazer alguns comentários a propósito da caminhada que empreendi a partir de minha já distante adolescência. E o faço, não parar jactar-me da vitória alcançada, mas numa  sentida homenagem a quantos me deram inestimáveis suportes para que o sonho de vencer se realizasse.   Tinha eu dezesseis anos quando, deixando Coari, minha terra natal, aqui aportei. Grande, então,    era o anseio do interiorano adolescente, embora tivesse plena  consciência de que bem maiores seriam as dificuldades a enfrentar. Manaus, à época, de tudo   carente, desprovida dos mais necessários recursos,  sem quase nada a oferecer aos que a ela demandavam,  era, para mim, assim mesmo, a terra prometida. Pelo menos dispunha de escola que me permitiria caminhada mais segura em direção do amanhã que ansiosamente buscava. Para melhor dizer daqueles tempos de muito querer,   permito-me transcrever  trecho de meu livro REGIME DAS ÁGUAS”, texto esse que já utilizei por ocasião do recebimento da honraria a que me referi inicialmente, e que ora repito, porque inteiramente consentâneo com o desolador cenário daquela época:
Enquanto as águas subiam, a pachorrenta Manaus, adormecida e quieta, respirava o ar de antigas lembranças. Preguiçosamente debruçada à margem do grande rio de águas negras, tinha ares de monja reclusa, penitente e sonolenta. (...)   Nenhum fato novo acontecia que lhe viesse alterar a quietude de seu ensimesmado dia-a-dia. Vivendo de um passado de euforia e encantamento, parecia comprazer-se em ter sido, na indiferente postura dos que nada mais esperam. Quanta coisa tivera e quantos momentos de fausto já vivera! Mas, bem longe já iam os dias daquele alumbramento, quando, na vivência orgulhosa da faceira cortesã que fora, chegara a namorar o mundo, recebendo, com abraços de muita ternura a quantos forasteiros a buscavam na esperança de também participarem de seus dotes de menina rica. Suas ruas, agora tristes, adormeciam cedo, sem mais a luz dos lampiões que outrora a tornavam risonha e buliçosa. E em vigília, apenas a alma e o lento ânimo dos boêmios, que insistiam em manter acesa a chama de velhas tradições, num teimoso tentar reviver os momento felizes e fugazes que a história registrava com requintes de injustificado ufanismo. Nem segredos havia mais a ocultar. Suas casas, não poucas, tinham história, agora de todos sabida, e tudo se ligava ao passado de saudosas reminiscências.   Aqui e ali, como marcos de perenes lembranças, os palacetes dos velhos coronéis, senhores que tinham sido de muitos haveres e dos quais só restava a tradição dos outrora respeitáveis nomes, único legado ainda válido para alguns, bem poucos. Ah! Os tempos da borracha, paradoxalmente, inelásticos tempos. Mesmo assim,...constituía, ainda o inevitável refúgio dos que abandonavam os beiradões, na vã esperança de melhores dias. Como, pois, acolher os que viriam? E quantos se tornariam párias, sem trabalho e sem alento, quantos?
Da Manaus de   que ora falo, disse o inesquecível Djalma Batista, um dos mais lúcidos Presidentes deste sodalício, em trabalho publicado na Revista da Academia, texto transcrito do livro A Expressão Amazonense, de Márcio Souza:  
Os moços não tinham horizonte e os velhos só possuíam olhos, lacrimejantes, para a bancarrota. O Amazonas submergia ao peso do determinismo histórico. Os próprios homens de letras, desesperados na luta contra o meio, isolaram-se, emudeceram, só alguns permaneceram fiéis às cogitações da inteligência. Os estabelecimentos oficiais de ensino entraram a se despovoar de alunos e professores, estes porque não eram pagos,... e aqueles porque não tinham estímulo e muitos nem dispunham de elementos com que se apresentar na classe. Uma geração toda naufragou intelectualmente” .
Essa era Manaus daqueles tempos. Animado pelo inarredável sonho de vencer, e respaldado na fé e nas preces de minha mãe, iniciei a caminhada. Agora, ginasiano, surgem as primeiras produções literárias, tímidas e singelas crônicas, publicadas no jornal “O Centro”, até mesmo tentativas de poemas,   a autoria escondida em enigmáticos pseudônimos, que coragem ainda não havia para ombrear com outros companheiros, principalmente na poesia, gênero em que predominavam os condoreiros  arroubos de Castro Alves,  poeta que a  mocidade de então procurava imitar, até mesmo nos gestos e posturas, principalmente após passar em Manaus o filme VENDAVAL MARAVILHOSO (COMO EU VI CASTRO ALVES E EUGÊNIA CÂMARA, NO VENDAVAL MARAVILHOSO DE SUAS VIDAS), do Diretor português Leitão de Barros, estrelado por Paulo Maurício e Amália Rodrigues.
Era a década de 50, exatamente quando Manaus passou a experimentar promissor alento, não apenas na literatura, mas, também, nas artes em geral, destacadamente as artes plásticas, revelando valores como os pintores Hanemann Bacelar, Óscar Ramos, Getúlio Alho, José Maciel, Van Pereira, Jacqmont Cantanhede, Gualter Batista e tantos outros que, ao lado dos já então  veteranos  Moacir Andrade, Anísio Melo  e Afrânio de Castro, valorizaram, sobremodo, a arte pictórica em nosso Estado. Nesse particular, merece ainda especial destaque o eficiente trabalho do artista plástico português Álvaro Páscoa, sobretudo pela orientação que dispensava aos artistas da nova geração.   De lembrar, ainda, o surgimento, na mesma época,  por feliz iniciativa do dinâmico Maestro Nivaldo Santiago, do Coral João Gomes Jr., hoje presidido por Cleomar Feitoza, ela que, desde os primeiros dias, tem abrilhantado com sua maviosa voz as apresentações daquele vitorioso empreendimento cultural.
Data também dos idos de 1950, graças ao esforço do  dinâmico empresário-editor José Sérgio Cardoso – a quem presto, nesta oportunidade, minha mais sentida homenagem –, o surgimento de inusitado movimento editorial que animou a intelectualidade de Manaus,  ensejando a estréia de inúmeros escritores e poetas. Coincidentemente, começávamos a sentir os benéficos eflúvios da Universidade que, indiscutivelmente, abriu as portas de um amanhã mais promissor   à juventude amazonense.        
A CADEIRA Nº 40 E SEU PRIMEIRO OCUPANTE
Ao elevar para quarenta o número de seus integrantes, esta Academia, num preito dos mais justos e sobremodo merecido, deu o nome de PAULINO DE BRITO à cadeira número 40,  que ora passo a ocupar, em substituição ao   jornalista e escritor Waldemar Baptista de Salles, falecido em 24 de janeiro de 2010, que foi o seu primeiro ocupante.  Nascido  em Alagoinha, Paraíba, em 24 de outubro de 1915, foram  seus pais João Baptista de Sales e Maria Amélia de Sales.  Ainda muito jovem chegou a Manaus. Fez seus estudos primários, hoje fundamentais, no Colégio Dom Bosco, cursando o secundário no mesmo colégio e no Ginásio Amazonense Pedro II, atualmente, Colégio  Estadual do Amazonas. Formou-se Contador pela Escola de Comércio Sólon de Lucena; Engenheiro Agrônomo pela antiga Escola de Agronomia de Manaus e, em Direito, pela Faculdade de Direito do Amazonas, nela chegando  a lecionar, algum tempo depois, na condição de Professor Assistente. 
 Além de haver pertencido a   esta Academia, onde foi empossado em 25 de julho de 1969, pertenceu,  também,  ao Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e à União Brasileira de Escritores, UBE/Amazonas. Dedicou-se, com afinco, aos estudos da Amazônia, dos quais resultaram os ensaios ASPETOS GEOGRÁFICOS DO AMAZONAS, publicado em 1966; AMAZONAS – O MEIO FÍSICO E SUAS RIQUEZAS NATURAIS, em 1967; GEOGRAFIA ECONÔMICA DO AMAZONAS, em 1971 e os livros de crônicas PÉTALAS RUBRAS, em 1956; UMA VOZ DENTRO DA NOITE, 1974 e NOSSO TEMPO – ANSEIOS E REALIDADES, em 1980. Como cronista, foi farta e constante sua produção nos jornais de Manaus.
Por ocasião de sua posse nesta Academia, dele disse então presidente Djalma Batista:  não é um neófito nem uma esperança que esta Casa recepciona, e sim um escritor que conseguiu conquistar, palmo a palmo, o seu lugar ao sol, com muito esforço, grande paciência, admirável humildade e boa dose de inteligência. Destacava, ainda, Djalma Batista,  o self made men que foi o então novel acadêmico, conquistando títulos universitários e postos de relevo, com estudo, trabalho e sacrifício.
Dotado de um grande sentimento de amazoneidade, não obstante haver nascido  no Nordeste, sobre essa característica, assim se manifestou o escritor Mendonça de Souza, autor de O GRANDE AMAZONAS, a quem coube a honra de recepcioná-lo neste sodalício: Sois, pelo nascimento, um nordestino. Sois, pelo conteúdo de vossa obra, um escritor maravilhado com as grandezas da Amazônia. Mas diga-se: ainda neste cenário da mais vasta região do Brasil, tendes olhos tristes. Olhos de ver longe, nos horizontes dos tapiris e tipitis, a miséria, o abandono do ribeirinho nos rios, furos, lagos, sangradouros e paranás interioranos. Na mesma oportunidade, dizia ainda o eminente acadêmico:    Vossos quadros são naturais. São quadros do homem ribeirinho, nos trabalhos épicos dos jutais. Rápidos, vivos na confirmação de luta e de sobrevivência do seringueiro, do pescador, dos valentes caboclos (...) Memórias deste Vale maravilhoso que abriram visões agassinianas aos vossos olhos amazonidificados.
 Waldemar Batista de Sales sempre teve seu consciente fazer literário marcado por forte preocupação com os problemas sociais de nosso país, particularmente da Amazônia.  Extremamente sensível a tais  problemas – e aqui o considero um autêntico amazonense –,  não lhe passou despercebido o fatigante labor do caboclo juteiro, tampouco de quantos extrativistas que perdidos nas brenhas dos mais longínquos seringais e castanhais, representam, muitas vezes, as únicas referências de que a terra onde vivem fazem parte do Brasil, constituindo, assim, marcos vivos de nossa nacionalidade.
Por ocasião de sua morte, inúmeras foram as homenagens a ele prestadas, inclusive com  registros postados na internet por seus confrades da Academia, Almir Diniz e José Maria Pinto, além de outros,  como o poeta e escritor Rogel Samuel e o professor Flávio Bittencourt, filho do saudoso acadêmico Ulisses Bittencourt, um de seus grandes amigos, que muito honrou este silogeu.
 Ao render a Waldemar Baptista de Sales o mais sentido preito de admiração e respeito, passo agora a me ocupar do genial patrono da Cadeira nº 40, o poeta, escritor, filólogo   e  gramático  PAULINO DE BRITO, a quem, talvez contrariando a praxe acadêmica na elaboração dos discursos de posse, deixei por último, até mesmo para que continue a ser o primeiro, como sempre foi entre seus pares, na sábia lição do Mestre da Galiléia, de quem foi ele fiel seguidor.           
QUEM FOI E O QUE FEZ PAULINO DE BRITO
Senhor Presidente
Meus Senhores
Minhas  Senhoras
 Lembrando o que disse  na apresentação de meu livro REGIME DAS ÁGUAS, ao referir-me à  nossa misteriosa Amazônia, predominantemente marcada pela presença do maior rio do mundo, cuja profundeza não me seria possível alcançar, apenas riscando, muito de leve, a superfície de suas águas, temo não alcançar a altura em que se situa o nome do monumental patrono. Assim, muito me esforçarei para, pelo menos, aproximar-me um pouco do que foi e do que fez o genial amazônida, figura exponencial e marcante de nossa região.
Embora nascido em Manaus, foi em Belém que viveu sua gloriosa trajetória intelectual. Filho do Capitão de Engenharia Paulino d´Almeida Brito e Ricarda d´Almeida Brito, nasceu em Manaus em 9 de abril de 1858 e faleceu em Belém em 16 de setembro de 1919.  Criança ainda, seu pai, que nutria idéias republicanas, vez por outra sujeito a punições,  foi transferido para a então  distante Província de Mato Grosso onde passou a residir toda a família.  Com doze anos, ficou órfão de pai, falecido durante a  Guerra do Paraguai. Após ingentes sacrifícios da família, passou a residir em Belém do Pará, onde  começou a trabalhar como aprendiz de tipógrafo no jornal “O Liberal de Pará”. Extremamente arguto e Inteligente, não tardou a demonstrar seu alentado talento, passando a liderar grupo de jovens intelectuais por volta de 1882,  época marcada por intensa atividade na vida literária da capital paraense. Com a ajuda de amigos, mudou-se para São Paulo, ali cursando o primeiro ano de Direito, transferindo-se a seguir para Recife onde concluiu mencionado curso.  Vale registrar que sua transferência para São Paulo, resultou  de iniciativa de seus amigos e admiradores, em Belém, além da ajuda dispensada pelo então Presidente da Província do Amazonas, Teodoreto Souto, atendendo recomendação que lhe fizera o Visconde de Maracaju, Presidente da Província do Pará. Por duas vezes contraiu matrimônio, a primeira, com Hermínia de Amorim Brito, com quem teve cinco filhos e, a segunda, com Maria Dias Brito, de quem houve, igualmente, o mesmo número de filhos.  Embora formado em Direito, não se dedicou à carreira jurídica. Em reportagem publicada no jornal “A Província do Pará”, dizia que sua consciência não permitia acusar um inocente nem defender um culpado. Queria mesmo era ser professor, mister em que bem poucos podiam a ele comparar-se. Assim, concentrou no magistério, com absoluta primazia, o seu melhor esforço intelectual, tendo sido Professor de Português na Escola Normal do Pará, atualmente Instituto de Educação e no histórico Colégio Paes de Carvalho. Regeu, ainda, a Cadeira de Pedagogia e Estética da Música no Conservatório Carlos Gomes. Além do magistério, teve atuação marcante e constante no jornalismo.
Em sua vasta produção literária, além de publicar O HOMEM DAS SERENATAS e HISTÓRIAS E AVENTURAS, em prosa; NOITES EM CLARO E CANTOS AMAZÔNICOS poesia; MÉTODO DE LEITURA, GRAMÁTICA ELEMENTAR E COMPLEMENTAR DA LINGUA PORTUGUÊSA, ressaltam-se os trabalhos relativos aos problemas vernaculares, merecendo destaque o que resultou da memorável  polêmica que manteve com o filólogo português Cândido de Figueiredo, embate no qual foi por muitos considerado vencedor, tamanha fora a força de sua contundente argumentação. Dessa histórica polêmica, resultaram duas importantes obras: COLOCAÇÃO DE PRONOMES e BRASILEIRISMOS.
A propósito do mencionado entrevero, vale lembrar o que registrou  Sílvio Romero, em carta datada de 26 de abril de 1908. Após dizer-se encantado com o que lera, arrematava o ilustre crítico, ensaísta e historiador da literatura brasileira:  Não tive o prazer de ler o seu livro “OS BRASILEIRISMOS’, mas tenho me regalado com os artigos que sob o mesmo título, tem você publicado no Jornal do Comércio. Do que você escreveu, confutando as asserções reinóis, acho que lhe sobram justos motivos para considerar-se vitorioso.
No dizer de Heliodoro de Brito, antigo Presidente da Academia Paraense de Letras, em artigo publicado na revista A ESCOLA, em agosto de 1934, diante do rigor de Cândido de Figueiredo do que chamou de “Brasileirismos”, Paulino de Brito, que tinha o melindre patriótico muito sensível, saiu a campo em artigos publicados no jornal A Província do Pará. Achava ele que tendo o português falado pelos brasileiros outra tonalidade, não podia estar sujeito aos mesmos tipos prosódicos usados em Portugal.
É histórica, sem dúvida, a polêmica de que ora me ocupo. Tudo teria começado em face de resposta que dera Cândido de Figueiredo a consulta que lhe fizera um de seus admiradores, a respeito de determinado soneto que escrevera. Logo no primeiro verso: Um soneto, pediste-me, criança, o famoso   filólogo encontrou o ensejo de fazer sua observação crítica, dizendo que convinha saber que em português não é arbitrária a antecipação ou posposição dos pronomes pessoais ao verbo. No caso, acoimava de brasileirismo a posposição do pronome, que devia ser rejeitado em bom português. Para ele, em bom português, o certo seria “um soneto me pediste”, ou “pediste-me um soneto”. Reconhecia, entretanto, que, feita a substituição, o verso ficaria errado, acrescentando, ainda, que a correção da linguagem não pode depender da metrificação, dizendo, finalmente, que ambas, correção e metrificação ou se hão de conciliar ou não pensar em fazer verso”.
Grande, sem dúvida,  é a seara plantada por Paulino de Brito, e de todo irresponsável seria não colhê-la, mesmo que parcialmente. Por isso que me permito continuar, com a devida vênia dos que me ouvem. E retomo o assunto, perguntando: por que rejeitar os “brasileirismos”? Ensina-nos o laureado mestre: “Verdade é que o próprio Cândido de Figueiredo não escrevera deve ser rejeitado em bom português, por ser brasileirismo e, sim, um brasileirismo que deve rejeitar-se em bom português. Faz Paulino Brito um jogo de palavras que só os ouvidos afeitos ao então momentoso assunto serão capazes de detectar e, sobretudo,  compreender. Perguntava, ainda,   o aguerrido mestre: por que deve esse “brasileirismo” – se o é – rejeitar-se em “bom português?” E é ele mesmo quem responde:  Não o diz o ilustre acadêmico, ninguém o disse até esta data. E ainda a propósito do verso criticado pelo filólogo lusitano,  indaga curioso a respeito do pronome posposto:  por que há de estar “erradamente” colocado, se a posposição não ofende a gramática, nem a lógica, nem tampouco a eufonia? Qual e de que natureza, a regra que se transgredia? Não o explica o Sr. Cândido de Figueiredo, nem os seus discípulos lhe exigiram que explicasse. E, irônico, arremata: Não era preciso. Magister Dixit!
É longa e plena de substância a lição do filólogo e gramático amazônico. Entendia ele ser preciso ceder aí um grande lugar à ação do povo, com sua índole, com seus costumes. Ensinava, ainda, que, não sendo o português uma língua morta, caso em que as línguas se mobilizam,  se há de alterar no tempo e no espaço, queiram ou não queiram, e no Brasil essa alteração se fará de acordo com as condições do meio em que vivemos.
Não se veja, nas colocações que ora faço, qualquer tentativa  de justificar a adoção de medidas espúrias e de todo impróprias, como me parece terem sido as que recentemente foram tentadas pelo Ministério da Educação. Todavia, não será de olvidar o que disse nosso genial Manuel Bandeira, em seu belo poema “Evocação do Recife”: A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros/Vinha da boca do povo, na língua errada do povo/ Língua certa do povo/ Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil/    Ao passo que nós o que fazemos/ É macaquear a sintaxe portuguesa.
Senhor Presidente,  Meus Senhores e Minhas  Senhoras. Conhecido axioma nos ensina     que quando muito se fala, corre-se o risco de  pouco dizer.  Não quero, todavia, cometer tal desatino. Já disse que grande é a seara, da qual, com absoluta certeza, não colhi ainda quase nada.   Mas não poderia perder a oportunidade de relembrar mais uma das sábias lições de Paulino de Brito, transcrevendo um trecho de seu bem elaborado estudo:
O Sr. Cândido de Figueiredo está no seu papel, como estiveram Pinheiro Chagas, Camilo e outros, quebrando uma lança ou uma dúzia delas pelo purismo, pelo classicismo e pela fixidez da língua; nós, brasileiros, para estarmos também no nosso, devemos conservar-nos ao lado dos escritores que, com alevantado espírito e superior capacidade, lançaram os fundamentos de nosso edifício literário.
Como visto, foram profundos e bem fortes os argumentos do venturoso mestre a respeito do que ora me ocupo. E tempo não haveria para, pelo menos, aproximar-me  do tanto que, com plena convicção e acerto nos legou ele. Não será de esquecer, todavia, seu oportuno ensinamento, ou conselho, com que encerrou suas judiciosas observações sobre o assunto: Continuemos, pois, desassombradamente, nós brasileiros, a colocar os pronomes pessoais atônicos ao nosso modo, que é tão nobre e tão gramatical, pelo menos, como o português.  
Meus Senhores, Minhas Senhoras, no dia 16 do mês corrente, terão passado nada menos que 92 anos que se finou Paulino de Brito. Se foi de ingentes sacrifícios  o início de sua venturosa vida, não menos sofridos  foram seus últimos dias, enfermo e preso a uma cadeira de rodas, situação que perdurou por quase uma década. Mesmo assim, mantinha íntegra sua fé religiosa, fiel católico que fora desde a infância, o  que lhe terá assegurado o alento que, de algum modo, minimizava suas dúvidas e angústias.
Por ocasião do cinquentenário de sua morte, o Conselho Estadual de Cultura do Pará prestou ao ilustre amazônida as mais sentidas homenagens. Fazendo a apresentação da obra comemorativa do mencionado evento, o intelectual Clóvis Silva de Moraes Rego, presidente do Conselho, destacou a luta empreendida por Paulino de Brito no terreno da literatura, da filologia e das artes em geral, logrando transpor, com o prestígio de sua palavra, as próprias fronteiras nacionais.
Não sei se no Amazonas, terra natal do genial homem de letras, àquela época ou mesmo antes, quando o talentoso conterrâneo já era visto como uma das mais lúcidas inteligências que engrandeciam as letras amazônicas, não sei, repito, qual o grau de reconhecimento e respeito que lhe devotavam seus conterrâneos. Ao que me parece, apenas esta Academia, a Casa onde pontificaram  Péricles Moraes, Adriano Jorge, João Leda, Álvaro Maia e tantos outros luminares   chegou a render-lhe merecidas, embora tardia homenagem, dando seu nome à Cadeira que, humildemente,  me cabe a honra de ocupar. Era em Belém, sem a menor dúvida,  que lhe cumulavam da mais sentida honraria e admiração. Em reportagem da “Província do Pará”, edição de 17 de setembro de 1969, sobre a morte do grande vate amazônico, uma assertiva me chamou   a atenção. Ao destacar as qualidades do ilustre mestre, a reportagem começa informando que o “filólogo e gramático”   era poeta e jornalista paraense, mas nascido    no Amazonas. Para mim, nada mais que uma demonstração de amor e respeito que tinham e têm  os filhos do Pará pela iluminada figura de Paulino de Brito.  Admito, assim, justo e procedente o que para muitos pode parecer bairrismo, senão usurpação de naturalidade. É que foi exatamente no Pará, “rincão que elegeu sua pátria”, conforme reportagem do jornal O ESTADO DO PARÁ, que Paulino de Brito encontrara a correspondência emotiva dos seus grandes ideais de escritor e poeta.
A propósito desse sentimento paraense pelo vate nascido no Amazonas, Peregrino Júnior, em artigo publicado na revista A SEMANA, de Belém, edição de setembro de 1919,  não deixou por menos, ao dizer que Paulino de Brito, a despeito de ter ascendido também às mais altas cumeadas da glória – e sem embargo de seu largo poder de irradiação ter atravessado as fronteiras obscuras dos rincões provincianos – nunca deixou de ser paraense genuinamente paraense, quer pelo coração, quer pelo pensamento”.
A nós amazonenses, nenhuma restrição entendo se deva fazer a tão eloquente manifestação de querença, ou de bem-querer ao conterrâneo ilustre. A verdade, porém, é que Paulino de Brito, na grandeza de sua inteligência, há muito ultrapassara os limites convencionais determinantes de sua naturalidade. Tornara-se, na verdade, um amazônida, e não um mero amazonense, pelo nascimento, ou paraense, pelo coração.
Minhas Senhoras
Meus Senhores.
Já bem longo, reconheço, me parece ser  o pronunciamento que ora faço. Todavia, se possível fosse comparar a vitoriosa trajetória do ilustre patrono à grandeza do nosso majestoso Rio Negro, – fonte,  aliás,  de uma das mais belas expressões de sua poesia – concluiríamos que pouco, muito pouco, consegui navegar. Meu propósito era deter-me, também, embora ligeiramente, na produção poética de Paulino de Brito. A prudência, mais uma vez, recomenda que me contenha, até mesmo por me faltarem condições que, pelo menos, se aproximem da expressiva sensibilidade do grande vate amazônico. Assim, na tentativa de preencher tão lamentável lacuna, valho-me do que a propósito do fazer poético de Paulino de Brito disse o professor e crítico literário Antônio Paulo Graça, lamentavelmente falecido tão cedo, uma  das mais fulgentes inteligências da nossa juventude – em substanciosa análise crítica constante do livro CÂNTICOS AMAZÔNICOS, obra  incluída na Coleção Resgate da Editora VALER, sob a coordenação do acadêmico Tenório Telles, com apresentação do poeta e também acadêmico Elson Farias. 
Não se pode cair na tentação de um julgamento fácil, considerando sua poesia artificial e suas idéias apenas conservadoras. Os poemas encomiásticos ou ufanistas – e os há em quantidade – não constituem o núcleo dessa obra. Ao contrário, denunciam o inconsistente círculo em que se movimentava o poeta.
E, antes de encerrar seu percuciente trabalho, afirma Antonio Paulo Graça: Paulino de Brito, portanto, é um poeta que merece ser lido e discutido dentro de uma estética e não apenas a partir de preceitos ou preconceitos éticos e ideológicos, o que acontece comumente.
Finalmente, após discorrer sobre os mais variados aspectos da poesia de Paulino de Brito, detém-se o jovem crítico sobre o mais conhecido de seus poemas, RIO NEGRO, com o qual chega a comparar-se nos seus mistérios e sortilégio, em face, admito, de  sua consciente condição humana.   É, pois, com três  estrofes desse monumento da poética amazônica, as duas primeiras e a última, que encerro minhas palavras:
RIO NEGRO
Na terra em que nasci, desliza um rio
ingente, caudaloso,
porém triste e sombrio;
como noite sem astros, tenebroso;
qual negra serpe, sonolento e frio.
Parece um mar de tinta, escuro e feio;
nunca um raio de sol vitorioso
penetrou-lhe no seio;
no seio em cuja profundeza enorme
coberta de negror,
habitam monstros legendários, dorme
toda a legião fantástica do horror!
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Mas, dum e doutro lado,
nas margens, como o quadro é diferente!
Sob o dossel daquele céu ridente
dos climas do equador,
há tanta vida, tanta,
ó céus! E há tanto amor!
Desde que no horizonte o sol é nado
até que expira o dia,
é toda a voz da natureza um brado
imenso de alegria;
e voa aquele sussurrar de festas,
vibrante de ventura,
desde o seio profundo das florestas
até as praias que cegam de brancura!
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Ó meu rio natal!
Quanto, oh! Quanto eu pareço-me contigo!
Eu, que no fundo do meu ser abrigo
uma noite escuríssima e fatal!
Como tu, sob um céu puro e risonho,
entre o riso, o prazer, o gozo e a calma,
passo entregue aos fantasmas do meu sonho,
E às trevas de minha alma!
 
 
 
Obrigado. Tenho dito!"