DIÁRIO – 20/03/2020

20/03/20

Elmar Carvalho

Estamos eu e minha família há alguns dias fazendo a chamada quarentena, por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19), que está se alastrando pelo mundo, levando o pânico a quase todos os seres humanos. Não se trata apenas de uma questão de saúde pública, mas também está se tornando um problema econômico-financeiro. 

Com as medidas de quarentena, de limitação de transporte público e locomoção, com a proibição de aglomeração e de realizações de eventos, inúmeras empresas já enfrentam dificuldades em seus negócios e faturamento, com as suas inevitáveis consequências, como pagamento de fornecedores, empregados, taxas e tributos. 

Isso, sem dúvida, gera uma cadeia de efeitos negativos para outras empresas e para a receita governamental em suas três esferas. Deixo para o leitor o exercício de enumerar as situações provocadas por esse efeito dominó, se a situação atual perdurar por alguns meses.

Minha filha Elmara está muito preocupada, e constantemente nos adverte para que mantenhamos o nosso recolhimento forçado.

Temo que surjam os profetas do apocalipse, anunciando o fim do mundo e o Juízo Final, como já surgiram em outras épocas de crise.

A humanidade pouco aprendeu com as lições ministradas pelo malefício das guerras. Se tivesse aprendido, não haveria hoje as idiotas guerras por motivos étnicos, religiosos, ideológicos e tribais, ou simples apego ao poder. Se o leitor quiser ter uma ideia do que seja (a desgraça de) uma guerra, basta que assista ao filme O Pianista. 

Espero que a raça humana aprenda agora com essa verdadeira praga, que jamais esperei enfrentar no momento em que inicio o meu outono.

Por fim, desejo que essas restrições e medo, nos tornem menos egoístas, nos afastem do excesso de hedonismo e consumismo, nos libertem do jugo dos aparelhos eletrônicos, e nos façam mais meditativos, e, sobretudo, nos façam retornar ao regaço de Deus, à solidariedade e a uma boa leitura.

Quanto aos ateus, apenas direi: não acredito em ateus, graças a Deus. No máximo, creio em provisório e precário agnosticismo.