DIÁRIO - 10/04/2020
Por Elmar Carvalho Em: 10/04/2020, às 12H08
DIÁRIO
[Aniversário, Kindle e um susto]
Elmar Carvalho
10/04/2020
Ontem fiz 64 anos de vida. Como não tenho o hábito de comemorar meus aniversários natalícios, nada me custou permanecer em meu distanciamento social, eufemismo criado, nestes tempos de expressões politicamente corretas, para a quarentena imposta pela covid-19. De qualquer maneira, como o próprio nome indica, aniversário acontece todos os anos.
Mesmo assim, a Fátima pediu uns quitutes por serviço de entrega domiciliar, e fizemos pequena comemoração, apenas com a presença dela, de minha filha, do seu namorado, o Felipe, e deste aniversariante sessentão. Em termos de aniversário, comemorei apenas o de meu meio século, o de meus 55 anos e o de quando me tornei um sessentão. Como dizem os sarcastas, entrando agora na casa dos 64, não sei nem bem se é de fato uma casa ou se apenas um pardieiro, ou, na melhor das hipóteses, uma tapera. Por ser um número redondo, talvez comemore os meus 65.
Alguns poucos e bons amigos, confrades e parentes me parabenizaram através de telefonemas, torpedos, e-mails e mensagens por whatsapp. Entre eles, pedindo desculpa por involuntária omissão, e sem seguir (necessariamente) a ordem de recebimento: Homero Castelo Branco, Maria, Reginaldo(s) Costa e Miranda, César e Simone, Natim Freitas, Teresinha Queiroz, Ben-Hur Sampaio, Maria José, Josélia, Nilva, João Miguel, Gelvan Lisboa, Cid de Castro Dias, Walter Lima, Felipe Mendes... Também fui parabenizado pelo grupo de whatsapp da Academia Piauiense de Letras, mas não pude responder, por não ser usuário desse sistema de rede social, porém o faço aqui e agora. A todos muito obrigado pela lembrança, de todo coração.
Ainda ontem sofri um grande susto. Caí na besteira, não sei por que, de tentar fazer a configuração de meu aparelho de leitura Kindle, da Amazon. Numa barbeiragem ou vacilo indevido, optei por comandar a configuração inicial do dispositivo, e isto me custou o sumiço de minha biblioteca virtual, de mais de quinhentos livros, o que, além do transtorno, implicaria na “queima” de uma pequena fortuna. Para mim, seria uma verdadeira calamidade, uma vez que hoje leio muito mais através do Kindle, do que por meio de obras físicas.
Tentei manter minha calma, ao pensar que os livros deveriam estar no empíreo, isto é, numa “nuvem” virtual, e que, portanto, eu poderia resgatá-los. Um tanto ansioso, fiz algumas tentativas fracassadas. Mas, insistindo, pelo método do “erra acerta”, consegui trazer para o Kindle a minha biblioteca, quando já era bem tarde da noite. Para me tranquilizar e me fortalecer espiritualmente, pedi logo um novo e-book.
Tratava-se de “Tao Te Ching – o livro que revela Deus”, da autoria de Lao-Tsé, texto integral, 5ª edição (2006), publicado pela Martin Claret, tradução e notas de Huberto Hohden. Enfeixa 81 breves poemas, alguns um tanto herméticos, por conterem paradoxos e antíteses ou por tentarem sondar o insondável, conhecer o incognoscível, ou auscultar o inaudível e inescrutável.
Alguns versos, tal a beleza sintética de que se revestem, são verdadeiros aforismos e lições de bem-viver. Desses aforismos e lições transcrevo apenas três, que seguem abaixo:
- Grande, porém, és Tu, de quem tudo vem / E a quem tudo volta.
- Tudo o que existe egressa do Ser / E regressa ao Ser.
- O único desejo do sábio / É não ter desejos.