Dezembro de 1966: homenagens europeias a Walt Disney
Por Flávio BittencourtEm: 18/12/2012, às 05H02
[Flávio Bittencourt]
Dezembro de 1966: homenagens europeias a Walt Disney
Quando Disney faleceu, há 46 anos, a manifestação da revista Paris Match foi grandiosa e comovente.
"La vie est une histoire vraie"
(A VIDA É UMA HISTÓRIA VERDADEIRA)
[LEMA DA REVISTA PARIS MATCH)
A alegria (imagens extraordinariamente felizes da
Disneylândia, rodadas há mais de 50 anos [1962]),
aprox. quatro anos antes de uma grande tristeza (a
morte de Disney):
Forty Pounds of Trouble (1962)
[FILME DE FICÇÃO QUE NÃO FOI ELABORADO SOB A
CRIATIVIDADE GENIAL E ORIENTAÇÃO ADMINISTRATIVA
DEWALTER ELIAS DISNEY, MAS OBTEVE UM
SUCESSO TREMENDO, POR MOSTRAR A DISNEYLÂNDIA -
SEQUÊNCIA MEMORÁVEL QUE PODEMOS, AGRADECIDOS,
AGORA VER (NÓS, AS ENTÃO CRIANÇAS DE CAPITAIS DE ESTADOS
E DAS CIDADES COM CINEMA, CHEGÁVAMOS A SENTIR COMPAIXÃO
PARA COM OUTROS INFANTES QUE POR UMA RAZÃO OU POR
OUTRA NÃO TINHAM CONSEGUIDO ASSISTIR A ESSE FILME)].
Youtube:
"Enviado em 30/09/2010
Forty Pounds of Trouble trailer starring Tony Curtis and a little girl going at Disneyland!"
QUANDO O BRASIL VIVIA A DEMOCRACIA (HOJE TAMBÉM VIVE, FELIZMENTE):
"Maria Thereza Goulart [ESPOSA DO ENTÃO PRESIDENTE DO BRASIL (1963),
DR. JOÃO GOULART]
Maria Thereza Goulart é considerada até hoje a Primeira Dama mais bonita do Brasil e uma das mais bonitas do mundo. Não foi de graça que recebeu este título, ela era realmente linda quando na presidência estava o seu esposo João Goulart (1961-1964) e depois disto também.
Nesta foto, Maria Thereza em evento no Rio de Janeiro, 1963.
Maria Thereza casou aos 17 anos com João Goulart, então candidado a vice-presidente com 31 anos. O casamento ocorreu em São Borja, cidade natal do Jango, interior do Rio Grande do Sul.
Jango assumiu a presidência quando Jânio Quadros renunciou, em 1961, e ocupou o cargo até ser deposto pelo golpe militar, em 1964. (...)"
"O pensador Umberto Eco é um interessado em histórias em quadrinhos, tendo-os como um valioso objeto de estudo da comunicação em massa, dentro de seu principal ramo filosófico: a semiologia.
O último romance do italiano – considerado por alguns o maior intelectual vivo – A Misteriosa Chama da Rainha Loana, não apenas utiliza um pouco da linguagem dos quadrinhos, mas, além disso, tem os gibis como um dos objetos de sua narrativa, ao lado da propaganda, literatura clássica e moderna, música e cinema.
Nesta obra, o protagonista Yambo – um culto e conceituado livreiro dedicado a obras raras, assemelhando ao próprio Umberto Eco – perde sua memória afetiva após um acidente automobilístico. Por recomendação médica, dá um tempo à vida conturbada da grande cidade e ruma para a pequena vila onde cresceu, junto ao seu avô, outro grande interessado por mídias impressas. Esse é o ensejo para a grande obra que está por vir. Lembranças do próprio autor da vida na Itália fascista, onde a única fuga, além do afeto familiar e das aventuras bucólicas, eram antigas histórias infantis, tanto em prosa quanto em quadrinhos, em especial as norte-americanas.
Remexendo no esquecido acervo de seu falecido avô, o protagonista se depara com edições antológicas de Wall Disney, Flash Gordon, Fantasma, Terrye os Piratas, Mandrake, Dick Tracy, Happy Hooligan, Os Sobrinhos do Capitão, Gato Félix e tantos outros personagens que povoaram o imaginário de uma geração educada pela Guerra – em sua constância e final, mas sempre com o temor de uma nova deflagração. (...)"
"NA REVISTA FRANCESA ELLE, HAVIA UMA PÁGINA DE TINTIN (TINTIM). MINHA TIA ALICE (ALICE LILIANA DE ARAUJO LIMA COELHO (FUNCIONÁRIA DO IBGE, ESPOSA DO ODONTÓLOGO DR. POJUCAN COELHO, FILHA DO ESCRITOR BENJAMIN LIMA, NORA DO FOTÓGRAFO E CINEGRAFISTA QUE ESTEVE NA I I GUERRA MUNDIAL [HÁ FOTO EM QUE APARECEM RUBEM BRAGA, =EM EDIÇÃO====] HORÁCIO GUSMÃO COELHO, E IRMÃ DO CRIMINALISTA CARLOS DE ARAUJO LIMA) TINHA ASSINATURA DESSA REVISTA ... E NA REVISTA PARIS MATCH FOI PUBLICADA UMA FAMOSA IMAGEM: === em edddd
"ONDE EU ESTAVA QUANDO SOUBE QUE WALT DISNEY HAVIA MORRIDO? EM CASA. DEPOIS DO CAFÉ DA MANHÃ. MEU PAI AINDA NÃO HAVIA LIDO OS JORNAIS: O JB, O DIÁRIO DE NOTÍCIAS E O GLOBO, ESTE COM SUA TRADICIONAL PÁGINA DE QUADRINHOS. EU ENTENDI O QUE HAVIA ACONTECIDO. O REPÓRTER ESSO DA VÉSPERA NÃO HAVIA NOTICIADO O TRISTE EVENTO, PORQUE O ÓBITO AINDA NÃO TINHA ACONTECIDO OU NÃO ERA CONHECIDO. DISNEY MORREU DE CÂNCER NO PULMÃO. ELE FUMAVA. === em edddd ===
"(...) Mas o camundongo não deve estar tão triste assim, afinal, segundo o jornal O Estadão, somente em 1997, a exploração comercial do personagem Mickey, rendeu à companhia Disney um total de US$ 23 milhões (US$ 700 mil destes do Brasil). Agora, a Disney está investindo em um projeto monstruoso, batizado de MouseWorks, para reativar a carreira de Mickey, Pateta, Minnie, Pluto e Donald na televisão. Mickey pode ter chorado com a morte de seu pai, mas provavelmente não chorará nunca de fome."
18.12.2012 - Quando Disney faleceu, há 46 anos, a manifestação da revista Paris Match foi grandiosa e comovente - Dezembro de 1966: homenagens europeias a Walt Disney. F. A. L. Bittencourt ([email protected])
Desenho na capa - Pierre Nicholas:
"Wednesday, May 07, 2008
This is by far the most famous magazine cover to have appeared following the death of Walt Disney. Mickey crying was drawn by the French artist Pierre Nicolas, whom I had interviewed many years ago. I had a chance to conduct a follow-up interview with him two month ago, on March 13 focusing mainly on the creation of this cover. Here are his answers.
Didier Ghez: Can you tell me something about the events that surrounded the creation of your famous Paris Match cover?
Pierre Nicolas: It’s relatively simple. The day that Walt Disney passed away I was called by Armand Bigle that was the person in charge for Disney in France and even at the European level, in the offices of the Champs-Elysées. He put me in touch with people from Paris Match who took me to the office on rue Pierre-Charron where Paris Match was published. There the redaction committee took place, which included Thérond, the director of the editorial board, Pigneau that did the layout, Bourgeas, the art director, Croizard, the associate editor, Collette Porlier and Mrs. De Saint Edvire. We discussed for a while about what should be done, because they wanted to do something about the death of Walt Disney and they were thinking about a cover. But as ever, when people speak about Disney, they want to put too much in. They wanted to remind people [on the cover] of each movie, each known character. But on the cover this would have been confusing. And it had to go to the printing house within the following hours. So I did not have time to do too complex a thing. So obviously I thought about creating the face of Mickey, thinking that it was the most simple and quickest idea. It was a bit of laziness but it was also a logical idea. So that is what I did. The only issue is that I was in the offices of Paris Match and there was not much there. They brought me to a small drawing office where I found some drawing supplies. It was at night! I had been called to the meeting at around 10.00PM and I finished the drawing around midnight or one in the morning, in a hurry. It had to go to the printer. I worked with some drawing tools that were not mine. I could have done much better with a full day in front of me and if I had been at home or at the Disney office.
In the following years, there was a party at the Club of the Art Directors to say that the Paris Match cover had received the award for best cover of the year. There was an award, of course, but to get it I would have had to spend 200 francs! So I refused. I thought this was amazing. I never even saw the award.
DG: This cover became very famous in the whole world. Were you surprised by this?
PN: It was the first, which might have made it famous. A few months or years after I received a phone call from a journalist from Paris Match who told me that the grandson of the CEO of Match had sold the original drawing of the cover in a gallery in New York, to someone called Andre Sheller.
DG: Walt Disney visited your offices once. Any special memories of that visit?
PN: No. He came only once and met with Bigle. Bigle introduce me, that’s it. Walt one entered my office by mistake while looking for Bigle and apologized in bad French. I found this funny as he seemed to blush. I thought it odd that such an important person would be so kind and would blush. But that’s it. I did bring him a letter from Bigle two days later at the hotel Plaza Athénée. I was never in contact with him, unfortunately.
O pensador Umberto Eco é um interessado em histórias em quadrinhos, tendo-os como um valioso objeto de estudo da comunicação em massa, dentro de seu principal ramo filosófico: a semiologia.
O último romance do italiano – considerado por alguns o maior intelectual vivo – A Misteriosa Chama da Rainha Loana, não apenas utiliza um pouco da linguagem dos quadrinhos, mas, além disso, tem os gibis como um dos objetos de sua narrativa, ao lado da propaganda, literatura clássica e moderna, música e cinema.
Nesta obra, o protagonista Yambo – um culto e conceituado livreiro dedicado a obras raras, assemelhando ao próprio Umberto Eco – perde sua memória afetiva após um acidente automobilístico. Por recomendação médica, dá um tempo à vida conturbada da grande cidade e ruma para a pequena vila onde cresceu, junto ao seu avô, outro grande interessado por mídias impressas. Esse é o ensejo para a grande obra que está por vir. Lembranças do próprio autor da vida na Itália fascista, onde a única fuga, além do afeto familiar e das aventuras bucólicas, eram antigas histórias infantis, tanto em prosa quanto em quadrinhos, em especial as norte-americanas.
Remexendo no esquecido acervo de seu falecido avô, o protagonista se depara com edições antológicas de Wall Disney, Flash Gordon, Fantasma, Terrye os Piratas, Mandrake, Dick Tracy, Happy Hooligan, Os Sobrinhos do Capitão, Gato Félix e tantos outros personagens que povoaram o imaginário de uma geração educada pela Guerra – em sua constância e final, mas sempre com o temor de uma nova deflagração.
Embora extremamente culto e afim com obras eruditas raras, são justamente os gibis que fazem despontar pedaços da memória afetiva de Yambo. O próprio título do romance refere-se ao quadrinho – definido pelo personagem como a “história mais boba que uma mente humana poderia conceber” – que leva à tona uma enxurrada de memórias afetivas. Antes mesmo dessa revelação, ainda na primeira parte do livro, é uma historieta simples do Mickey Mouse (O Tesouro de Clarabela) que promove as primeiras evocações emotivas do erudito livreiro.
O livro é ilustrado com gravuras diversas, propagandas, capas e miolos de quadrinhos.
Os comentários acima acerca da obra funcionam para destacar a inclinação de Eco ao estudo dessa forma de comunicação. Entretanto, em outras de suas obras, a linguagem quadrinística está presente. Cito, por exemplo, Baudolino, a partir do vigésimo sexto capítulo e algumas passagens dinâmicas e insólitas presentes no intricado O Pêndulo de Foucault.
Além disso, é bom citar a breve introdução de Eco à última obra de Will Eisner, O Complô, bem como o prefácio comparativo à edição completa de Mafalda, do querido argentino Quino.
Encerramos no plano teórico do autor, citando a coletânea de estudos Apocalípticos e Integrados, onde um capítulo completo é dedicado ao estudo da mitologia contemporânea dos Super-Heróis, sob o título O Mito do Superman. Pouco depois, vimos esse tema estendido no estudo O Super-Homem de Massa, onde personagens revestidos pela polidez heróica são analisados, evocando-se quaisquer produções artísticas, a exemplo da literatura convencional e pulp, bem como a folhetinesca em geral.
Em nosso país, é interessante citar alguns autores influenciados, em sua produção literária, pela linguagem dos quadrinhos. Dois grandes exemplos são: Luís Fernando Veríssimo e Jô Soares. O primeiro, aliás, já nos premiou com quadrinhos de elevado nível, a exemplo Ed Mort (em parceria com o cartunista Miguel Paiva), Aventuras da Família Brasil e As Cobras. Quanto a Jô Soares, a linguagem às vezes exagerada e dinâmica dos quadrinhos pode ser vista em seu segundo romance, O Homem que Matou Getúlio Vargas. Além disso, em seu Assassinatos na Academia Brasileira de Letras, as pistas para se descobrir o vilão são espalhadas em referência aos personagens Hans e Fritz (os pestinhas que ocupavam a tira Os Sobrinhos do Capitão). O gosto de Jô Soares pelos quadrinhos também pôde ser notado há muito tempo, quando traduziu, para estas bandas, o gibi Barbarella (ano 1969).
Mas os quadrinhos, na literatura nacional, são objetos para outra postagem.
Notas
1. As obras de ficção de Umberto Eco aqui citadas são publicadas, no Brasil, pela editora Record.
2. Os gibis O Complô e Toda Mafalda foram publicados, aqui, respectivamente, pelas editoras Companhia das Letras e Martins Fontes, em capa dura e com excelente tratamento gráfico.
3. Todas as tiras de Ed Mort foram compiladas em álbuns grandes pela editora L&PM. Já as tirinhas da Família Brasil tiveram dois álbuns, um pela L&PM e outro pela editora Objetiva. Esta última, aliás, foi responsável pelo volume As Cobras – Antologia Definitiva, um encadernado com direito a papel especial de alta gramatura.
4. A edição de Barbarella, traduzida por Jô Soares, aparentemente, nunca teve uma republicação. Mas seus romances são regulamente reimpressos pela Companhia das Letras.
5. Demais observações sobre biografia de Eco, suas produções artística e acadêmica, bem como esquadrinhamento do que vem a ser mencionado ramo do pensamento filosófico (semiologia), podem ser facilmente encontrados em diversos sites (recomendo a Wikipédia)."
Era inevitável, e Walt Disney logo percebeu. Um dia, alguém ganharia uns bons trocados às custas de sua história --que, nos anos 50, já incluía uma revolução nas animações, um gigantesco mercado de produtos associados a seu nome e a criação do parque Disneylândia.
Em 1956, então, ele aceitou dar uma série de entrevistas a um jornalista, com a condição de que sua primeira biografia autorizada, "The Story of Walt Disney", saísse com a assinatura de Diane Disney Miller. Se era para alguém faturar em cima dele, que fosse a filha.
Depois dessa biografia, vieram outras dezenas, meticulosas, capengas, inócuas, sensacionalistas --incluindo uma sob o duvidoso título "O Príncipe Sombrio de Hollywood".
A que chega amanhã às lojas do país, "Walt Disney: O Triunfo da Imaginação Americana" (Novo Século), do americano Neal Gabler, foi feita a partir de uma fonte, pode-se dizer, até mais confiável que as lembranças de Disney (1901-1966).
A origem de suas 944 páginas (incluindo mais de 200 só de referências) são milhares de desenhos, cartas e outros documentos reunidos ao longo da vida de Disney e que, arquivados nos estúdios em Burbank, Califórnia, até então só haviam sido parcialmente liberados.
Gabler, jornalista experiente, autor do best-seller "An Empire of Their Own: How the Jews Invented Hollywood" (um império só deles: como os judeus inventaram Hollywood; não lançado no Brasil), teve total acesso a esses registros e os pesquisou durante sete anos.
"Acontece que Walt amava fantasiar sua vida. Ele era, antes de tudo, um contador de histórias, e adorava alimentar sua própria mitologia", diz Gabler, 59, à Folha, por telefone, de Nova York. "A um ponto em que eu não me sentia confortável em usar a versão de Walt se não pudesse checá-la."
No livro, o autor coloca Disney, o contador de histórias, contra Disney, o jovem empreendedor que tropeça na própria ansiedade, que erra muito e que relata seus infortúnios em cartas para a mulher, o irmão (Roy, que comandou os estúdios com ele desde o começo) e mesmo desafetos.
"Em vez de apenas lembranças, tive em mãos documentos do momento, por exemplo, em que Disney, depois de concluir 'Steamboat Willie' [o primeiro desenho que sincronizava som e imagem], tentava vender Mickey para algum distribuidor em Nova York", diz Gabler.
Treinador de camundongo
São com certeza versões menos românticas que aquela, do próprio Disney, segundo a qual ele criou Mickey após conseguir treinar camundongos.
"Nunca esquecerei o grito que uma garota deu quando entrou em meu escritório um dia e encontrou um rato sentado em minha mesa enquanto eu o desenhava", ele relata, em uma entrevista citada na biografia.
Na verdade, segundo confirmou Gabler, Disney praticamente já não desenhava aos 23 anos, quando comandava seu pequeno estúdio, e quatro antes de Mickey ser criado.
Ele foi de fato um dos mentores intelectuais do personagem (e lhe deu voz até os anos 40, quando se cansou de arranhar a garganta com o falsete e passou a tarefa a um técnico de som), mas seu esboço de Mickey não ficou bom. "Era comprido e magro", lembraria um colega.
Disney, diz Gabler, até sabia desenhar Mickey, "mas certamente não tão bem quanto Ub Iwerks", o dono do traço de personagem nas primeiras animações. Iwerks pediu as contas menos de dois anos após a estreia do camundongo, sentindo-se lesado por Disney ficar com todos os louros. Ele acabaria voltando aos braços (ou melhor, aos estúdios) do colega anos depois, quando este já era internacionalmente famoso.
"Príncipe sombrio"
A fama de "príncipe sombrio" --que ganhou força com a questionável biografia de Marc Eliot, lançada em 1993-- tem seu fundamento. "Walt Disney não era um homem fácil, e tento dar essa noção. Houve momentos, enquanto escrevia, em que me senti profundamente incomodado com suas atitudes, e um deles foi durante a greve nos estúdios", diz Gabler.
Em princípio, Disney tentava lidar com os funcionários de igual para igual, mas os estúdios se tornaram tão grandes que, a certa altura, ele não tinha como saber o nome de todos os seus empregados. Foi então --quando havia até quem "desmaiasse de fome", segundo o livro, sem tempo nem dinheiro para almoçar-- que os funcionários decidiram paralisar.
"Walt Disney não agiu particularmente bem ali", diz Gabler, "e uma das coisas que fez foi fugir. Ele deixou os estúdios e foi para a América Latina".
A greve, em 1941, coincidiu com a ideia do governo de usar Walt Disney como uma espécie de embaixador dos EUA na América Latina --numa época em que os Aliados precisavam conquistar os países abaixo da linha do Equador para evitar a aproximação deles com o Eixo.
Enquanto exaltava o Brasil e seus vizinhos em "Alô, Amigos" (1943) e "Você Já Foi à Bahia?" (1944), com Zé Carioca, Walt Disney vivia também seus anos mais tristes, segundo Gabler --produzindo curtas por encomenda do governo norte-americano, como aqueles em que Pato Donald aprende a pagar seus impostos ou no qual, vestido de nazista, sofre nas mãos dos oficiais da SS.
"Na Itália as histórias em quadrinhos são conhecidas por fumetti (plural de fumetto). Literalmente o termo fumetto significa pequena baforada de fumo e nos quadrinhos refere-se ao aspecto dos balões onde são apresentados os diálogos, dada a semelhança com fumaça saindo da boca dos personagens.
As principais editoras responsáveis pelas publicações periódicas Disney em Itália foram:
1932 a 1935: Nerbini Editrice - Florença
1935 a 1988: Mondadori Editore - Milão
Desde 1988: Walt Disney Company Italia – Milão (a única empresa de publicações mantida pela Disney na Europa e Oriente Médio)
Mickey foi o primeiro personagem Disney a ser publicado em Itália. Aconteceu entre 30 de março e 21 de dezembro de 1930, no “Illustrazione del Popolo” (suplemento dominical do diário “Gazzetta del Popolo”, de Turim).
1.ª tira publicada em 30 de março de 1930
A publicação ocorreu entre os números 13 e 51. No total teriam sido publicadas 37 tiras. Geralmente uma por edição exceto nos números 17 e 28 onde foram publicadas duas.
O número 23 apresentou um artigo sobre Ub Iwerks, com o título Il creatore de “Topolino”, embora no corpo do texto apenas se afirme “... il creatore dei famosi cartoni animati di Topolino”. Nos números 44, 46 e 48 não houve tiras do Mickey.
Em alguns números do diário "Il Popolo di Roma", entre abril e agosto de 1931, foram publicadas histórias do Mickey onde aparece um personagem de nome Mio Miao, um gato que tenta caçar o Mickey de todas as formas possíveis.
Ainda não havia balões com os textos e as legendas eram apresentadas em verso. Quem desenhou estas histórias foi Guglielmo Guastavecchia (nome verdadeiro de “Guasta”). Estas terão sido as primeiras histórias do Mickey desenhadas na Itália e aparentemente sem autorização da King Features Syndicate.
“Il Popolo de Roma” em abril de 1931
A editora Nerbini, de Florença, iniciou em 1932 a publicação de um jornal com histórias do Mickey. Embora o seu título fosse apenas “Topolino” este semanário ficou conhecido por “Topolino giornale”, denominação que resultou do fato de ter poucas páginas e o grande tamanho típico dos jornais da época. O primeiro número saiu em 31 de dezembro de 1932, contudo Nerbini não tinha adquirido corretamente os direitos de publicação. Assim, a partir do número 3, teve que alterar o título para “Topo Lino” (rato Lino) e o Mickey foi substituído por um outro rato. Após a aquisição dos respectivos direitos à King Features Syndicate o jornal voltou ao nome de “Topolino”, a partir do número 5. No número 7 começaram a aparecer as histórias de Floyd Gottfredson. Neste número são usados pela primeira vez balões com os textos.
Curiosidade: o primeiro editor de “Topolino” foi Paolo Lorenzini que adotou o pseudónimo de Collodi Nipote (Collodi Sobrinho) porque era realmente sobrinho de Carlo Lorenzini (Carlo Collodi), o autor de “Pinochio”.
“Topolino” tinha 8 páginas, 4 em cores, com as dimensões de 250x350mm e também publicava histórias de personagens non-Disney.
Capas do “Topolino giornale” #1, do #3 e do #7
Em maio de 1933 foi publicado pela Nerbini o primeiro “Topolino Supplemento” onde apareciam as tiras e pranchas dominicais que não tinham espaço no “Topolino giornale”. Foram publicados 42 números, até setembro de 1935. Com periodicidade irregular, inicialmente mensal passou mais tarde a quinzenal. Os dois primeiros números tinham as incríveis dimensões de 400x560mm, o maior jamais adotado por uma publicação de quadrinhos. Ao longo da sua vida foi sofrendo várias alterações até que nos últimos números passou a 320x440mm. Também eram publicadas algumas histórias non-Disney.
Capa do “Topolino Supplemento”#42
A partir de 1933 foram publicadas algumas histórias Disney, de forma dispersa, em “Il Super 420” (suplemento do semanário satírico e humorístico “Il 420”) e no “Corriere dei Picolli” (suplemento do “Corriere della Sera”, que era conhecido por “Corrierino”).
Em outubro de 1933 o título “Topolino contra Wolp il terribile brigante del West” inaugurou a série “Albi Nerbini” da qual foram publicados 9 números e que teve várias reedições. O último número saiu em julho de 1935.
Para além das publicações regulares referidas (da Nerbini) mais cinco (da Mondadori) foram apresentando os personagens Disney.
Em março de 1935 se iniciou a publicação do jornal “I Tre Porcellini”. Este jornal marcou a entrada da Mondadori, de Milão, no universo Disney.
Folha de propaganda e capa do #1 de “I Tree Porcellini”
Até 4 de fevereiro de 1937 foram publicados 98 números, com periodicidade semanal, com as dimensões de 260x340mm e oito páginas, das quais metade eram em cores. Parte do material utilizado era de produção inglesa e publicou histórias de personagens Disney e non-Disney. Apesar de o título do jornal se referir aos Três Porquinhos é de notar a presença de um pequeno Mickey no cabeçalho.
Também em março de 1935 saiu o primeiro número de “Nel Regno di Topolino”. Até 25 de fevereiro de 1940 foram publicadas 95 revistas.
Capa do #1 de “Nel Regno di Topolino”, desenhada em Itália por Antonio Rubino
Esta revista saía duas vezes por mês e foi publicada em dois formatos diferentes. Um horizontal (330x240mm) nos números 1, 7, 11, 12, 15, 16, 21, 30, 32, 37, 48, 66, 92 e outro um pouco mais pequeno, vertical (170x255mm) nos restantes. O material utilizado foi em grande parte constituído por histórias completas já publicadas em episódios nos semanários. No entanto algumas tiras diárias de Mickey, anteriores a 1933, foram publicadas nesta série pela primeira vez.
Esta publicação representa a continuação do ataque cerrado que a Mondadori estava fazendo à Nerbini (detentora dos direitos Disney na Itália).
A Mondadori assumiu todos os direitos do material Disney no verão de 1935 e manteve-os por mais de 50 anos. O primeiro número de “Topolino” editado pela Mondadori foi o 137.
Entre dezembro de 1936 e dezembro de 1939 foram publicados 5 números de “Almanacco”, cuja edição coincidia com épocas festivas ou férias escolares e com conteúdo típico de almanaque (jogos, histórias várias, rubricas diversas e material non-Disney).
Em 1937 “Topolino” fundiu-se com “I Tre Porcellini”, dando origem a “Topolino – Grandi Avventure”. O jornal passou a ter 16 páginas, sendo metade em cores e as suas dimensões foram alteradas diversas vezes.
Em 15 de janeiro de 1937 surgiu o primeiro número de “Albi d’Oro”. Em termos de conteúdo era parecido com “Nel Regno di Topolino” e alguns números publicaram inéditos de produção italiana e britânica. Era de periodicidade mais ou menos mensal e terminou em 15 de agosto de 1940 no número 41.
Capa do “Albi d’Oro” #1
Das publicações de “antes da guerra” falta ainda uma referência a “Paperino”. Em todo o mundo este foi o primeiro título dedicado ao Pato Donald. Foram publicados 149 números que saíram entre dezembro de 1937 e outubro de 1940, apresentando as tiras dominicais de Donald, criadas por Al Taliaferro, e as primeiras histórias de produção italiana. A primeira história legal da Disney produzida na Itália foi “Paolino Paperino e il mistero di Marte”, criada por Federico Pedrocchi. Outras séries non-Disney como Zorro, Popeye, Tarzan e alguns episódios de “Saturno contro la Terra” também apareceram nesta publicação.
Capa do “Paperino” #52
Em 1938 a razão social passou de Edizioni Walt Disney – Mondadori para A.P.I. (Anonima Periodici Italiani), propriedade da Mondadori, que passou a publicar todos os periódicos.
Em 1938 as histórias americanas foram proibidas pelo regime fascista. Ao que reza uma lenda urbana só escaparam as histórias Disney porque os filhos de Benito Mussolini gostavam do Mickey. Seja como for em 3 de fevereiro de 1942, no número 477, aconteceu a última aparição do Mickey, que foi proibido e substituído por um personagem humano: Tuffolino.
Em 29 de outubro de 1940, no número 411, absorveu o jornal “Paperino” e em 25 de maio de 1943, no número 545, o título passou a “Topolino – L’Avventuroso – Giungla” após absorver “L’Avventuroso” e “Giungla”.
Cabeçalho do “Topolino – L’Avventuroso – Giungla”
Em meados de 1943 a editora de “Topolino” mudou outra vez de nome para Mondadori. Pelo final do ano passou a Helicon Italiana. A Helicon Italiana era uma organização criada nos anos 1930 pela Mondadori para promover os quadrinhos italianos no estrangeiro.
Se às publicações da Nerbini foi fatal a mudança de editor então os títulos da Mondadori sucumbiram à guerra. “Topolino” interrompeu a sua publicação em 21 de dezembro de 1943, no número 564.
“Topolino giornale” regressou em 15 de dezembro de 1945, com o mesmo formato de antes da guerra e dessa forma continuou até 9 de abril de 1949. Nesta data foi publicado o número 738, o último de “Topolino giornale”. Livre das proibições passou a publicar as histórias de Floyd Gottfredson. Nos números 626 a 632, de março de 1947, foi publicada pela primeira vez em Itália uma história de Carl Barks. Representou a estreia da publicação das histórias longas do Pato Donald no país.
O editor de “Topolino” passou a ser Mario Gentilini. Federico Pedrocchi que durante alguns anos fora responsável pelas publicações Disney em Itália desapareceu tragicamente no início de 1945, quando o trem em que viajava regularmente foi metralhado pelos ingleses.
Em 15 de maio de 1946 “Albi d’Oro” voltou à bancas com um layout diferente. A numeração recomeçou no número 1. Foram publicados 372 números, com periodicidade semanal e quinzenal, até ao final de 1952. Apenas 142 deles foram dedicados a personagens Disney, embora tenham sido publicadas histórias Disney em mais cinco.
A partir de 1953 a numeração passou a estar indexada ao ano (1 a 52 em 1953, 1 a 53 em 1954, 1 a 52 em 1955 e 1 a 41 em 1956, incluindo três “Almanacco”).
Capas do “Albi d’Oro” #2 e #2 de 1956
Nos anos 1950 e 1960 foram realizadas várias reedições dos álbuns de maior sucesso (na capa apresentavam a inscrição “Prima Ristampa” ou “Seconda Ristampa”). Em ocasiões como o Natal e as férias de verão era hábito publicar um “Albo d’Oro” especial intitulado “Almanacco di Topolino”. No total saíram 18 números com esta denominação, incluindo os três últimos de 1956, prenúncio da mudança oficial do título da revista, com periodicidade mensal.
Em agosto de 1946 a editora voltou a ter o nome Mondadori.
Imediatamente após a guerra a produção de histórias nos EUA era de forma a permitir o lançamento de uma nova série, pelo que, em janeiro de 1948, saíu “Gli Albi Tascabili di Topolino” onde eram publicadas histórias de 10 páginas de Carl Barks, entre outros. Eram pequenos fascículos de 32 páginas em formato horizontal e saíram 195 números até março de 1952.
Nos anos seguintes vários deles foram reeditados, de forma individual ou em recolhas, para serem oferecidos como brindes associados a produtos como o detergente Persil ou o queijo Prealpi.
Capa do “Gli Albi Tascabili di Topolino” #9
Pelo final dos anos 1940 as revistas de quadrinhos que publicavam histórias de continuação de não mais do que duas páginas por edição (“Topolino” incluído), estavam em grande crise.
As exigências do público já não eram as mesmas da época anterior à guerra e os editores tiveram que desenvolver outras formas de divulgação. A Mondadori era detentora de direitos que tinha necessidade de rentabilizar e assim decidiu uma mudança radical de formato e periodicidade. Na verdade a Mondadori não poderia excluir “Topolino” do seu plano editorial porque isso resultaria na quebra do contrato que mantinha com a Disney, contrato esse que representava algumas vantagens para o setor livreiro.
Em 7 de abril de 1949 o formato se transformou de jornal para livro de bolso, com dimensões de 125x180mm, 100 páginas e capa em cores. Custava 60 liras e a periodicidade era mensal. Nesse dia foi lançado o primeiro número daquele que ficaria conhecido por “Topolino libretto” e que ainda hoje se publica. Contrariamente ao seu antecessor todas as histórias eram com personagens Disney. Publicou também outros títulos, quase todos da responsabilidade de Guido Martina. Nos primeiros números “Topolino” publicou principalmente histórias americanas de Carl Barks, Floyd Gottfredson e Paul Murry.
O lançamento de “Topolino” foi precedido de uma grande campanha publicitária, sobretudo nas outras publicações da Mondadori.
Curiosidade: Não se pode desligar este lançamento de um outro que a Mondadori fez em outubro de 1948: “Selezione” a versão italiana das Seleções do Reader’s Digest. A revista adotava o formato de bolso inovador (para Itália) e pensou-se em usar o mesmo equipamento de impressão para produzir o “Topolino”. Esta estratégia implicava em menores custos de produção.
A partir de outubro de 1948 tinham surgido em “Topolino giornale” os primeiros episódios de “Topolino e il Cobra Bianco”, a primeira história longa produzida na Itália e publicada naquele jornal. Tinha desenhos de Angelo Bioletto e roteiro de Guido Martina. Para os parâmetros da época a história, era demasiado violenta, com largas doses de extravagância e algum humor negro. Completou a sua publicação no primeiro número de “Topolino libretto”.
Contracapa e capa do “Topolino” #1
Curiosidades: A capa teve por base a imagem da contracapa do Walt Disney Comics and Stories #9. No #1 foi publicada a história onde, pela primeira vez, aparece o Esquálidus. O Quincas, à semelhança do seu original americano (Brer Rabbit ou Brother Rabbit), é chamado Fratel Coniglietto (Irmão Coelho).
A primeira edição do número 1 teve 80 a 90.000 exemplares e uma resposta interessante por parte do público. Do número 2 foram editadas 185.000 cópias.
Curiosidade: há quem diga, embora não haja confirmação do fato, que alguns meses após a saída do primeiro número teria acontecido uma segunda edição de entre 40 a 100.000 exemplares, logo depois de se ter verificado que a primeira edição havia esgotado. A única certeza é que existem exemplares do número 1, garantidamente originais, que apresentam entre si pequenas diferenças.
Foram publicadas ao longo dos anos várias reedições do “Topolino” número 1, (algumas ilegais pois foram realizadas por editoras que não possuíam licença para o fazer). Voltou a ser distribuído em 1994, com o número 2000. Em abril de 2000 foi a vez do número 2. No ano de 2002 foi a própria Disney que decidiu reeditar as revistas publicadas em 1949 e 1950.
Para os primeiros números Guido Martina e Angelo Bioletto contribuíram com 3 histórias, a segunda das quais com o título “L’Inferno di Topolino” inaugurou a série “Grandi Parodie”. As histórias desta série eram adaptações de clássicos da literatura e começaram a ser publicadas a partir do número 7.
Capa do “Topolino” #7
A revista manteve o tom pedagógico do seu antecessor, bem como algumas particularidades que ressaltavam a formação “humanista” das revistas para rapazes daquela época.
Um exemplo desta atitude era a normalização lexical efetuada sobre os diálogos originais. Na América eram usados muitas formas abreviadas e Pateta e João Bafo-de-Onça exprimiam-se de forma que revelava baixa instrução. Nas edições italianas, ao invés, os personagens exprimem-se sempre com a máxima correção.
Claro que assim se perderam na tradução os jogos de palavras bem como os termos e situações não relacionadas com a cultura italiana da época. A tradução era manipulada para evitar qualquer referência a notícias da atualidade, sobretudo no que dizia respeito a política internacional. Na Itália dessa época eram quase hegemônicas as orientações pedagógicas da Igreja Católica que determinavam que a política devia estar afastada das publicações infantis.
Em virtude da evolução das vendas a Mondadori (através de Mario Gentilini) decidiu passar a periodicidade para quinzenal, mantendo o número de páginas e o preço, o que aconteceu a partir do número 40, de 10 de abril de 1952.
Para cobrir as necessidades acrescidas de material para publicar teve de encerrar a série “Gli Albi Tascabili di Topolino” e, acima de tudo, teve que ser aumentada a produção italiana de histórias Disney. Começaram a colaborar em “Topolino”, para além do já citado Guido Martina, Giuseppe Perego, Luciano Bottaro, Romano Scarpa, Giovan Battista Carpi, Giulio Chierchini e Pier Lorenzo De Vita (este já tinha participado com histórias non-Disney em “Topolino giornale”).
Em maio de 1954 permaneciam nas bancas duas publicações Disney, ambas prenchidas com novas histórias (“Topolino” e “Albi d’Oro”).
A partir do número 236, de junho de 1960, “Topolino” retornou à periodicidade semanal que havia abandonado em 1949. As razões econômicas que tinham ditado aquela opção já não faziam sentido numa Itália em pleno boom económico. Nesse ano “Topolino” ultrapassou as tiragens médias de 300.000 cópias por número.
Curiosidades: o número 480, de 7 de fevereiro de 1965, não foi publicado devido a uma greve e a numeração saltou do 479 para o 481. O mesmo aconteceu com o número 1370, de 28 de fevereiro de 1982, e com o 1531, de 31 de março de 1985. Com o número 2009 a data de publicação passou de domingo para terça-feira.
Nos primeiros anos do decênio “Topolino” passou a ter todas as páginas em cores, solução cara que mais nenhuma revista para jovens podia ter. “Topolino” era o periódico de quadrinhos mais lido de Itália.
O número de histórias produzidas na Itália aumentou consideravelmente. Entre 1960 e 1969 foram produzidas 1.200 (800 dos patos). Como era habitual nas publicações Disney as histórias eram anônimas mas, a partir de 1962, por vezes aparecia na primeira página das histórias uma sigla A.M. (Arnoldo Mondadori).
Este aumento da quantidade de histórias levou ao aparecimento de uma nova leva de autores (Rodolfo Cimino e Pier Carpi) e de desenhistas (Giorgio Cavazzano, Massimo de Vita, Luciano Gatto e Giorgio Bordini).
Em “Topolino” surgiu uma história de quadrinhos patrocinada pela Fiat, associada ao lançamento do modelo 850: “Paperino e la 850”, uma aventura desenhada por Carpi em 1964 que constitui o primeiro exemplo de propaganda comercial veiculada pelos quadrinhos Disney. Foi publicada desde o número 455 até ao número 464.
Por esta época, na Itália, estava iminente o regresso da censura aos quadrinhos. Este processo tivera início em 1951 com a tentativa de instituir uma espécie de censura preventiva.
Nota: este projeto de lei era de dois deputados da Democracia Cristã que encontrou apoio inesperado no Partido Comunista Italiano que condenava “os quadrinhos enquanto portadores de uma visão individualista e irreal da vida...”
A batalha moralizadora era conduzida contra os excessos de linguagem, violência e todas as situações que contribuissem para a deseducação das crianças!
Falharam várias tentativas, mas em 1962 na capa das principais revistas de quadrinhos surgiu a marca MG (Garanzia Morale). Simultaneamente foram realizadas várias alterações nas histórias e nos diálogos, de forma a eliminar as expressões e desenhos considerados “excessivos”.
Esta experiência da “Garanzia Morale” terminou em 1967.
A partir do número 700, de 1969, passaram a ser mencionados os colaboradores (roteiristas e desenhistas) na Ficha Técnica, no verso da capa, embora não associados às histórias.
Em julho de 1966 “Topolino” foi acompanhado por um volume de capa dura com histórias do Mickey, criadas antes da guerra por Floyd Gottfredson. “Omaggio abbonati” foi uma oferta aos assinantes. Nos anos seguintes houve outros volumes oferecidos, com histórias de Gottfredson e Taliaferro, entre outros.
No final da década de 1960 o número de cópias vendidas por semana situava-se nas 800.000.
No entanto o declínio de produção que já se verificava nos EUA propagou-se a Itália. Assim a necessidade de abastecer o mercado europeu conduziu a uma produção em série que levou os artistas a estilos repetitivos.
É nesta fase que Giorgio Cavazzano atinge a maturidade como autor e Massimo de Vita e Marco Rota produzem histórias interessantes.
Em 1969 nasce Paperinik e em 1970 “Storia e Gloria della dinastia dei Paperi”, que foi a mais longa aventura com personagens Disney até aí desenhada (275 páginas).
Nos anos 1970 foram cerca de 1.300 as histórias produzidas em Itália. Nesta década a tiragem ultrapassou o milhão de cópias. Os picos de vendas foram atingidos em sucessivos anos nos meses de abril e maio, que também recebiam as iniciativas promocionais mais importantes, inclusive com a oferta de brindes.
Em julho de 1988 deu-se oficialmente a passagem da Mondadori para The Walt Disney Company Italia.
No verão de 1989 foi oferecido um relógio digital em plástico biodegradável. As vendas pela primeira vez em vários anos chegaram às 600.000 cópias. No outono do mesmo ano pela primeira vez foi usada a televisão para promover “Topolino”.
Entusiasmados com o que se passara em 1989, ano após ano foram realizadas campanhas publicitárias televisivas. Em 1990 770.000 cópias. Em julho de 1993, com o número 1965, o recorde:1.100.285 que nunca mais foi atingido!
Capas do #1963 e #1965
A necessidade de mais histórias para “Topolino” e outras publicações levou à transformação da Università Disney numa verdadeira Academia que entrou em funcionamento em 1993, em Milão, sob a direção de Carpi. A Accademia Disney é a única escola na Itália que assume um compromisso de profissionalismo no campo dos quadrinhos. Por isso a seleção é muito rígida e é exigida muita motivação: é indispensável que a sua participação produza um verdadeiro autor, num campo muito variado desde a produção gráfica 3D avançada até à roteirização.
A partir de janeiro de 1994 “Topolino” nunca mais publicou histórias não italianas, salvo excepções devidas a ocasiões especiais.
Em 27 de março de 1994 foi publicado o “Topolino” número 2000.
Entretanto o enfraquecimento das vendas de “Topolino” levou a que a orientação da revista tivesse passado para o público até 13 anos. O último número de 1998 passou a apresentar uma nova imagem não só gráfica como de conteúdos.
Pelos 50 anos do formato de bolso “Topolino” vendeu 300.000 cópias, número considerável mas longe da “época de ouro”.
À sua volta floresceram cerca de 30 títulos mensais, todos destinados a públicos bem determinados.
Em 2002 foram produzidas na Itália 17.000 pranchas. Se nos anos 1950 colaboravam em “Topolino” 6 desenhistas, em 2000 eram 150, entre desenhistas e roteiristas.
Na continuação de “Albi d’Oro” saíu em janeiro de 1957 o que é considerado oficialmente o número 1 de“Almanacco Topolino” publicado pela Mondadori.
O cabeçalho “Almanacco (di) Topolino” foi usado em edições especiais desde os anos 1930. No final de 1956 passou a mensal e Almanacco Topolino passou a ter grande destaque na capa. O seu formato era 180x250mm (um pouco maior que o “Topolino”) e tinha entre 68 e 132 páginas. Publicava essencialmente histórias estrangeiras, uma vez que o seu maior formato permitia o uso de quatro filas de quadrinhos em cada página (normalmente grande parte das revistas italianas só usavam três filas por página). Desta forma não era necessário proceder à remontagem que sempre foi realizada para “Topolino”. A série manteve o logotipo “Albi d’Oro” por algum tempo e, em vez da numeração progressiva, adotou uma numeração indexada ao ano, tal como o seu antecessor. Assim se manteve até janeiro de 1970. Nessa edição assumiu o número 157, ou seja, uma numeração reportada à revista de janeiro de 1957 (que seria o número 1). “Almanacco Topolino” terminou com o número 336, de dezembro de 1984. Em janeiro de 1985 passou a denominar-se “Mega Almanacco”. O formato passou a ser menor e começou a publicar histórias produzidas no Brasil e na Dinamarca. Mais tarde, em abril de 1992 (do número 424 ao 520) passou a “Mega 2000”, no ano 2000 (do número 521 ao 595 em julho de 2006) “Mega 3000” e finalmente “Mega” a partir de agosto de 2006, publicando principalmente histórias produzidas na Dinamarca pela Egmont.
Capa #1 (1 janeiro 1957)capas #4 e #12 (meu alter ego esquilo)capa #17 (esquilos)
Capa #457capa #537capa #596
“Almanacco Topolino” voltou em abril de 1999, bi-mensal, com reimpressão de material antigo mas foram editados apenas 13 números trimestrais até março de 2002.
A morte de Walt Disney foi anunciada em Itália, em 25 de dezembro de 1966, na capa do semanário “Epoca”, da Mondadori, desenhada por Carpi. Mickey junto a uma árvore de Natal estava em lágrimas chorando o seu criador de forma incrivelmente humana (no dia anterior tinha sido capa do “Paris-Match” um desenho de Pierre Nicholas onde se podia ver Mickey chorando).
Capa #377
No ano de 1954 nasceu uma nova série dedicada às reimpressões: “Albi della Rosa”. Quinzenal no início rapidamente passou a semanal, com as melhores histórias já publicadas principalmente em “Topolino”.
“Albi della Rosa” passou a “Albi di Topolino” em janeiro de 1967, no número 635, mantendo a numeração progressiva. Com as dimensões de 140x185mm e entre 32 e 52 páginas.
“Albi di Topolino” terminou com o número 1430 em abril de 1982.
Capa #2
Em dezembro de 1957 começou a ser publicado “I Classici di Walt Disney”. Esta não era uma série regular. O título referia-se não a clássicos de quadrinhos mas às histórias que representavam a adaptação dos clássicos da literatura publicados nos anos precedentes em “Topolino”.
Capa #7
No início de 1967 surgiu nas bancas o primeiro fascículo de “Le Grandi Storie di Walt Disney”. Apresentava formato horizontal e reeditou histórias de Gottfredson com o Mickey que haviam sido publicadas nos anos 1930. Só foram publicados 19 números e 2 suplementos.
Capa #170
Em agosto de 1998 iniciou-se a publicação de alguns livros de bolso, na série Oscar Mondadori, as mais belas histórias de Carl Barks.
Talvez pela primeira vez no mundo, numa publicação oficial vem citado na introdução o nome de Carl Barks.
Nos anos seguintes outros volumes se seguiram dedicados a Floyd Gottfredson, a Carl Barks e a outros.
Entre 1970 e 1974 “Il Topolino d’Oro” reeditou por ordem cronológica, em 33 álbuns, quase tudo quanto havia sido publicado de 1930 a 1945 (sequela de “Le Grandi Storie”).
Capa “Io, Topolino”
“Io, Topolino” marcou o início da publicação de um conjunto de 29 álbuns de capa dura. Volumes de grande formato que foram publicados desde 1970 até 1997. Esta coleção terminou devido a uma disputa de direitos entre a Mondadori e a Disney.
Também entre 1971 e 1973 foram publicados sete álbuns cartonados com a denominação “I Grandi Classici di Walt Disney”, alguns deles publicando aventuras de “Grandi Parodie”.
Capa #33 (2.ª série)
“Super Almanacco Paperino” teve 17 edições de dezembro de 1976 a 1980.
Foi seguido por "Super Almanacco di Paperino”, de periodicidade aproximadamente bimensal, 196 páginas e 170x255mm, que teve 66 edições entre julho de 1980 e 1985. A 2.ª série recomeçou a numeração a partir do 1 e foi dedicada a reedições de “Almanacco Topolino”. A partir do número 55, em janeiro de 1985, passou a “Super Almanacco”.
Capa #148
“Paperino Mese” foi o sucessor de “Super Almanacco”, em janeiro de 1986, no número 67.
Mensal desde 1985, com 228 páginas e 139x210mm. Reeditou várias histórias de Barks. No final de 1987 o passou a formato de bolso.
“Paperino Mese” passou a “Paperino” em setembro de 1994.
Capa #1
“I Classici di Walt Disney” (segunda série) com periodicidade mensal, 124x185mm e 244 páginas. Lançado em 1977 com histórias já publicadas anteriormente em “Topolino” até meados dos anos 1980.
Ainda está em atividade
Capa #152
“I Grandi Classici Disney” 124x185, 356 páginas mensal de junho de 1980 e ainda se publica. Publica as melhores entre as melhores das histórias saídas em “Topolino”.
Em janeiro de 1977 “I Classici di Walt Disney” tornou-se regular, com numeração que recomeça no número 1 (após 71 números da primeira série) e periodicidade mensal.
Em junho de 1980 “I Grandi Classici di Walt Disney” com 450 páginas e atualmente 356. Em 1982 passou a trimestral, aproveitando o fecho de “Albi di Topolino”.
Capa #1
“Paperino e C.”, que se tornou apenas “Paperino” no número 57, foi publicado entre julho de 1981 e outubro de 1983, com periodicidade semanal e depois quinzenal.
Capa #4
“Disney Lingua Latina” publicado por European Language Institution. Foram editados 6 álbuns de capa dura 225x293mm, com 40 páginas, entre 1984 e 1986, com histórias longas produzidas na Itália e em latim. Aparentemente não existem no mundo outras histórias Disney publicadas em latim.
Capa #1
“Zio Paperone” teve 14 números regulares mais três especiais dedicados ao Pato Donald (“Zio Paperone speciale Paperino”), publicados entre dezembro de 1987 e dezembro de 1988, onde se pretendia publicar integralmente a obra de Carl Barks (considerada a Carl Barks Library oficial italiana).
Tinha periodicidade mensal, 100 páginas e 169x240mm.
A publicação foi retomada com o número 15 que saíu em dezembro de 1990. A partir do número 70 foram reeditadas as histórias de Barks dos primeiros números e os trabalhos de alguns “herdeiros” de Barks: Branca, Vicar, Milton, Jippes, Rot, Scarpa e Don Rosa.
Terminou no número 216 em agosto de 2008. O cancelamento foi ditado pelas baixas vendas.
Capa #20
“Cip & Ciop” é uma revista mensal com 210x 280mm e 56 páginas (quando começou eram 40). Tem periodicidade mensal e iniciou a publicação em novembro de 1989
Capa #1
Publicada entre maio de 1991 e fevereiro de 2000 “Topo Mystery” tinha 244 páginas e130x185mm. Teve 73 números. Inicialmente bimensal, a partir do número 14 passou a mensal e novamente bimensal a partir do 54.
Mickey aparece como detetive. Na promoção desta revista os leitores eram encorajados a encontrar palavras escondidas na revista com um descodificador especial que era distribuído com a revista e permitia ver essas palavras. Os leitores deveriam usá-las para escrever histórias de mistério das quais a revista escolheria as melhores para publicação.
Capa #68
“Le Grandi Parodie” tinha 60 páginas, periodicidade bimensal e teve 78 números publicados entre julho de 1992 e fevereiro de 2001
Apresentava as histórias longas de origem italiana, usualmente uma por edição.
As primeiras páginas eram dedicadas a informação acerca das histórias da respectiva edição. A partir do número 30 foi publicado com capa dura e a partir de número 72, de fevereiro de 2000, passou a apresentar o sub-título “Pippoparodie”, com o Pateta representando personagens históricos.
Capa #1
“Minni & Company” foi o primeiro periódico Disney explicitamente dedicado ao público feminino. Iniciou a publicação em 1993. Tinha 192 páginas e 140x205mm.
Até 2001 foram publicadas 94 revistas mensais.
Foi a primeira revista italiana a ser completamente impressa em 5 cores. No primeiro número essa cor era o prateado e no segundo foi o dourado.
Capa #1
Entre novembro de 1993 e novembro de 1999 foi publicada uma nova série de “Albi di Topolino”. Era mensal e teve 73 números de 68 páginas e 140x185mm.
Capa #20
“Super Disney” no início era mensal mas depois tornou-se irregular. Publicada desde 1994 com 228 páginas e 140x185mm.
Cada edição é dedicada a um personagem Disney, com histórias anteriormente publicadas em “Topolino”.
Capa #1
“GM - Giovani Marmotte” teve 63 números publicados de fevereiro de 1995 a março de 2000.Mensal, tinha 132 páginas e com as dimensões de 140x201mm. Esta revista além das histórias de quadrinhos focava essencialmente temas relacionados com o ambiente e a natureza.
“GM Magazine” continuou a partir de abril de 2000. Foram editados 6 números até setembro de 2000 de 52 páginas e com 190x260mm.
Nesta fase a editora passou a tentar que cada revista atingisse um público diferenciado por idade, sexo, gosto e interesse.
Capa #18
Em publicação desde 1995 “Tutto Disney” tem 384 páginas e as dimensões 170x240mm. Com periodicidade irregular, teve 49 números. Último foi publicado em dezembro de 2009.
Reedição de histórias de Carl Barks, Don Rosa e outros.
Capa #5
“Topolino Adventure” foi bimensal, de 132 páginas e 140x200mm, foram publicados 20 números, entre novembro de 1995 e maio de 1998.
Nota: “Topolino Adventure” tem uma história interessante. Em 1991 foi publicado “Topo Mistery” que inspirou o lançamento de “Mickey Mistery”, na França. Face ao sucesso alcançado a Disney Hachette Presse, em 1993, decidiu lançar "Mickey Adventures”. Por outro lado “Mickey Adventures” inspirou o lançamento de “Topolino Adventure”.
Capa #31
Em março de 1996 saiu o número 0 de PKNA “Paperinik New Adventures”, com cerca de de 160.000 cópias, que no futuro estabilizaram por volta das 100.000.
“PK Paperinik New Adventures” ou, abreviadamente, “PK”. Tinha 80 páginas e 170x260mm. Saíram 49 números até 2001, com periodicidade mensal. Histórias italianas de ficção científica com Donald como super herói. Foram publicados três números experimentais (01, 02 e 03) com vendas bastante interessantes que permitiram perceber qual seria a reação dos leitores face à nova publicação.
Capa #9
Desde fevereiro de 1997, com periodicidade trimestral, tem sido publicado “I Maestri Disney”, com 196 páginas e 170x240mm. Iniciou-se com Giovan Battista Carpi e é especialmente dedicada aos Grandes Mestres Disney italianos, mas também já incluíu Paul Murry e Floyd Gottfredson. Também costuma publicar textos dedicados aos mestres, apresentando informações e detalhes pouco conhecidos sobre a sua vida e obra. Até janeiro de 2009 saíram 37 números.
Algumas edições estão disponíveis em álbuns de luxo com capa dura que receberam o título “I Maestri Disney Oro”.
Em maio de 1999 saíu “Mickey Mouse Mistery Magazine”, um novo título, bimensal, com 84 páginas e 170x255mm. Mickey era apresentado como um detetive e as histórias apresentavam uma razoável dose de violência e linguagem imprópria que não era habitual nos quadrinhos Disney. O design era mais adulto e de certa forma lembrava os super heróis da Marvel. Apresentou belos desenhos na capa, que se prolongavam pela contracapa.
Em março de 2001 foi suspenso após 11 edições.
Capa e contracapa #5
Capa #1
Revista mensal de 52 páginas e 210x280mm “Principesse Disney” é publicada desde março de 2000.
É dirigida ao público feminino.
Capa #15
Desde 2000 que é publicada “Disney A Punto Croce”. Revista dedicada a bordados e ponto-cruz com temas relacionados com personagens Disney. É bimensal, tem 36 páginas e 220x290mm.
Nota: Não é uma revista de quadrinhos, mas me perdoem que a esta eu não resisto: Dona Zézinha, minha extraordinária mãe e de quem eu “herdei” o gosto pelos quadrinhos, se tivesse possibilidade de comprá-las não resistiria. O mundo dos bordados, por um lado e das figurinhas Disney por outro? Eu hoje estaria rodeado pela maior coleção mundial de figurinhas Disney em ponto cruz...
Capa #1
“PK²” era mensal, tinha 84 páginas e 170x260mm. Foram publicados 18 números, a partir de fevereiro de 2001, após o fim de “PK Paperinik New Adventures”.
“PK2” não atingiu os objetivos e terminou em julho de 2002.
Foi seguido por “PK Pikappa”.
Capa #1
“Minni amica del Cuore” sucedeu a “Minni & Company”, mensal, com 132 páginas e 170x240mm. 63 edições entre abril de 2001 e setembro de 2008.
Capa #6
“W.I.T.C.H.” tem 84 páginas com as dimensões 170x260mm, é mensal e se publica desde abril de 2001. É destinada às meninas adolescentes.
Sâo cinco meninas humanas entre os 13 e os 14 anos, declaradamente fora do universo antropomórfico dos tradicionais quadrinhos Disney. Atingiu rapidamente as 180.000 cópias vendidas por mês, com picos de cerca de 200.000.
O primeiro país onde foi lançada foi Itália mas hoje está presente em quase todo o mundo.
Nota: apesar de o título traduzido à letra ser “bruxa” a ideia é reunir as letras iniciais do nome das cinco jovens protagonistas, que possuem cinco poderes extraordinários: Will, Irma, Taranee, Cornelia e Hay Lin. Os seus poderes mágicos podem controlar as forças da natureza: ar, água, fogo e terra.
Capa #1
“Le imperdibili” com periodicidade bimensal teve 292 páginas e 155x220mm. Publicados 33 números entre maio de 2002 e setembro de 2007.
Dedicado a reimpressões das melhores histórias italianas dos primeiros “Almanacco Topolino” (anos 1950).
Capa #985 (6)
“X Mickey” era mensal, com 84 páginas de 170x255mm. Foram publicados 30 números. Saíu em maio de 2002 e terminou no número 971 em outubro de 2004. Confusos? Não, foi lançada com o número 1000 e a numeração era mesmo assim, regressiva. Dedicada a crianças entre os 8 e os 12 anos apresentava um Mickey diferente do habitual: resolve mistérios relacionados com monstros e o desconhecido e tem por amigo Pipwolf (Pateta como lobisomem).
Entre as diversas rubricas e histórias, cada edição apresentava alguns falsos anúncios de página inteira intitulados “Disinformazione Pubblicitaria” baseada em personagens das histórias.
Capa #1
Várias publicações foram dedicadas ao tema Paperinik.
“Paperinik e altri supereroi”bimensal de 244 páginas, desde março de 1993 e com 130x185mm.
“PK Pikappa” mensal de 84 páginas com 170x255mm e publicadas 32 revistas de 2002 a 2005.
“Paperinik New Adventures Reloaded” desde março de 2005, mensal de 80 páginas e 170x260mm. Reeditou histórias das séries anteriores.
“Paperinik Cult” mensal de 228 páginas com 117x168mm e é publicada desde maio de 2005
“Paperinik Ultimate Collection” desde 2007 que reedita histórias de Paperinik e tem 212 páginas.
Capa #1
“I Giganti di Topolino” 6 números desde julho de 2005 até agosto de 2006. Bimensal, 244 páginas e 210x297mm.
Foi impresso em papel fino e apenas em preto, tornando o seu preço realmente económico.
Capa #1
“Topo Goool!” mensal, desde 2006 e de 220 páginas, com 140x200mm. Publica histórias italianas relacionadas com futebol.
Capa #1
“I Classici della Letteratura” foram 30 números oferta de Corriere della Sera, entre maio e novembro de 2006. Tinha 200 páginas e reeditadas as adaptações de clássicos da literatura universal.
Capa #1
“Disney BIG”revista mensal de mais de 500 páginas. Lançada em maio de 2008.
Capa #1
48 edições semanais no ano de 2008 representando uma versão italiana de Carl Barks Library, “La Grande Dinastia dei Paperi”. Apresentou toda a obra do lendário “Homem dos Patos” em 196 páginas e numa ordem aproximadamente cronológica, ao preço de 7,90€.
Em julho de 1988 nasceu a Walt Disney Company Italia, quando a Disney decidiu assumir o setor dos quadrinhos, e a Mondadori saíu de cena.
Nessa altura estavam em publicação 7 revistas Disney, sendo que as únicas a publicar originais italianos eram “Topolino” e “Paperino Mese”.
Enquanto estas notas poderão dar a ideia de que na Itália as perspectivas dos quadrinhos eram risonhas por se encontrarem em expansão, a verdade é que em 1984 as publicações americanas foram suspensas e retomadas em 1986 pela Gladstone, mas com produção original limitadíssima.
Em 1998 fecharam as portas todos os títulos que a Gladstone detinha. Mais tarde a Gemstone (EUA) iniciou a publicação de alguns títulos, publicação essa que terminou em novembro de 2008, quando abandonou os quadrinhos Disney. No Brasil fecharam alguns títulos, em Portugal já não se publicam, Espanha está com vendas em queda, a França também. Na Itália as vendas estão longe do auge e até títulos como “Zio Paperone” encerraram.
Agora que a maior parte dos “Grandes Mestres Disney” já se foram (na verdade os “monstros sagrados” dos quadrinhos europeus e em especial dos franco-belgas também já se foram) será que nós, amantes dos quadrinhos Disney, quais dinossauros, estaremos condenados à extinção, dando razão às palavras do Mestre maior, Carl Barks, quando afirmou que no futuro ninguém leria histórias de quadrinhos por causa da diversificação dos modos de divertimento?