Destino da Camelotagem
Por Antônio Francisco Sousa Em: 02/03/2006, às 21H00
Meses atrás, gentilmente, este jornal publicou texto nosso em que manifestávamos, jocosamente, sugestão aos governantes municipais de como melhorar a situação de nossas praças e calçadões centrais, afastando dali, por muito tempo, os que se fazem passar por camelôs natos, mas que, na verdade são prestadores de serviços a comerciantes varejistas ou atacadistas que preferem esse tipo de contratação informal a transformá-los em empregados formais, eis que teriam de arcar com todos os encargos sociais e trabalhistas pertinentes. Nada contra a atividade de camelotagem, mas não há como não considerar um acinte, um descalabro e uma afronta aos cidadãos-contribuintes que precisam ou desejam transitar, tranqüila e seguramente no centro da cidade, o número cada vez mais prolífico e metastático de ambulantes e assemelhados na região.
A sugestão era colocar tapumes no entorno das praças onde eles se instalam mais abundantemente, mesmo porque muitas estão intransitáveis, depredadas, principalmente, por conta do acúmulo de “camelôs”; enquanto, aos poucos, sem pressa, executavam-se os trabalhos necessários. Os autênticos, sindicalizados, certamente, seus sindicatos dariam um jeito de garantir-lhes os direitos; quanto aos demais, claro que muitos perderiam o “bico”, pois somente seriam aproveitados aqueles cujos “patrões”, resolvendo assumir os ônus fiscais e trabalhistas, contratassem-nos como empregados formais. Infelizmente, existem comerciantes que, exatamente para fugir dessas obrigações, prefeririam continuar no anonimato.
Ao tempo em que essa “seleção natural” se cumpria, o governante, obrigatoriamente, pois não teria outra justificativa para não o fazer, a não ser admitir-se incompetente, poderia executar o projeto de revitalização do centro, enquanto construía o shopping do camelô, isto é, do cidadão. Transtorno por transtorno, deixar de circular em praças esburacadas e fedidas, fechadas para reforma, é melhor do que não transitar nelas por falta de segurança e de espaço físico.
Hoje, séria e não ironicamente, cremos que somente colocar tapumes nas mesmas praças não surtiria o efeito que imaginávamos à época. Haveria, agora, para conseguir-se objetivo semelhante, necessidade de isolar-se, não apenas aquelas, mas inúmeras calçadas no centro da cidade, que estão sendo invadidas e obstruídas por bancas de ambulantes. A própria rua climatizada, criada com o intuito de ser um oásis para trabalhadores e transeuntes no quente horário do almoço comercial, atualmente e, nesse horário, principalmente, vive literalmente ocupada por colônias de verdureiros, fruteiros, “tiqueteiros”, mercadores da fé, vendedores de DVDs e CDs - “alternativos” -, alimentos, de bolsas, sacolas, produtos eletrônicos, do vestuário, medicamentos e um sem-número de outras bugigangas. O comércio, ali, naquele horário, não parece, salvo honrosas exceções, seja feito por camelôs autênticos, isto é, comerciantes ambulantes proprietários do que vendem ou revendem, mas por prestadores de serviços a terceiros ou por atravessadores.
A expectativa que descortinamos, a partir da inoperância, explicável ou injustificada dos governantes em resolver os problemas apontados, parece-nos sombria para os que praticam o comércio ambulante nas áreas citadas. A continuar a proliferação de bufarinheiros na zona central de Teresina, chegará o momento em que, mantida a vontade ou intenção governamental em continuar fazendo dele (comércio) uma bandeira político-demagógica, por absoluta falta de espaço físico e de oxigenação para vendedores e clientes, não será surpresa se aquele ambiente virar palco de muita violência.
A sugestão era colocar tapumes no entorno das praças onde eles se instalam mais abundantemente, mesmo porque muitas estão intransitáveis, depredadas, principalmente, por conta do acúmulo de “camelôs”; enquanto, aos poucos, sem pressa, executavam-se os trabalhos necessários. Os autênticos, sindicalizados, certamente, seus sindicatos dariam um jeito de garantir-lhes os direitos; quanto aos demais, claro que muitos perderiam o “bico”, pois somente seriam aproveitados aqueles cujos “patrões”, resolvendo assumir os ônus fiscais e trabalhistas, contratassem-nos como empregados formais. Infelizmente, existem comerciantes que, exatamente para fugir dessas obrigações, prefeririam continuar no anonimato.
Ao tempo em que essa “seleção natural” se cumpria, o governante, obrigatoriamente, pois não teria outra justificativa para não o fazer, a não ser admitir-se incompetente, poderia executar o projeto de revitalização do centro, enquanto construía o shopping do camelô, isto é, do cidadão. Transtorno por transtorno, deixar de circular em praças esburacadas e fedidas, fechadas para reforma, é melhor do que não transitar nelas por falta de segurança e de espaço físico.
Hoje, séria e não ironicamente, cremos que somente colocar tapumes nas mesmas praças não surtiria o efeito que imaginávamos à época. Haveria, agora, para conseguir-se objetivo semelhante, necessidade de isolar-se, não apenas aquelas, mas inúmeras calçadas no centro da cidade, que estão sendo invadidas e obstruídas por bancas de ambulantes. A própria rua climatizada, criada com o intuito de ser um oásis para trabalhadores e transeuntes no quente horário do almoço comercial, atualmente e, nesse horário, principalmente, vive literalmente ocupada por colônias de verdureiros, fruteiros, “tiqueteiros”, mercadores da fé, vendedores de DVDs e CDs - “alternativos” -, alimentos, de bolsas, sacolas, produtos eletrônicos, do vestuário, medicamentos e um sem-número de outras bugigangas. O comércio, ali, naquele horário, não parece, salvo honrosas exceções, seja feito por camelôs autênticos, isto é, comerciantes ambulantes proprietários do que vendem ou revendem, mas por prestadores de serviços a terceiros ou por atravessadores.
A expectativa que descortinamos, a partir da inoperância, explicável ou injustificada dos governantes em resolver os problemas apontados, parece-nos sombria para os que praticam o comércio ambulante nas áreas citadas. A continuar a proliferação de bufarinheiros na zona central de Teresina, chegará o momento em que, mantida a vontade ou intenção governamental em continuar fazendo dele (comércio) uma bandeira político-demagógica, por absoluta falta de espaço físico e de oxigenação para vendedores e clientes, não será surpresa se aquele ambiente virar palco de muita violência.